Soldados da Borracha são heróis apenas no livro de aço

Soldados da Borracha são heróis apenas no livro de aço

Soldados da Borracha são heróis apenas no livro de aço

Foto: Divulgação

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No dia 15 de julho de 2011, 190º da Independência Brasileira e 123º da República, a presidente Dilma Roussef mandou inscrever o nome do grupo Seringueiros Soldados da Borracha no Livro de Aço do Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, na Praça dos Três Poderes, em Brasília

Por força da Lei nº 12.447, eles estão no rol de homenageados ilustres, entre os quais, José Bonifácio de Andrada e Silva, Tiradentes, Santos Dumont, Zumbi dos Palmares, Plácido de Castro, Dom Pedro I e Marechal Deodoro da Fonseca,

Os soldados da Borracha foram cidadãos nordestinos recrutados para extrair látex na Floresta Amazônica, onde trabalhavam diariamente, desde 4h da madrugada, anos a fio, para atender à demanda de pneus exigidos por indústrias de automóveis e de aviões, nos Estados Unidos.

Do contingente de aproximadamente 50 mil homens, 30 mil morreram nos primeiros anos da 2ª Guerra Mundial (1939-1945), em consequência do precário transporte, alojamento e alimentação. Restam hoje mais de dez mil, com mais de 80 anos, alguns em estado de penúria, sem recursos para tratar doenças.

Dispensados do alistamento militar e pomposamente recrutados pelo Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia (Semta), recebiam um kit básico ao atravessarem a ponte metálica do Porto de Fortaleza (CE), embarcando para Belém (PA), rumo aos seringais do Acre e de Rondônia (que na época tinha partes amazonense e mato-grossense e ainda não recebera esse nome). O kit continha uma calça de mescla azul, uma camisa branca de morim, um chapéu de palha, um par de alpercatas, uma mochila, um prato fundo, um talher (colher-garfo), uma caneca de folha de flandres, uma rede, e um maço de cigarros Colomy.

Apiedado do esforço incomum de todos eles, vítimas do beribéri, impaludismo, malária e pela solidão, o ex-presidente John Fitzgerald Kennedy enviou ao governo brasileiro alguns milhares de dólares que amenizariam um pouco a dor de cada um. O dinheiro sumiu.

Sabedora das aposentadorias vultosas, muitas delas, criminosas pela duplicidade, Dona Dilma determina à ministra da Secretaria de Relações Institucionais que ofereça ao Congresso Nacional a contraproposta à PEC 556/2002, acreditando que R$ 50 mil paga todas agruras e sofrimentos. Isso, depois de o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, ter se declarado encantado com o reconhecimento a essa gente.

Outrora, disseram-lhes que, quando a guerra terminasse, retornariam à terra de origem. Qual nada! A maioria não resistiu às doenças e os sobreviventes não tinham dinheiro para pagar a viagem de volta. Endividaram-se nos armazéns de seringalistas. A lei da selva era cruel: quem não pagava a conta ou ficasse doente, perdia a liberdade e até a própria mulher, quando tinha.

Ao contrário dos pracinhas brasileiros no teatro da guerra em campos e morros da Itália, soldados da borracha só foram reconhecidos como combatentes da 2ª Guerra em 1988. A partir daí, receberam a pensão vitalícia pelo serviço prestado: o enriquecimento da indústria norte-americana.

As bancadas parlamentares federais do Acre, Pará e Rondônia não devem ser genuflexas aos desígnios da história, tampouco a tentativas de funerais desonestos e injustos. Não devem silenciar ante a posição do governo federal. Ao contrário, devem sair da inércia, reagindo para que a PEC 556 seja urgentemente votada.

São decorridos quase 68 anos desse fato amazônico com repercussão mundial. Se o governo federal não quer ser chamado de mentiroso ou demagogo, deve ponderar à luz da realidade: a aposentadoria desses velhinhos e os direitos de filhos e viúvas custam menos que um banco quebrado. Menos ainda que os caixas dois partidários.

NOTA

O Sindicato dos Soldados da Borracha e Seringueiros de Rondônia distribuiu um cartaz cujos itens dizem tudo. Sua leitura é recomendável aos parlamentares brasileiros: os da Bancada Amazônica e os outros também.

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