Taxa de desemprego demora mais para ceder entre mulheres e pessoas negras ou pardas
Ofertas de emprego são anunciadas no centro de São Paulo / Foto: Divulgação
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Mesmo precária, a reação do mercado de trabalho segue favorecendo trabalhadores do sexo masculino e que se declaram brancos.
Num universo de 12,3 milhões de desempregados, as disparidades entre homens e mulheres e, principalmente, entre brancos e negros ou pardos, permanece grande.
A taxa de desemprego encerrou 2017 em 11,8% em relação a 12% registrados em igual trimestre de 2016, segundo a Pnad Contínua, do IBGE. Entre os homens o desemprego é menor: 10,5% ante 13,4% entre elas.
Se o corte for feito por cor, porém, o quadro é ainda mais preocupante.
A taxa de desemprego entre brancos (ambos os gêneros), de 9,5%, é a menor. Em contraposição, a desocupação entre pardos encerrou o ano em 13,6%, e, entre negros, chegou a 14,5%.
Chama a atenção ainda que pretos e pardos juntos representavam 63,8% dos desempregados no fim do ano passado, acima dos 62% de 2012.
Para as mulheres, houve certa melhora. Elas são 50,7% da população desocupada ante 49,3% dos homens, percentual que era de 55,5% no início da série.
Se o recorte for o rendimento, as mulheres ganham 76% do rendimento médio deles, de R$ 2.697. Já o salário de negros e pardos é 57% dos brancos, ou mais de R$ 1.100 a menos no contracheque no fim do mês. O mais curioso é que o percentual não se mexeu desde o início da série, em 2012.
Para Fernando de Holanda Barbosa Filho, do Ibre/FGV, o mercado de trabalho segue ruim para todo mundo, em uma retomada muito marcada pela informalidade.
"São 3 milhões de postos de trabalho criados a partir de março de 2017, dois terços na informalidade, em que mulheres e negros têm maior representação em razão da baixa escolaridade", diz.
De fato, trabalhadores negros estão muito presentes em setores que sofreram mais com a crise, como a construção civil e os serviços. Mas isso não explica tudo.
"Há também a discriminação e a questão da falta de oportunidades", diz Thiago Xavier, da Tendências.
Pesquisa da Fundação Seade joga mais luz sobre o problema: a diferença salarial entre negros e brancos cresce inclusive conforme sobe a escolaridade dos dois grupos.
Em São Paulo, negros com nível superior ganham 65% do salário de brancos, o que sugere que a questão vai além da qualificação.
"É preciso um processo mais amplo para mudar as coisas", afirma Xavier, que prevê taxa de desemprego média ainda alta, de 12,4% em 2018.
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