SINDSBOR - Brasil é intimado em audiência nos EUA

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Foto: Divulgação

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Na última segunda-feira dia 11 de março de 2013, representantes do governo brasileiro por intermédio dos Ministérios das Relações Exteriores, Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, ficaram frente a frente com sindicalistas e Soldados da Borracha dos estados de Rondônia, Pará e Acre, todos perante a uma “mesa redonda” na presença da Presidenta da Comissão Interamericana a Srª Tracy Robinsson e assessores. O tempo da audiência foi estimado em uma hora aproximadamente, tempo em que os integrantes do governo Dilma expuseram o que o Brasil tem feito, assim como a postura que o estado brasileiro vem tomando perante o episódio da Batalha da Borracha, do outro lado da mesa motivados por forte indignação perante os comentários e justificativas tecidas pelos burocratas brasileiros, estavam os representantes dos Soldados da Borracha que rebateram e criticaram as falas e o posicionamento do governo brasileiro, momento que denunciaram o descaso, a morosidade e a falta de compromisso e interesse público em tentar resolver os problemas e as reivindicações da classe. Um extenso relatório-dossiê foi entregue à Presidenta da Comissão, o Sindicato dos Soldados da Borracha e Seringueiros de Rondônia, representado pelo vice-presidente George Telles, pelo advogado Antônio Augusto e o Srº Antônio Barbosa diretor financeiro da entidade, mostraram no momento do encontro diversos ofícios despachados pelo sindicato à Presidenta da República e ministérios que compõe o governo em Brasília, inclusive à Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, apontando denúncias, pedidos de reivindicações, reuniões e solicitações de providências para solucionar os problemas dos trabalhadores que foram aos seringais e que participaram nos anos 40 no Brasil da Batalha da Borracha, que foi uma gigantesca operação de reforço de guerra para extração da borracha brasileira.
O vice-presidente do sindicato em Rondônia o Srº George Telles, relatou que por diversas vezes esteve no Distrito Federal solicitando junto ao governo uma audiência com a própria Presidenta da Republica e que até aquele momento nenhuma medida tinha partido que sinaliza-se um encontro com a chefe de estado. No momento da audiência foi reivindicado a equiparação dos Soldados da Borracha com os ex-combatentes do Brasil, com todos os direitos pertencentes a esses. A Presidenta da Comissão Interamericana após ouvir os relatos dos Soldados da Borracha, questionou os representantes do governo brasileiro, e indagou sobre o porquê da negligência e do não pagamento da dívida com os extrativistas que trabalharam no período da 2ª Guerra e deu um prazo de trinta dias para o Brasil apresentar medidas que possam atender as reivindicações e à dívida histórica com os trabalhadores convocados e recrutados para a “Batalha da Borracha”.
Entenda melhor o caso dos soldados da borracha:
Os ex-combatentes são aqueles brasileiros que lutaram no Front europeu na 2ª Guerra Mundial, combatendo o Nazismo e Fascismo, realizando assim um relevante trabalho ao mundo com um número de mortes de aproximadamente 500 soldados e que se aposentaram com pensão especial com salários de segundo tenente transferível ao dependente, com prioridade na aquisição da casa própria, concessão de bolsas de estudo para seus filhos e assistência médica e hospitalar garantidas.
Soldados da borracha:
Foram aqueles trabalhadores nordestinos e Seringueiros da Amazônia que foram convocados e atenderam o chamado do estado brasileiro no início dos anos 40 em plena Segunda Guerra Mundial, com a missão de trabalharem nos grandes seringais da floresta Amazônica para extraírem borracha a ser enviada à máquina de guerra dos E.U.A usar na produção de calçados, armamentos, isolantes, fuselagem, peças para rádio e outros. O governo brasileiro Getúlio Dornelles Vargas e o norte-americano Franklin Roosevelt realizaram intensas negociações que culminaram na assinatura dos Acordos de Washington. No acordo ficou estabelecido que o governo brasileiro enviaria aos seringais milhares de trabalhadores para fornecer a borracha do Brasil, também o governo de Getúlio ficou obrigado a fornecer minérios estratégicos como ferro, estanho e outros, em troca os E.U.A financiariam a produção da borracha, e a construção da Companhia Siderúrgica Nacional, seguido de vultuosa doação em milhares de dólares para aquisição de material bélico às forças armadas.
