Política & Murupi - Por Léo Ladeia
Foto: Divulgação
Receba todas as notícias gratuitamente no WhatsApp do Rondoniaovivo.com.
Frase do dia:
“Na minha opinião ele deu um balão em políticos mais experientes” – Roberto Sobrinho rasgando elogios a David Chiquilito em matéria do site Rondoniaovivo.
01- Ao índio o que é do índio
Congresso Mundial da Natureza, Barcelona, Espanha, bem longe daqui. Lá pelas tantas pintou a reivindicação dos índios por mais participação nas decisões sobre a Amazonia. Tudo a ver. A história oculta, mas por aqui passaram os irmãos Pinzón antes de Colombo. 500 anos e depois dos espanhóis levarem a prata de Potosi e nos entupirem de celulares, chegou a vez dos índios. Se “no hay más plata”, vão jogadores de futebol, travestis, prostitutas, madeira, peixes decorativos, etc. Mas se podemos dar ao índio aquilo que ele quer, porque usar o “galego”? Que os índios recebam todos os direitos e obrigações de um cidadão brasileiro qualquer. Nada de tutela, curadores, Funasa, Funai, ONGs, nada. Eles querem e têm direito à cidadania plena. São tão brasileiros quanto nós e não espanhóis, tupis, ianomâmis, etc. Igualdade ao índio de forma que possa lutar pelo que quer, dizer o que pensa sem ajuda de intérpretes e responder como integralmente capaz, por seus atos.
02- A Funasa subiu no telhado
E por falar em Funasa (os maledicentes dizem Funada ou Finada), o governo preparou a escada e pretende jogá-la do alto, para desespero das ONGs. Mistura de cabide de emprego do Sarney e duto por onde escoa o dinheiro da saúde, a Funasa está na mira dos ministros Paulo Bernardo e Temporão, que pretendem lacrar o ralo que irriga de grana as ONGs picaretas que dizem prestar serviço de saúde aos índios. Pelo andar da carruagem, e se a coisa acontecer abre-se caminho para ações similares noutros feudos como Ibama, Funai, etc. Às vezes, do jeito que a coisa vai, me surpreendo com a possibilidade, ainda que remota, de que o Brasil tenha solução. Mas é só um pensamento. Pena... Logo passa.
03-Cacoal, Padre Franco e redução de custos
Sueli Aragão apanhou durante a campanha até mais que o seu candidato Padre Franco. Com obras em andamento – a exemplo do Sobrinho em Porto Velho – tinha que matar um leão por dia para explicar atrasos e com isso ajudou a enterrar o marketing acusatório da oposição ao tempo em que livrava a cara do santo padre que chegou a ser ameaçado em sua integridade física. Franco começa sua administração livre de duas chagas: o nepotismo – Franco não tem parentes – e a primeira dama – que em geral tem um gabinete com penduricalhos pagos pelo povo para fazer assistência social. Com as bênçãos de Deus, o apoio do PMDB e PT, Padre Franco tem tudo para rezar uma missa solene e fazer uma administração decente. Amém.
04- Trocando as tintas
Só pra variar, o ligadíssimo Zé Carlos de Sá – Blog Banzeiros – acertou na mosca. Lendo alguns dos mais furibundos escrevinhadores daqui, dei de cara com textos sobre a eleição do Roberto Sobrinho, que variaram do nihil absoluto, passando por um velado pedido de desculpas e chegando à babaçao explícita. Como é que conseguem isso seo Zé? Da noite para o dia Sobrinho até domingo o demônio, apareceu na cruz como o salvador. Textos por encomenda são creditados a quem paga, mas ao assinar, o autor se torna responsável por ele. Não me refiro ao ghost-writer. Mas poderiam ter cuidado de trocar a tinta da caneta ou da impressora antes de trocar de opinião, sem pressa, até porque falta muito tempo para o dia do beija-mão e como diz Zé de Nana, “o cavalo é do patrão, mas a espora é minha”.
05- A praga dos gafanhotos dos novos tempos
Nos anos 70 o Incra era o enfiador de gente onde houvesse mata a ser derrubada. A roda girou, o Incra ampliou o serviço para ser o enfiador de gente que morasse embaixo de uma lona preta. Mais uma girada e o Incra contaminou-se com um vírus que vive em busca de terra e aí a coisa degringolou duma vez. Já não importava se o caboclo era comerciante, político, madeireiro, se morava na cidade ou na lona preta. Todo mundo ia ter terra. O Incra adotou o uso social da terra como lema. Deixou de ser um órgão público e virou algo entre ideológico e sacerdotal. O resultado se viu agora. Ao tentar enfiar mais gente no mato, criou uma leva de gafanhotos devastadores e sem controle. Se antes havia o grito da terra, agora é a terra que grita por socorro, e que não virá do Incra, perdido no meio da mata.
