ACESSIBILIDADE ELEITORAL: A atitude da idosa rondoniense que mobilizou as redes e inspirou brasileiros

ACESSIBILIDADE ELEITORAL: A atitude da idosa rondoniense que mobilizou as redes e inspirou brasileiros

Foto: Reprodução

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O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Rondônia tem se destacado no cenário nacional por suas iniciativas de acessibilidade, especialmente no atendimento a eleitores acamados e que precisam de um suporte maior para chegar até os locais de votação, por meio da Assessoria de Sustentabilidade, Acessibilidade e Inclusão (Assessua). Um dos casos mais emblemáticos neste primeiro turno das eleições em 2024, foi o da idosa Diana Fortini, de 73 anos, que, mesma acamada há 11 anos, e não ser mais obrigada pela legislação eleitoral, exerceu o seu direito de voto, tornando-se um exemplo de cidadania e determinação. Diana Fortini precisou ir de ambulância, disponibilizada pela Associação Tiradentes (Astir) ao TRE, especialmente para o transporte de eleitores que precisavam desse tipo de suporte.
 
Depois de duas quedas, a primeira em 2013 que resultou numa fratura da tíbia, que já havia a deixado acamada por quase 2 anos, e a segunda em 2015, desta vez na cabeça do fêmur, Diana ficou totalmente sem mobilidade, sem nem ao menos conseguir sentar em uma cadeiras de rodas. Após duas eleições sem votar, ela pediu à uma das filhas, Andréia Fortini, a jornalista que aqui vos escreve, que buscasse uma forma de ajudá-la a voltar a exercer sua cidadania. “Minha mãe é muito ativa, totalmente lúcida. A única dificuldade dela é mesmo na mobilidade. Ela é muito inteligente, coerente e tem opinião sobre tudo, inclusive sobre a política do nosso país e do nosso estado, que ela acompanha diariamente pela televisão e internet. Em casa, fazemos de tudo pela acessibilidade dela, deixar tudo mais confortável. Por que não faríamos o mesmo fora de casa?”.
 
A insistência de Diana em querer voltar a exercer sua cidadania resultaram desde 2019, em uma mobilização do TRE de Rondônia, que criou um setor de acessibilidade para atender pessoas com deficiência. Inicialmente, o serviço era destinado apenas àqueles que conseguiam ir de cadeira de rodas, mas Diana, que não conseguia sentar, persistiu e, depois de muitos esforços, ela conseguiu finalmente que uma ambulância fosse disponibilizada para levá-la ao local de votação. “Ninguém me obrigou a ir votar, não tenho parente candidato. Fui votar porque eu quis”.
 
DETERMINAÇÃO
 
Emocionada por conseguir exercer novamente sua cidadania, Diana destacou a importância de lutar pelos direitos das pessoas com deficiência. “Faço parte da sociedade e tenho direito de decidir quem serão os governantes”, afirmou. Ela também destacou que seu voto é um instrumento de mudança e que a participação ativa, especialmente para quem, como ela, enfrenta desafios diários, é fundamental. Sua história, que mobilizou as redes sociais no último domingo de eleições (4/10). Em algumas publicações em menos de uma hora tinham quase cinco mil comentários. A atitude da idosa foi bastante criticada por haters de plantão, mas também serviu de inspiração para muitos, mostrando que, mesmo com limitações, é possível fazer a diferença. “Minha intenção não era causar esse rebuliço todo, não é a primeira vez que venho votar de maca, mas vi que além de inspirar incomodei muita gente. Problema deles e espero que nunca venham parar no meu lugar”, complementou. 
 
Os comentários negativos nas postagens em perfis nacionais, não abateram Diana, que também foi citada nos principais sites e programas de televisão locais e nacionais como exemplo a ser seguido. Um deles foi o Correio Brasiliense, que entrou em contato com ela para fazer uma matéria que foi publicada no mesmo dia. Na reportagem, Diana rebateu as críticas de maneira firme, afirmando que sua vontade de votar não trouxe mais “trabalho”, apenas mudou o veículo de transporte. “Só mudei o tipo de veículo, vim de ambulância, mas não deixei ninguém sem socorro como muitos falaram. A ambulância era particular, a serviço do TRE”, comentou, reforçando que todos os envolvidos no processo, desde o TRE até as mesárias, a trataram com respeito e carinho.
 
