PSSICA: Minissérie filmada no Pará denuncia escravidão de meninas - Por Marcos Souza

Já está disponível no catálogo da plataforma de streaming Netflix

PSSICA: Minissérie filmada no Pará denuncia escravidão de meninas - Por Marcos Souza

Foto: Assessoria

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Já está disponível no catálogo da plataforma de streaming Netflix a minissérie brasileira Pssica, uma coprodução com a O2 Filmes, que tem como sócio e produtor o cineasta Fernando Meirelles (do clássico Cidade de Deus). Esse trabalho, dividido em 4 episódios, tem como base o livro de mesmo nome do escritor paraense Edyr Augusto.
 
Já adianto que o livro deve ser melhor do ponto de vista narrativo. Eu não li, mas o que foi realizado aqui no formato minissérie, com uma produção esmerada bons atores, excelente fotografia e locações em cidades do Pará, deixa a desejar na formatação da história, com alguns erros de realização e pecados risíveis no que diz respeito às resoluções de personagens e até ao escopo do que contar e mostrar, numa edição por vezes confusa e esquizofrênica.
 
A minissérie é um trabalho conjunto de Fernando Meirelles com o filho, Quico Meirelles, que se encantou com o romance realista de Edyr Augusto e se interessou em realizá-lo, convencendo o pai e contando com o apoio do roteirista Bráulio Mantovani consagrado por ter escrito filmes como o já citado Cidade de Deus (2002), Tropa de Elite (2007) e Tropa de Elite 2 O inimigo agora é outro (2010) que coescreveu os episódios com Fernando Garrido e Stephanie Degreas.
 
Pssica é um termo regional que pode significar 'maldição' e, na minissérie, centraliza sua ação em três personagens que têm suas vidas entrelaçadas de forma bruta em cidades margeadas por rios e na comunidade de Breves, na Ilha de Marajó.
Janalice (a promissora Domithila Catete), uma adolescente que após ter sido exposta num vídeo íntimo compartilhado por um colega de escola, acaba sendo punida pelos pais e indo morar com a tia em outra cidade, até ser envolvida com uma marginal e depois raptada pelo tráfico humano.
 
O jovem Preá (Lucas Galvino) lidera uma gangue de 'ratos-d’água', piratas que atacam embarcações de cargas e passageiros nos rios paraenses, sob as ordens do pai, um importante contrabandista que controla o comércio ilegal e o extravio de eletroeletrônicos roubados. Preá procura redenção diante de seu destino como chefe da gangue, ao mesmo tempo em que cria inimizade com um ex-aliado e se apaixona por Janalice.
 
E há a veterana Mariangel (Marleyda Soto, a melhor do elenco, em um papel forte), que busca vingança pela morte de sua família, mas guarda um segredo de seu passado violento que precisará reativar para ter sucesso em sua missão suicida.
Justamente esses três, em determinado momento, terão que se juntar e tentar sobreviver à'pssica' (maldição) que acreditam ter sido lançada sobre eles diante das consequências da vida e do rumo que ela deu a cada um.
 
Cada episódio mostra a estrutura dessa trama com viés realista, apresentando situações recorrentes como o tráfico de meninas na Ilha de Marajó por traficantes sexuais que atuam também nas Guianas e são figuras apreciadas por figurões da elite. Em Pssica, é um prefeito com pretensões políticas de se tornar deputado federal quem lida com o comércio ilegal de produtos roubados e mantém uma rede de interesses ao alimentar a prostituição de menores.
 
São temas fortes, marcados por um clima de tensão e muita violência, mas que não deixam de ter seu lado poético em vários momentos pela incrível fotografia. Quico Meirelles, que já trabalhou como operador de câmera, capricha em tomadas longas, panorâmicas de pôr do sol, contraluz e sequências das paisagens dos rios, explorando o potencial do vislumbre plástico proporcionado pela beleza amazônica.
A minissérie tenta também retratar o lado urbano mais sujo dessas cidades circundadas por rios: em meio a cafetões, homens abusivos, prostitutas e marginais. Um mundo em que, às vezes, é possível cruzar as fronteiras entre o real e o mítico. Quando a sobrevivência pode não redimir a culpa, mas propor a redenção como busca, em determinado momento, a personagem Mariangel e pode entrelaçar-se sob o véu denso da floresta, onde o amor parece impossível de ser encontrado, exceto para Preá em sua procura por Janalice.
 
O meu grande problema com a narrativa aqui mostrada é que as soluções são convenientes demais e, em outros momentos, as atitudes de alguns personagens são tão estúpidas que servem apenas para complementar algo que não leva a nenhum desenvolvimento mais hábil ou profundo, logo descartado na métrica da história e da ação.
 
A minissérie já foi chamada de a 'Cidade de Deus' do Pará, pela sua abordagem crua e violenta, ao mostrar jovens envolvidos em uma trama policial com base na realidade. Pode ser que, em alguns momentos, a estética funcione a agilidade da ação, por exemplo. No entanto, a montagem em certos episódios é confusa.
 
Há uma sequência de tiroteio em um bar, com ambientação escura, em que tudo fica a cargo do instinto do espectador, que precisa se esforçar para compreender quem é quem naquele caos.
 
Alguns personagens importantes, que dão ritmo à história, acabam se perdendo em soluções fáceis e, para mim, uma falha de roteiro conveniente até. Como a morte de um que faz citação ao saco plástico usado pelo Bope em Tropa de Elite.
 
Por fim, o episódio derradeiro tenta fechar as pontas e monta um jogo de gato e rato entre 'bandidos' e 'mocinhos' de forma rápida e episódica.
 
No geral é um bom programa e tem o aspecto técnico excelente sempre com destaque a bela fotografia e alguns momentos clichês bem realizados.
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