*Por Folha Jovem - João Albuquerque
Quando deixava a capital de São Paulo ainda menino rumo à cidade do interior paulista Indaiatuba para curtir as férias, Thiago Nishida , 31, sabia que nos intervalos das brincadeiras teria outra diversão: Observar sua avó preparar comida japonesa.
O que o garoto não sabia é que naquele dia em que dona Kimie o convidou para lhe auxiliar na preparação de um dos pratos típicos do Japão de onde ela saiu ainda criança, estava abençoando o futuro profissional do neto como um respeitado chefe de cozinha.
Ele até tentou fugir dos desígnios do destino passando no vestibular de engenharia da computação, mas não demorou a se entregar a paixão de infância e abandou a faculdade depois de dois anos, tentando ser feliz no mundo tecnológico.
Chegou a trabalhar numa empresa de informática, mas rapidamente trocou os computadores pelos temperos e o capricho dos pratos. “Fiquei apenas seis meses na Microsoft e vi que aquilo não era pra mim”, recorda.
Logo que deixou esse emprego foi convidado para trabalhar num restaurante japonês por um período de quinze dias, mas acabou ficando seis meses, e finalmente abraçou definitivamente a verdadeira vocação, matriculando – se na primeira universidade de gastronomia de São Paulo.
No primeiro ano do curso, Thiago teve a oportunidade de conhecer Olivier Anquier, notável chefe Francês que fez fama no Brasil como um dos melhores cozinheiros e se notabilizou, inclusive em programas de TV.
"Sai do restaurante Japonês e fui prestar consultoria com Olivier para empresas, entre as quais o Oscar Café e Bistrô na Oscar Freire nos jardins, um dos endereços mais nobres de São Paulo”, conta o jovem empreendedor que foi indicado pelo patrão famoso para ser o chefe de cozinha do hotel Blue Tree Towers também na capital paulista.
Depois de vivenciar as pompas e circunstâncias do glamour em que se transformou a gastronomia nos últimos anos, ele conheceu de perto uma peculiaridade da função de cozinhar que nem sempre recebe a notabilidade dos holofotes.
“Fui trabalhar no Hospital Nossa Senhora de Lourdes com o desafio de preparar comida para quem tem alimentação limitada, ou seja, liquida pastosa, sem sal entre outros cuidados”. Preocupado com o paladar dos pacientes, visitava com freqüência cada quarto sempre querendo saber o que eles gostavam de comer.
Para ele, o chefe de cozinha é como se fosse o pai ou a mãe de quem consomem os seus pratos. Esse carinho com o público é tamanho que sentiu a falta do calor humano do Brasil quando passou temporadas em países como Estados Unidos, Suiça, Itália, Alemanha, França e Holanda.
“Adoro o brasileiro porque conversam com agente nos dando atenção”, frisa o moço que hoje é consultor da empresa J Macedo que administra marcas famosas, entre as quais, Dona Benta.
Sua função é ministrar capacitação pelo Brasil, orientando como os produtos da empresa que representa podem ser preparados da melhor forma possível.
Nesse trabalho é muito feliz porque sempre está em contato com o público, mas seu grande sonho é abrir um restaurante íntimo para apenas sessenta pessoas.
A meta conforme Thiago é atender pouca gente, mas com qualidade. “Adoro cuidar e servir”, diz sorridente o simpático chef, revelando a receita do seu merecido sucesso.