A avenida Sete de Setembro, em Porto Velho, é praticamente onde Rondônia começou. Ela nasceu na área da antiga Estrada de Ferro Madeira-Mamoré e atravessa o centro da cidade indo em direção à zona Leste da capital.
Ela é um trecho que conta muito da história de nossa cidade e era a principal rua dos portovelhense. Já foi um verdadeiro shopping a céu aberto que presenciou os principais ciclos econômicos de Rondônia, da imigração de pessoas de várias partes do país para o Estado, passando pelo garimpo ao mais recente, que foi a construção das usinas hidrelétricas no rio Madeira.
Possuir um ponto comercial na avenida Sete de Setembro era motivo de orgulho e de fluxo de clientes constante. Isso fez com que o metro quadrado na área se tornasse um dos mais caros e concorridos da capital.
Mas esses tempos já vão longe e hoje o que se vê é uma rua e o centro de Porto Velho como um todo, caminhando para se tornar um pedaço abandonado da capital rondoniense. Espaços comerciais fechados com placas de aluga-se ou vende-se são comuns. Em muitos casos já foram alvos de bandidos que depredam os imóveis e furtam o que podem para trocar por drogas. Viciados vagam pela região, assombrando consumidores e comerciantes. O cenário é de decadência.
Quadrilha
Para Cézar Zoghbi, que comanda a franquia da imobiliária RE/Max, que é uma das maiores do mundo, em Porto Velho, a situação da Sete de Setembro ocorre por uma série de fatores, que vão desde a arquitetura a questões familiares.
Para o empresário do ramo imobiliário, Cezar Zoghbi, muitos donos de imóveis no centro, não moram em Porto Velho, e não entendem que aquele imóvel não é mais atrativo como era antes
“São imóveis com contratos longos, antigos e com características, do ponto de vista da construção civil, já limitados. Além disso, se estabeleceram outros centros, como a rua Jatuarana, na zona Sul, que tem todo tipo de comércio. A pessoa não vai descer de perto da casa dela, para vir ao centro se pode comprar na área dela. Isso é progresso! Além disso, o preço quadrado da Jatuarana superou, há muito tempo, o dá Sete de Setembro. Muitos donos de imóveis no centro, não moram em Porto Velho e, em alguns casos, não conseguem entender que aquele imóvel que tem há mais de trinta anos, não é mais atrativo como era antes”, observou.
Ele pontua também que a Sete de Setembro não pode ser considerada uma área que não tem solução. Zoghbi avalia que a tendência é que os preços dos imóveis na região se estabilizem ou baixem devido à alta oferta e a baixa atratividade.
“Isso não quer dizer que a Sete de Setembro está acabada, mas ela mostra sinais de declínio pela grande quantidade de imóveis que estão hoje ofertando. Além disso, aqui no centro existem verdadeiras quadrilhas especializadas em depredar imóveis desocupados. Arrancam fiação, lustres, louças de banheiro, absolutamente, tudo. Administramos imóveis no centro e ficamos impressionados com a ação desses bandidos. Quando se vê, não tem mais o imóvel, só ruínas”, alertou.
Vandâlos depredam imóveis vazios na Sete de Setembro de onde levam de fios a vaso sanitários
Zoghbi defende que seja criado um conselho para discutir a avenida Sete de Setembro, formado por vários atores da sociedade como entidades empresariais, moradores, prefeitura e Estado. Outros pontos, que ele considera importantes são a volta do Complexo Madeira-Mamoré aliada à uma política de estacionamento, segurança e redução de IPTU.
CDL
O advogado Domingos Neves Prado, do departamento jurídico do Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), de Porto Velho, informou que algumas medidas tomadas pela prefeitura, a partir de solicitações da entidade já se mostraram acertadas para a avenida Sete de Setembro.
O advogado do CDL, Domingos Neves Prado, diz que a Prefeitura atendeu algumas solicitações dos empresários
“Dentre as ações imediatas propostas pela CDL e prontamente atendidas pela prefeitura e a Secretaria Municipal de Trânsito, destaca-se a concessão de autorização para estacionamento no lado direito da avenida, aos sábados e domingos, onde existe o corredor de ônibus. Essa rápida intervenção já resultou em um notável aumento no movimento aos sábados, trazendo benefícios a população que frequenta esse importante centro comercial”, declarou.
Para o CDL-Porto Velho a redução de IPTU pode ser uma medida para atrair empresários para a região central da capital
Domingos ressaltou que uma outra iniciativa, feita pelo vereador Alex Palitot, merece ser apoiada pela população e pela prefeitura da capital. Ele destacou a revitalização de prédios históricos da área central oferecendo descontos no IPTU. “Isso, certamente, vai embelezar nosso centro e trazer maior visibilidade”, frisou.
IPTU
A reportagem entrou em contato com a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Porto Velho, sobre a proposta levantada por alguns empresários que defendem a redução do IPTU para ajudar a atrair outros comerciantes para a área e estimular os que continuam atuando na Sete de Setembro.
A assessoria informou que não existe qualquer possibilidade da atual gestão municipal isentar ou diminuir o valor dos imposto cobrados. “Isso é renúncia de receita”, declarou.
A Polícia Militar informou que tem intensificado o patrulhamento na avenida Sete de Setembro
Sobre a denúncia de que gangues especializadas na depredação de imóveis desocupados estão atuando na avenida Sete de Setembro, a Polícia Militar foi contactada e emitiu a seguinte nota sobre o assunto:
‘A Polícia Militar do Estado de Rondônia, através do 1º BPM tem ordinariamente determinado radiopatrulhas que fazem o policiamento ostensivo da área. Além das radiopatrulhas, existe ainda o patrulhamento da Força Tática e Patrulha Comercial. Quem for pego depredando ou cometendo outros ilícitos será preso de acordo com a lei’.