“Disseram que eu não tinha nada pra fazer, tenho sim. Sou empreendedora, faço crochê. É como complemento minha renda. Minhas filhas Alekssandra e Andréia me ajudam a vender em feiras de empreendedores aqui em Porto Velho, em parceria com a Prefeitura, Governo do Estado e também com a Rede de Mães atípicas de empreendedoras, da qual minha filha faz parte, por ter um filho autista. Quem quiser ver o que faço, basta ir nessas feiras ou ver nosso perfil no Instagran @dicrochesuspirar”, enfatizou a inspiração da marca criada pela filha Andréia a DI Crochê.
 
IMPORTÂNCIA DO VOTO
 
Rondônia registrou 25% de abstenção no primeiro turno, a segunda maior taxa de abstenção do país, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro. Os números mostram um aspecto preocupante que põe em risco a democracia. A atitude de Diana, que, mesmo com dificuldades, fez questão de votar, também contrastou com o comportamento de 21% dos eleitores brasileiros que, por desinteresse ou descaso, optaram por não participar. O voto é a ferramenta mais poderosa que os cidadãos possuem para moldar o futuro do país. A ausência nas urnas significa deixar que outros decidam os rumos da sua vida, neste caso da sua cidade, tendo em vista que o resultado nas urnas não refletem a vontade da maioria. “Vi que teve prefeito lá no Rio Grande do Norte que perdeu por apenas um voto, então um voto faz sim, toda diferença”.
 
EXEMPLO
 
O caso de Diana Fortini é um exemplo de como o voto é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e representativa. Ela destacou que, mesmo com críticas, continua firme em seu propósito: “Se estiver viva, se Deus permitir, estarei votando de novo. Quero participar das decisões da minha cidade, deixar um mundo melhor para minhas filhas e netos”, adiantou ela esperando que sua atitude tenha motivado outros eleitores, independentemente da idade, a repensarem sua participação e se envolverem mais ativamente nas próximas eleições.
 
Além de Diana, outras 04 pessoas em Rondônia foram atendidas com o serviço de transporte gratuito oferecido pela Assessoria de Sustentabilidade, Acessibilidade e Inclusão (Assessua) do TER-RO, que atendeu também mais de trinta pessoas diretamente nas escolas e que tinham necessidade de acessibilidade por algum motivo. “Eu consegui ir de novo este ano, infelizmente, alguns que votaram nas eleições passadas já não estão mais vivos para exercer esse direito novamente. Em cada votação, é importante lembrar que a oportunidade de votar é um privilégio que muitos lutaram para conquistar. Eu vivi a ditadura e só quem viveu esse período sabe a importância do voto livre e consciente numa sociedade”.
 
A assessora responsável pela Assessua do TRE Rondônia, Solange Garcia, explica que para ter acesso ao serviço basta se cadastrar e agendar. “O transporte oferecido pelo Tribunal Regional Eleitoral de Rondônia é totalmente gratuito, para esse público com mais dificuldade de acessibilidade”. O contato pode ser por meio dos números 148 ou 0800-148-0148, este último gratuito, ou pelo e-mail acessibilidade@tre-ro.jus.br. 
 
CONSEQUENCIAS
 
A abstenção, além de enfraquecer o processo democrático, pode gerar consequências legais. Os eleitores que não votem e não justificam sua ausência estão sujeitos a multas e podem enfrentar restrições, como a impossibilidade de tirar passaportes ou participar de concursos públicos. Mais do que isso, deixar de votar é abdicar do direito de escolher os governantes e participar ativamente da vida política do país.
O exemplo de Diana Fortini nos lembra que a democracia faz parte da vida de todos. Que a determinação e força de vontade dela inspire muitos outros a exercerem seu direito de voto, porque, como ela mesma disse: "Enquanto eu estiver viva e com sanidade, eu vou votar, se Deus permitir."
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