06- O grande engodo
Os sinais eram visíveis. Uma crise financeira ou melhor, de valor – mas isso é outro papo – estava chegando. O Brasil se preparou ou, como dizem nossos filósofos políticos, fez o dever de casa, mas há um detalhe importante, a crise é maior do que se imagina e a casa bem cuidada, como tantas outras está abaixo da barragem que ameaça se romper e levar de roldão o que estiver pela frente. O dólar baixo que desgostava os exportadores bateu a barreira dos R$2,30 e de novo, para desgosto dos exportadores. O Brasil está bem mais preparado para enfrentar as crises, mas não é uma ilha. A crise de agora é diferente. Um “Mr.M” qualquer, revelou o truque da mágica e o fundo falso apareceu. Pior para todos nós.
07-O fim da história ou o começo?
Nos anos 90, Fukuyama escreveu a partir de seu artigo – O fim da história – e da teoria de Hegel – séc. XIX - um livro que foi tema de muitas conversas molhadas com qualquer coisa que contivesse alto teor alcoólico e rechaçado por qualquer um que tivesse pelo menos um neurônio esquerdista. Na teoria, o fascismo e o socialismo seriam varridos e a sociedade enfim entraria num período de estabilidade tendo como pilares os valores americanos do capitalismo e da democracia. Não sei por onde anda o autor, mas gostaria de ver sua cara depois de perder o rico dinheirinho amealhado com o seu “O fim da história e o último homem”. Contra antes, contra hoje, vou parodiar Drummond: “E agora Fukuyama”?
08- Uma velha de 20 anos
No dia 05 nossa Constituição completou 20 anos de idade. Nova sob qualquer ângulo que se olhe, mas velha em função do momento e da forma em que foi concebida. Saíamos de um regime de exceção e era preciso blindar todos os pontos para que a democracia não desse um passo atrás. Preparada para servir a um regime parlamentarista, teve que ser adequada ao regime presidencialista. Extensa e minuciosa, carecia entretanto, de outras leis e dispositivos que a fizessem um instrumento de governabilidade. A “velha garota” de foi sendo submetida a uma série de plásticas, emendas e enxertos mas na essência é uma constituição parlamentarista que dispõe de instrumentos legislativos que não são usados ou pior, que são usados por outros poderes. Um bólido guiado por motoristas sem carteira.
09-O espírito da lei e o espírito de porco
Um câncer da administração pública é a contratação de serviços e produtos, alimentado por nosso falho sistema eleitoral com a captação de dinheiro particular e pelo falho sistema de se fazer orçamento com a pressão dos lobistas. Durante o governo Itamar Franco, surge a lei 8666, a Lei das Licitaçoes, tão emendada que mais parece uma colcha de retalhos. A lei é boa, geral e justa e a ela deve-se uma série de avanços, mas passou da hora de ser revista. Um “encosto”, o tal projeto básico, tornou-se uma dor de cabeça, já que na prática funciona como o mapa a ser seguido para se fraudar a licitação. Por outro lado, empresas de fachada têm a garantia jurídica de poder participar do certame.
10- Reformas
O momento é propício. Lula tem mais dois anos de mandato, popularidade em alta, uma crise batendo à porta e portanto pode arriscar. Temos pelo menos três frentes carecendo de reformas e quanto mais rápido melhor. Detesto o termo reforma e vou trocá-lo por outro mais técnico – reorganização. A primeira – mãe de todas – é a política, com impacto na lei eleitoral. Depois dela, a tributária, com marcos precisos para a segurança jurídica dos que operam no governo e iniciativa privada. Por fim, a questão previdenciária. É impossível conviver com a realidade de que tantos na iniciativa privada contribuam para uma casta de servidores públicos, premiados com holerites, vantagens e aposentadorias impensáveis para qualquer pessoa que atue na iniciativa privada. Se a idéia é construir o “Brasil – um país de todos”, a hora. Não dá mais para esperar. O resto a gente vê depois.
A política de comentários em notícias do site da Rondoniaovivo.com valoriza os assinantes do jornal, que podem fazer comentários sobre todos os temas em todos os links.
Caso você já seja nosso assinante Clique aqui para fazer o login, para que você possa comentar em qualquer conteúdo. Se ainda não é nosso assinante Clique aqui e faça sua assinatura agora!
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!