PESQUISA: Porto Velho é a 2ª capital do Norte com maior número de adultos com depressão

Ministério da Saúde faz pesquisa que mostra número, onde 11,3% dos entrevistados afirmaram diagnóstico de depressão

PESQUISA: Porto Velho é a 2ª capital do Norte com maior número de adultos com depressão

Foto: Porto Velho fica atrás somente de Palmas (TO), no quesito de adultos com depressão diagnosticada

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Um estudo do Ministério da Saúde divulgado no final de abril aponta que Porto Velho é a segunda capital da região Norte com maior número de adultos que afirmaram ter diagnóstico de depressão. A capital contabiliza 10,6% de frequência na população acima de 18 anos.
 
Os dados foram coletados a partir de uma pesquisa da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vitigel), que falou com 27 mil brasileiros.
 
Para a psicóloga Anne Cleyane, ainda há muito preconceito em torno da doença, onde muitos ainda julgam como “frescura” ou apenas “tristeza”.
 
“A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu saúde como ‘um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença’. O conceito de que saúde é ausência de doença física e visível ainda é muito presente na população. As doenças mentais são invisíveis e trazem uma carga cultural que associou as mesmas por muito tempo por falta de Deus”, disse ela.
 
E segue: “Até mesmo a cultura de manicômio segregava essas pessoas, as prendia e as consideravam inúteis pela sociedade. O estudo e as campanhas de conscientização no Brasil são recentes iniciando no SUS em 1990. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) vieram após a reforma psiquiátrica, com a regulamentação em 1992”.
 
Depressão não é "frescura", como alguns ainda acham; é uma doença e precisa de tratamento e acompanhamento especializado
 
Mais detalhes
 
Pelo menos 11,3% dos entrevistados afirmam ter um diagnóstico de depressão. A taxa mais baixa foi entre os homens, com 7,3% e a maior taxa entre as mulheres, totalizando 14,7%.
 
Na região Norte, a capital de Rondônia tem o percentual de 10,6% de adultos que relatam diagnóstico de depressão, ficando atrás somente de Palmas (TO).
 
“Especialmente na capital podemos verificar uma lentidão, sendo dever do poder público oferecer meios gratuitos de acompanhamento e psicoeducação para população. Na saúde mental, grande parte das famílias não sabem onde ficam localizados os CAPS em Porto Velho. Outra parte não sabe exatamente qual a finalidade deles”, comentou Anne Cleyane.
 
A especialista em saúde mental também aponta outros problemas para o alto número de adultos com depressão. 
 
“A fila de espera para atendimento pode variar de 3 a 6 meses. Pessoas em crise passam por grandes dificuldades ao acessar a emergência, que geralmente é oferecida pelo João Paulo II. Um paciente com uma guia para psicoterapia clínica individual com um psicólogo passa por transtornos para acessar esse serviço quando conseguem. Levando em consideração a proporção de psicólogos lotados na saúde pública e o número de pacientes, é impossível oferecer o atendimento aos que tem necessidade”.
 
Segundo a Vitigel, a pesquisa é aplicada todos os anos, por meio de entrevistas por telefone. A proposta é acompanhar os fatores de risco para doenças crônicas de grande importância para a saúde pública.
 
“Mediante todo esse contexto é possível entender os altos números de depressão e outros transtornos apontados na pesquisa. Ainda há o pós-pandemia, a crise econômica e o grande desemprego. Quem se vê nessa realidade, tem poucos recursos para sair da situação. A população em si também encontra em grande falta de informação sobre essa realidade”, explicou Anne Cleyane.
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