A saúde pública está doente - Por Valdemir Caldas

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Foto: Divulgação

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Por sugestão do vereador Eduardo Carlos, a Câmara Municipal de Porto Velho realizou, nesta terça-feira, uma audiência pública, para discutir alternativas que contribuam para minimizar a crise por que passa o setor da saúde estadual e municipal.

Participaram da reunião, representantes da OAB-RO, do Ministério Público, da Secretaria de Estado da Saúde, os diretores dos hospitais Ary Pinheiro e João Paulo II, os secretários municipais da saúde e educação, além de membros do conselho estadual de saúde e do presidente do Sintero Saúde, dentre outras autoridades.

Dizer-se que a saúde pública vai de mal a pior, não é nenhuma novidade. Nem há qualquer ingrediente novo nas dificuldades que, mais uma vez, afetam hospitais, policlínicas e postos de saúde da cidade. Os próprios diretores do HB e do João Paulo II tiveram a grandeza de reconhecer que o sistema está falido. E que a União, o Estado e os Municípios precisam unir forças para evitar que o paciente acabe na UTI.

O noticiário a respeito da falta de leitos e medicamentos, da má remuneração dos profissionais, do sucateamento de equipamentos, da insuficiência de pessoal e muitos outros fatores de ineficiência tem sido rico, em relação não somente aos hospitais Ary Pinheiro e João Paulo II, mas, também, no que se refere às policlínicas e aos postos de saúde da rede municipal, com destaque para as unidades do Tancredo Neves e do Jardim Eldorado.

E não adianta pretender jogar a responsabilidade nas costas dos diretores dessas unidades, tampouco nas dos servidores que nelas prestam serviços em condições inadequadas e recebendo salários miseráveis. União, Estado e Município são os únicos culpados pelo estado falimentar do sistema de saúde. No fundo, quem não tem absolutamente nenhuma responsabilidade é o cidadão que depende exclusivamente da rede pública e não têm a menor possibilidade de pagar um plano de saúde ou assistência de caráter particular.

Não é somente no momento em que segmento da saúde está paralisado, que o grosso da sociedade vê-se desamparada. Parece mais freqüente do que o desejável a deficiência dos serviços prestados pelas unidades sanitárias, por mais que as autoridades do setor insistam na tese de que se venham esforçando para reduzir as dificuldades.

A justificativa de que minguam os recursos enquanto cresce a demanda, está superada, não mais convence, exceto os incautos, os que acreditam no mundo encantado da fantasia. Por outro lado, é ilusão acreditar que, somente com boa vontade, as autoridades poderão remover os obstáculos.

Aliás, disposição e determinação foram a tônica da reunião. O secretário municipal de saúde, Williames Pimental, levou uma hora tentando esclarecer o plano estratégico da prefeitura para o setor, mas parece que só convenceu a claque de diretores da secretaria, que ocuparam parte da galeria.

Louvável a iniciativa da Câmara, ao trazer para o centro dos debates temas que reflitam diretamente no cotidiano da população, como saúde, educação, segurança pública, transporte coletivo, dentre outros assuntos relevantes, mas é preciso sair do campo das idéias para a ação concreta, eficaz e duradoura, se realmente desejamos retirar a saúde pública do abismo no qual está mergulhada.

Excelente, portanto, as ponderações de Raimundo Nonato. Mesmo não sendo especialista no assunto, o conselheiro estadual mostrou que conhece o sistema como poucos. Não menos importantes foram as observações dos diretores do HB e do JP II. A vereadora Mariana Carvalho, mais uma vez, fez um discurso contundente, deixando o prefeito Sobrinho em maus lençóis. E não é sem motivo. A saúde está doente e precisa de urgente tratamento de choque.

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