PROJETO: Prefeitura atende pessoas em situação de rua em Porto Velho

A capital realizou mais de 57 mil atendimentos

PROJETO: Prefeitura atende pessoas em situação de rua em Porto Velho

Foto: Divulgação

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Todos os dias, em frente à Paróquia Sagrada Família, no bairro Nova Porto Velho, pedras e objetos postados rigorosamente, em fila, no meio-fio, chamam a atenção. A cena revela uma preocupação com a pandemia de Covid-19. Os objetos demarcam espaço das pessoas em situação de rua que são atendidas com alimentos.
 
 
Francisco Carvalho vive na rua há dois anosFrancisco Carvalho vive na rua há dois anos
 
Por volta das 11 horas, começa a distribuição de marmitas e a fila se desfaz. Personagens anônimos voltam a espalhar-se pelos bairros próximos.
 
Neste local, são comuns histórias de quem sofre, mas encontra alento no serviço oferecido pela Prefeitura de Porto Velho em parceria com a Arquidiocese do município.
 
Francisco Carvalho, 29 anos, vive na rua há mais de dois anos. Como muitos, ele se considera vítima das circunstâncias que a tiraram do seio familiar.
 
“Muitos de nós somos despertados pela fome logo de manhã. Lembro de um episódio em que minha família me negou um copo com água e eu só fui saciar minha sede aqui, no projeto”, lembra o morador.
 
PARCERIA
 
O projeto a que Francisco se refere tem um nome bastante sugestivo, “Tempo de Amar e Servir”. Foi iniciado em 2020 por iniciativa da Arquidiocese da capital e ganhou apoio da Prefeitura de Porto Velho.
 
 
Secretário da Semasf fala em recomeço dignoSecretário da Semasf fala em recomeço digno
 
 
Os serviços disponibilizados vão além da distribuição de alimentos. O trabalho começa cedo em um ponto estratégico, a Rodoviária da capital, local conhecido pela concentração de pessoas em condição de rua. Alí, equipes da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semasf) abordam essas pessoas e oferecem diversos atendimentos.
 
Para otimizar o serviço, a Semasf acaba de ganhar um reforço, uma van adquirida pela Prefeitura. O veículo agora permite que as equipes cheguem a diversos pontos da cidade e trabalhem pelo resgate dessa população.
 
“Só nos últimos meses, nossa equipe conseguiu resgatar 12 pessoas nessas condições. Não se trata de removê-las das ruas, mas de garantir um recomeço digno”, afirma o secretário da Semasf, Claudi Rocha.
 
Para quem decide trilhar um novo caminho, a Semasf garante o encaminhamento para serviços socioassistenciais, como o Auxílio Emergencial, além de retirada de documentos. Já por meio da Paróquia Sagrada Família, a Prefeitura oferece alimentação e higiene pessoal.
 
Prefeitura adquiriu van para ampliar acolhimentosPrefeitura adquiriu van para ampliar acolhimentos.
 
INVESTIMENTO
 
Em um ano de projeto, R$ 481 mil foram investidos em alimentação para garantir mais de 57 mil atendimentos. Também são feitas doações e lavagens de roupas. Ao todo, cerca de 180 pessoas em condição de rua são atendidas diariamente pelo projeto.
 
A secretária adjunta da Semasf, Joelna Holder, explica que o projeto já existia por meio da paróquia Sagrada Família e foi ampliado com o apoio e investimentos do Município.
 
“Para termos ideia, 180 marmitas são distribuídas diariamente. Num momento de pandemia, essa ação é uma resposta da Prefeitura para essa população que precisa ser assistida e resgatada”, explica Joelna.Arinaldo Souza encontra apoio alimentar e social
 
Arinaldo Souza encontra apoio alimentar e social
Arinaldo Souza encontra apoio alimentar e social
 
Giovany Lima é psicólogo da Semasf e atua na abordagem da população em condição de rua. O trabalho, segundo ele, inicia na construção de vínculos e na empatia para entender as variantes que levaram essas pessoas a uma vida marcada por incertezas.
 
Os motivos são diversos. Temos desde ex-funcionários públicos até empresários que, infelizmente, acabaram nessa situação. Muitos acabam aqui pela perda da moradia e não somente por uso de drogas. Projetos afirmativos como este ajudam a combater o fenômeno”, explica o psicólogo.
 
Pelas estimativas da Semasf, Porto Velho tem hoje cerca de 300 pessoas nessas condições. Gente como Arinaldo Souza, de 56 anos. Filho de ex-funcionário da extinta Estrada de Ferro Madeira Mamoré, ele não revela os motivos que o levaram à rua, prefere agradecer.
 
A vida na rua não é fácil. Quando encontramos projetos como esse ficamos até sem palavras. Um alimento, vestimenta e higiene acabam sendo um fôlego a mais para seguirmos em frente. Para quem não tem nada isso faz toda a diferença”, finaliza o morador.
 
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