Laudo dos investigadores se baseia em análises feitas nos sistemas Drousys e My Web Day, usados pela Odebrecht para gerir o pagamento de propinas a políticos
Foto: Notícia ao Minuto
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Laudo da Polícia Federal, com base nos sistemas Drousys e My Web Day, usados pela Odebrecht para gerir o pagamento de propinas a políticos, apontou o repasse de R$ 1 milhão ao advogado José Yunes, amigo do presidente Michel Temer.
Essa entrega, de acordo com informações da Folha de São Paulo, aconteceu de duas vezes, sendo R$ 500 mil em cada uma delas.
Os dados são parte de inquérito que investiga se Temer e aliados negociaram com a empreiteira, em reunião no Palácio do Jaburu, R$ 10 milhões em doações ilícitas para campanha do MDB.
Segundo denúncia do Ministério Público Federal (MPF), Yunes seria o arrecadador de propinas para Temer.
A entrega do dinheiro, segundo consta em uma das planilhas, deveria ser feita no dia 26 de agosto de 2014, “na rua Capitão Francisco, 90, Jardim Europa”. É lá que funciona o escritório de Yunes.
Segundo a PF, no documento também há uma orientação para “procurar o sr José Yunes ou a sra. Cida”. Ainda conforme a planilha, as tratativas para o repasse foram feitas com “Angorá” – codinome associado aos ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e de Minas e Energia, Moreira Franco. Já a senha para a entrega dos recursos seria “pássaro”.
No entanto, e-mails fornecidos pela Odebrecht mostram que parte dos recursos - R$ 500 mil -, só foi entregue em setembro de 2014. Para justificar o pagamento de apenas metade do acertado, um dos executivos do departamento de propina da empreiteira alegou "questão de caixa".
Também por meio do registro de e-mails, é possível comprovar que a empresa sofreu pressão, por parte do MDB, para realizar a entrega do restante do dinheiro. “Preciso resolver os R$ 500 mil que ele alega não ter recebido. Já ameaçou fazer escândalo em Brasília e o pior é que ele conhece muito do nosso esquema. Ou seja, não dá para vacilar com este sujeito”, alertou o mesmo executivo, com codinome de Waterloo, que seria Fernando Migliaccio.
Em outro depoimento, também obtido pela Folha, a ex-secretária do departamento de propinas da Odebrecht Maria Lúcia Tavares disse que a empreiteira pagou de forma fracionada a suposta propina destinada a Yunes. “Mas, posteriormente, identificou que o valor havia sido pago, porém de forma fracionada, por superar R$ 500 mil”, declarou, conforme a transcrição da oitiva, ocorrida em 17 de janeiro.
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