A SUBSTÂNCIA: O magnifíco filme de horror corporal volta aos cinemas e prepare o estômago

Película é uma obra prima do terror e foi sensação no festival de Cannes

A SUBSTÂNCIA: O magnifíco filme de horror corporal volta aos cinemas e prepare o estômago

Foto: Divulgação

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O filme “A Substância”, escrito e dirigido pela cineasta francesa Coralie Fargeat, uma produção franco-inglesa-americana, foi relançado nos cinemas brasileiros na quinta-feira, 12, em versão dublada. Antes havia entrado no circuito nacional em setembro, somente em algumas salas em sua versão original.
 
A película é uma obra prima do terror, do chamado “horror corporal”, e foi sensação no recente festival de Cannes, consagrando a atriz principal, Demi Moore, em sua melhor interpretação no cinema. 
 
É um filme para poucos, pois o prato é bem forte. Por isso mesmo nem todas as salas de cinema vão exibir o filme. Aqui em Porto Velho tanto o Cine Araújo quanto o Cine Laser, não constam na sua programação de lançamentos da semana, uma pena. 
 
 
Confesso que quando eu li as primeiras críticas do filme, logo que foi exibido em Cannes, achei que estavam exagerando. Pois no gênero terror são raras as coisas que me impressionam, muito raras, pois assisto a todo tipo de filme - desde possessão, casa mal assombrada, fantasmas, maldições, demônios e o horror corporal.
 
Ledo engano. O filme tem uma abertura espetacular e que resume de forma brilhante a fama, o sucesso e a decadência de sua principal personagem - preste atenção nos detalhes. 
 
Para entender o chamado “body horror” é quando o filme apresenta uma situação que envolve dor e desfiguração corporal, como ocorre em dois grandes clássicos, para citar exemplos: “O enigma de outro mundo” (The Thing/1982, John Carpenter) e “A Mosca” (The Fly/1986, David Cronenberg).
 
Em “A Substância”, a diretora Coralie eleva além do limite com uma história absolutamente coerente e que nos pontos primordiais não necessita de explicações reveladoras, não tem necessidade, pois na contextualização da sua proposta nos envolve de uma tal forma que é impossível não ficar estarrecido com o desenrolar das ações que são mostradas.
 
Demi Moore é Elisabeth Sparkle, uma atriz veterana e que está com o corpo bem conservado e durante muito tempo apresenta na TV um programa diário de aprimoramento corporal - com ginástica e dança - e que exige a sua boa forma e beleza. Porém, com mais de 50 anos, o diretor da TV acredita que ela não tem mais capacidade atrativa por conta da idade e a dispensa, já ingressando em escolher uma substituta com 20 anos.
 
 
Ambiciosa e extremamente vaidosa, Elisabeth acaba entrando em colapso e se envolve em um acidente. No hospital, através de um jovem médico, ela recebe uma dica valiosa em um cartão, com o número de um telefone e uma palavra: “Substância”. 
 
Vendo em sua volta que ela pode não ser chamada para fazer mais nada na TV por causa da idade, ela resolve conhecer a “substância”. Sem querer entrar em muitos spoilers, ela vai ter acesso a um procedimento estético radical e que ela mesmo se auto aplica e é responsável pela seu controle, onde vai ter que ser precisa.
 
Em resumo ela vai criar uma duplicata mais jovem, sendo que serão duas pessoas em uma, onde ela Elisabeth vai ser o corpo matriz. Porém tem que seguir regras rigorosas para não ocorrer falhas no procedimento.
 
A partir dessa premissa vamos viver a transformação física de Elisabeth, quando jovem é vivida pela belíssima atriz Margaret Qualley - que vai tomar o lugar físico da sua matriz e provocar um rebuliço na TV onde ela trabalhava, assumindo o programa que antes era comandado por ela. 
 
 
Mas, no início, o que era tão simples e transformador, vai se revelando perigoso quando a jovem Elisabeth começa a quebrar algumas regras e querer ter uma independência de comportamento que pode ter consequências terríveis. 
 
No aspecto narrativo, “A Substância” é um primor, pois é uma  metáfora sobre a vaidade feminina e os procedimentos praticados para manter a “beleza eterna”, que integra terror, drama e suspense para um humor ácido absurdo, principalmente no terço final, um banho de sangue literalmente explosivo. 
 
Disparado um dos melhores filmes de 2024, a diretora vem colhendo os louros pela sua ousadia e talento. A produção recebeu cinco indicações para o Globo de Ouro, melhor direção, melhor atriz (Demi Moore, fantástica), melhor atriz  coadjuvante, melhor roteiro e melhor filme (comédia ou musical - nem um e nem outro, mas o Globo de Ouro para não colocar em drama, preferiu classificar de comédia. Ridículo!).
 
Essa semana saiu a lista de indicados para o Critic Choice Awards, e “A Substância” recebeu três indicações: melhor filme, melhor atriz e melhor atriz coadjuvante. 
 
As possibilidades de indicação ao Oscar são fortes, mesmo sendo o gênero Terror rara-mente aceito pela academia para as principais indicações - com exceção de “O Exorcista” (The Exorcist/1973, William Friedkin), que acabou recebendo de roteiro adaptado -, “A Substância” pode surpreender.
 
Duvido que esse filme chegue nos cinemas de Rondônia, mas pode ser assistido na plataforma de streaming da curadoria do MUBI.
 

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