Medo que nos impede de seguir - Por Larina Rosa

“O choque do abuso nos paralisa e na maioria das vezes faz com a gente se culpe”

Receba todas as notícias gratuitamente no WhatsApp do Rondoniaovivo.com.​

Viajando de ônibus sozinha para outro município me deparei com aquele sentimento que todas nós sentimos diariamente. Aquele que foi inserido ainda criança e que infelizmente faz parte da vida de todas nós mulheres mesmo quando não queremos, o medo. 
 
É um alívio quando tem uma poltrona ao lado vazia para arriscar um cochilo durante a viagem. Mas e se por acaso algum homem sentasse do lado e tentasse me tocar sem o meu consentimento? Eu iria gritar ou travar? Se eu gritasse pode ser que ninguém tomasse partido ou acreditasse em mim. A segunda opção é a que mais acontece no nosso dia a dia. 
 
O choque do abuso nos paralisa e na maioria das vezes faz com a gente se culpe. Eu devia ter escolhido outra poltrona, ou outro ônibus, horário ou até outra vida. Funciona assim no trabalho em casos de assédio, em relações amorosas e até de amizade onde também acontece assédio, abuso e agressão. O medo é diário e muitas vezes nos impede de seguir.
 
Viver em um mundo machista, liderado por homens faz com que ações e pensamentos de culpa por abuso ou assédio persistam nos pensamentos de mulheres antes de denunciar. A notícia de liberdade provisória do jogador condenado por estupro que pagou fiança para sair da prisão é um recado para homens violentarem mulheres e continuarem impunes. 
 
Mais uma vez precificaram o valor do estupro e chamaram de justiça. É mais um exemplo de que mesmo quando alguém faça algo contra a nossa vontade somos responsabilizadas por tamanha covardia.
 
“Se ele fez isso é porque deu abertura, ou o seu desconforto com a ação do outro não é necessário”. São esses e outros piores confortos recebidos, às vezes até por outras mulheres, vítimas do machismo.
 
Precisamos aprender a tomar partido da dor do outro e de leis mais severas em casos de abusos ou assédio contra mulheres. São ações solidárias que nos fazem humanos e mudam nossos costumes. Ninguém sentou do meu lado durante a viagem e nem sequer sofri abuso, assédio nem agressão. Mas e se tivesse? Quanto vale minha dignidade?
 
Deixo aqui toda minha solidariedade às mulheres que já passaram por casos parecidos e não viram seus agressores sendo punidos. Haverá um dia que qualquer ato de abuso ou importunação não será tolerado, e a violência sobre os nossos corpos também não será precificada. Até lá só nos resta reivindicar leis mais severas para tentar transformar a cultura de que ainda hoje não merecemos respeito.
Direito ao esquecimento

A política de comentários em notícias do site da Rondoniaovivo.com valoriza os assinantes do jornal, que podem fazer comentários sobre todos os temas em todos os links.

Caso você já seja nosso assinante Clique aqui para fazer o login, para que você possa comentar em qualquer conteúdo. Se ainda não é nosso assinante Clique aqui e faça sua assinatura agora!

Você é a favor do fim da escala 6x1?
Como você avalia o atendimento da Azul Linhas Aéreas em Rondônia?

* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!

MAIS NOTÍCIAS

Por Editoria

PRIMEIRA PÁGINA

CLASSIFICADOS veja mais

EMPREGOS

PUBLICAÇÕES LEGAIS

DESTAQUES EMPRESARIAIS

EVENTOS