Ao fazer uso da Tribuna do Senado Federal nesta segunda-feira, 4, o senador Confúcio Moura (MDB-RO) afirmou que mesmo com desenvolvimento tardio, o Brasil pode conduzir o mundo na solução de um das maiores e mais urgentes necessidade dos tempos modernos: a transição energética.
“Hoje vou falar sobre energia. Lá atrás, no início do século XX, no Rio de Janeiro e em muitas cidades avançadas do país, a energia nas ruas era com lampião de gás: Todo dia, ia o acendedor de lampiões ligando, poste a poste, a energia nas cidades desenvolvidas do Brasil. O tempo foi passando e quando atravessamos a década de 40, os anos 50, eu era menino, mas me lembro bem como a gente tinha energia no interior do Brasil: a energia a lamparina”, relembrou o parlamentar.
Segundo o senador, as fontes de energia vão se ajustando à modernização e evolução da sociedade, e claro, ao avanço tecnológico. “Nunca imaginávamos essas coisas de evolução de energia no Brasil. Mais tarde, quando eu cheguei a Rondônia, na década de 70, as cidades rondonienses eram iluminadas com motores estacionários a diesel. Todos nós das cidades de Rondônia tínhamos a hora da luz, por três ou quatro horas. E era só isso. E nós nos acostumávamos com aquilo”, continuou.
Com o surgimento da energia hidrelétrica, foi possível popularizar um pouco mais o acesso, chegando até as periferias das cidades mais estruturadas. No entanto, os cabos não chegaram às comunidades rurais. “Entramos no mundo das energias por Hidrelétricas, por quedas d'água. Foi um avanço extraordinário, o Brasil evoluiu muito com as energias das usinas hidrelétricas brasileiras. Hoje, em Rondônia, por exemplo, o estado que represento, produzimos energia para todo o Brasil. A energia produzida por nossas usinas hidrelétricas de Rondônia entra no sistema nacional, que distribui energia para o país todo”, disse Confúcio Moura.
Mas, segundo o senador, como tudo que envolve tecnologia, há saltos, mudanças rápidas e surpreendentes. “Entramos nos anos 60 e 70: além das formas de energia hidrelétrica, das termoelétricas, também surgiu aquela epopeia da energia nuclear. Só se falava em Angra I, Angra II, energia por isótopos de urânio; e era o que se falava no Brasil. A gente tinha muito medo, porque a bomba atômica também era construída de urânio, e daí o medo da radioatividade. Para mim, que não sou da área, foi um grande fracasso. Não expandiu”, avaliou o parlamentar.
Com o agravamento da crise climática produzida pela crescente emissão de gás carbônico na atmosfera, o mundo se deparou com a necessidade de encontrar soluções para reduzir a poluição que coloca em risco a própria existência humana.
“Hoje estamos falando de hidrogênio verde. Mas por que o hidrogênio verde é tão importante? É o combustível do futuro de baixa emissão. Por isso é uma tendência mundialmente aceita e extremamente necessária na preservação do planeta. Até 2050, os investimentos em hidrogênio podem impactar o PIB em R$ 7 trilhões. Se atrairmos investimentos para o Brasil, na ordem de R$200 bilhões, aumentaremos em 4% do PIB. Isto insere o Brasil na nova ordem econômica mundial, em igualdade com nações desenvolvidas, pela competitividade brasileira através da geração de energia elétrica renovável. O Brasil tem potencial de fazer do hidrogênio verde o nosso principal vetor energético”, avalia o senador.
No entanto, o senador avalia que o Brasil tem que ter ousadia, não pode errar novamente. “Nós temos que tirar o pé do chão. O Brasil não pode novamente ficar para trás diante de tamanha oportunidade. E o que precisamos fazer? Primeiro priorizar a pauta legislativa e o cumprimento das metas e dos acordos sustentáveis mundiais, estabelecer o arcabouço legal necessário, avançar na política pública de incentivos concretos, induzir demanda doméstica pelo hidrogênio verde; priorizar os leilões de transmissão para atender o futuro do hidrogênio verde. E os próximos passos nós vamos construindo, aos poucos”, sugeriu.
Ao concluir, Confúcio Moura, alertou para o que está ocorrendo no mundo, em relação ao hidrogênio verde. “O Brasil pode se tornar o grande líder mundial, mas outros países estão oferecendo incentivos agressivos: Estados Unidos, Japão, Europa. As vantagens competitivas são temporárias. É agora ou nunca! Vamos ao desenvolvimento com o combustível do futuro, que é potencialmente nosso”, concluiu Confúcio Moura