Assim milhares de trabalhadores realizaram uma das maiores movimentações em massa, jamais realizada em território nacional em direção à Amazônia. De um total de quase 65 mil recrutados e enviados aos seringais segundo dados de historiadores e pesquisadores, cerca da metade desse total perdeu a vida na extração da borracha. Muitos sucumbiram sem apoio do estado, sem assistência médica, sem proteção jurídica trabalhista ou amparo, milhares deles morreram à míngua apodrecendo dentro da floresta, centenas contraíam doenças em decorrência da subnutrição que desenvolvia múltiplas enfermidades. A dizimação por doenças endêmicas foi assustadora, doenças como beribéri , malária, febre amarela, hepatite e outras, consumiam os corpos dos trabalhadores com grande velocidade, a floresta parecia engolir e não querer dar pistas dos homens desparecidos, outra leva deles foram vítimas de emboscadas a mando dos patrões, ou dos constantes ataques de indígenas que também morriam em quantidades pela bala do branco que ali chegava ou pelos vírus que trazia, as feras selvagens e serpentes venenosas que habitavam os seringais deixaram também uma grande quantidade de mortos e aleijados, estima-se que o saldo da campanha da borracha tenha sido em torno de trinta e cinco mil pessoas.
A maioria desses combatentes foi colocada em um sistema de trabalho e de produção escrava, pois ao chegarem aos seringais, foram condenados a ficarem presos nas colocações sob a guarda de jagunços que monitoravam as centenas de colocações que eram propriedade dos barões da borracha ou de seringalistas. Obrigados a ficarem presos à terra os seringueiros eram forçados a comprarem nos barracões( lugar onde eram vendidas as mercadorias dos seringalistas), o preço de tudo era super faturado, não podendo plantar pois comprometeria a produção da borracha, quanto mais trabalhavam mais ficavam presos à dívida. Para obter mais borracha em um mínimo tempo os seringueiros trabalhavam em longas jornadas que beiravam em alguns casos dezesseis horas diárias, em 1945 a guerra terminou e nenhum trabalhador foi devolvido ao seu estado de origem ou recebeu indenização pelos serviços que prestou ao seu país e ao mundo, pelo contrário foram abandonados dentro dos distantes seringais, sem estradas, sem escolas para suas crianças , assistência médica ou recurso e apoio do estado brasileiro. Os que sobreviveram ou envelheceram dentro dos seringais, viveram antes e após a guerra em um sistema de escravidão, muitos foram expulsos por fazendeiros e criadores de gado que chegaram à vasta região na década de 70, em especial no estado de Rondônia que foi e é palco de grandes conflitos agrários, dezenas de Soldados da Borracha hoje carregam em seus corpos cicatrizes de acidentes de trabalho e ataques de feras selvagens ou sequelas de doenças contraídas na vida dura da extração da borracha. Hoje oitenta por cento do efetivo do exército da borracha já morreu, o restante desses soldados da floresta estão espalhados pela Região Norte e uma minoria pelo Brasil a fora, sem acesso a saúde de qualidade, ou moradia digna, residindo alguns, de favor na casa de filhos e amigos, ou pagando aluguéis, vários estão deficientes, outros cegos e em cadeiras de rodas abandonados nos fins de corredores nos asilos de nosso país.
Nenhum seringueiro recrutado ou trabalhador que atendeu o chamado do governo para o esforço de guerra jamais recebeu indenização ou pagamento final previsto e prometido pelos países que assinaram os Acordos de Washington. O Soldados da Borracha tão lembrados pelos aparelhos da imprensa oficial do estado brasileiro do período Vargas, foram relegados ao esquecimento, não possuem como prioridade uma pensão especial, tão pouco atendimento prioritário e de qualidade quando precisam de serviços de saúde, recebem apenas uma pensão de dois salários mínimos, muito menos possuem moradia como garantia por parte do governo, assim como receberam os ex-combatentes. Hoje os Soldados da Borracha e seus familiares cobram da justiça brasileira uma indenização pelo dano moral e material que sofreram, cobram pela violação dos Direitos Humanos e apelaram à Corte Interamericana dos Direitos Humanos por justiça e esperam que o Brasil e os E.U.A possam reparar a tragédia que foi a Batalha da Borracha.
Direito ao esquecimento

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