Delação expõe 'lavagem de dinheiro na Justiça Eleitoral' diz Gilmar Mendes
Foto: Divulgação
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Nesta quinta-feira (7), em mais um vazamento na Operação Lava Jato, a empreiteira Andrade Gutierrez indicou que doou legalmente recursos provenientes de propina nas eleições de 2010 e 2014 da presidente Dilma Rousseff. Em entrevista ao UOL, o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes mostra preocupação com o fato, classificado por ele como inédito e que, segundo o próprio, tem sido chamado de “lavagem de dinheiro na Justiça Eleitoral”.
“É um outro tipo de configuração, é uma situação muito séria. Isso obriga a discutir a reforma não só do sistema de financiamento eleitoral, mas do sistema político como um todo.”
Vazamentos na Operação Lava Jato
Apesar de frisar a gravidade do conteúdo da delação da Andrade Gutierrez, o ministro adota uma posição crítica em relação aos vazamentos de delações e grampos telefônicos na Operação Lava Jato. Para ele, há abusos e falta eficácia à legislação para conter as informações sigilosas.
“O grande problema é que muitas pessoas acabam tendo conhecimento de uma informação sigilosa. A partir daí, há uma enorme dificuldade em identificar o responsável. Isso não é o ideal, precisa ser criticado, censurado. As normas sobre isso não são dotadas de eficácia: se instaura um processo, uma investigação, e não se chega a lugar nenhum. Há fatores como o sigilo de fontes da imprensa. É algo extremamente complicado, mas é claro que em um quadro de normalidade precisamos discutir isso.”
A partir de maio, Mendes passará a presidir o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Perante o órgão tramitam quatro ações que versam sobre a cassação da chapa da presidente Dilma Rousseff e do vice Michel Temer, tendo como argumento dinheiro ilícito nas doações para a campanha –se julgadas procedentes, resultariam em novas eleições.
À reportagem, o ministro minimiza um possível conflito entre Poder Legislativo e Poder Judiciário. Na última terça-feira, o também ministro do STF Marco Aurélio Mello determinou que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), desse seguimento a um pedido de impeachment contra o vice-presidente Michel Temer.
“A gente está em um Estado de democracia já maduro, é normal. O ambiente político, às vezes, de alguma forma acaba por afetar. Somos pessoas com muita experiência, mas somos de carne e osso. Às vezes temos aí conflitos, mas tudo depois volta ao normal, temos a noção da institucionalidade. De vez em quando pressões sobem, recursos da retórica são exacerbados. De decisão eventualmente equivocada se recorre, submete-se ao plenário. O Supremo se manifesta e se resolve.”
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