Quanto custa para fazer uma greve? Quanto se arrecada nos descontos dos contracheques dos professores para manter o sindicato atuando? Quanto recebe um diretor da entidade? O valor recebido é compatível com o padrão de vida dos representantes dos educadores? De quem são as empresas que prestam serviço ao órgão representativo? Um documento do Sintero – Sindicato dos Trabalhadores em Educação, onde a entidade presta contas aos associados do exercício anterior pode ajudar a responder estas perguntas. O maior sindicato de Rondônia, o Sintero, que representa milhares de professores públicos do estado e municípios finalizou sua prestação de contas do exercício de 2008. O documento data de 27 de abril de 2009 e foi assinado pelo contador Isaias Andrade, pela secretaria de finanças, Rosana Gomes Reis e pela presidente Claudir Mata (foto)
No balanço financeiro do sindicato, está estampada toda a força financeira dos representantes dos professores de Rondônia, com orçamento maior que muito município do Brasil.
O ativo circulante do sindicato foi tabulado no dia primeiro de janeiro de 2008 no valor de R$10.023.204,24 ( Dez milhões, vinte e três mil e duzentos e quatro reais e vinte e quatro centavos). A arrecadação do Sintero em 2008 foi de R$ 4.063.525,83, a maior parte oriunda de mensalidades dos filiados.
Nas despesas operacionais da entidade, alguns valores chamam a atenção.
Na confecção de chaves e carimbos foi gasto na sede da capital, cinqüenta e sete mil reais, o que dá cerca de quase cinco mil reais por mês. Vale ressaltar que uma chave custa no mercado cerca de R$ 5,00. Com o valor gasto, a entidade dos professores teria supostamente confeccionado 1000 chaves a cada 30 dias.
A entidade também pagou “auxilio moradia” no valor de R$14.450,00. Resta saber qual diretor foi o beneficiário da benesse sindical.
Em telefonemas, incluindo celulares, exatos R$ 135.670,31 foram gastos na comunicação sindical. Mais de 11 mil reais por mês. Será que todas as ligações foram unicamente para uso em serviço, ou o privado se mistura com o público? Uma devassa nas contas telefônicas pode esmiuçar esta pergunta.
Para viajarem pelo Estado e Brasil, os representantes dos professores em Porto Velho receberam diárias no valor de R$ 48.313,33. Num contraponto interessante, os sindicalizados foram agraciados com a mixaria de R$1.920,00 no quesito cultura e lazer.
Se por um lado, os funcionários da “matriz” localizada na rua Major Amarante em Porto Velho custaram aos professores R$ 210.436,68, em honorários profissionais foi consumido mais de trezentos mil reais. Isso só na “matriz”. Nas outras regionais, mais 200 mil foram inseridos nesta conta. Honorários profissionais poderiam ser melhor explicados. Quem recebeu a pequena fortuna de “honorários”?
IMPRENSA E PROPAGANDA
Mostrando conhecerem bem a força da mídia, o Sintero disponibilizou para o setor de comunicação R$ 523.302,65, o que dá quase cinqüenta mil reais por mês, valor maior que a verba publicitária da maioria dos municípios rondonienses e de empresas e indústrias locais, incluindo aí, os consórcios que constroem as Usinas do Rio Madeira. Qual foi a agência de publicidade que gerenciou esta verba polpuda? De quem é esta empresa? Seria de algum integrante da entidade?
Os recursos foram gastos em todas as onze regionais – Centro II, Guaporé, Estanho, Mamoré, Da Mata, Apidía, Do Café, Centro I, Rio Machado, Conesul e Norte. A do “Estanho”, que compreende a região da grande Ariquemes foi depois da capital quem mais gastou com divulgação, com mais de onze mil reais no ano.
A maioria dos comerciais ultimamente veiculados foge do tema luta sindical e entram até no contexto da suposta compra de votos do ex-governador Ivo Cassol, que recentemente foi inocentado em decisão do TSE – Tribunal Superior Eleitoral, mostrando claramente que a política partidária está presente nos objetivos da categoria, em contraponto ao estatuto da entidade. Descaradamente a entidade é usada em joguetes para auferirem vantagens políticas.
ELEIÇÃO
Na tumultuada eleição da atual diretoria, foi gasto mais de cem mil reais, englobados em transporte de urna de votação ( 28.618,00), alimentação (12.294,30) e despesas com prestação de serviço de pessoa física, com mais de R$ 50.000,00 de pagamento.
SÓ CONTAS
O documento de prestação de contas do Sintero é público e supostamente nada existe de errado nos gastos. Seria interessante se o Sindicato esmiuçasse a prestação de contas, isso se um filiado tiver interesse, lógico.
Seria interessante ver as notas fiscais e valores cobrados por terceiros. Seria de bom alvitre poder ter acesso as cotações de preços que embasaram estas compras e contratações. Só assim, os diretores do maior sindicato de Rondônia poderiam pensar em continuar a apontar o dedo para a administração estadual.
Com as eleições de 2010 se aproximando e com a possibilidade da atual presidente Claudir Mata ser candidata a uma vaga no parlamento estadual, novas ações para dar visibilidade política para Claudir não estão descartadas. Um dos possíveis financiadores de sua campanha política e que deverá aparecer na sua prestação de contas é o atual presidente da OAB – Ordem dos Advogados do Brasil, seçcão Rondônia, Hélio Vieira, advogado da entidade. Fica a pergunta: A diretoria do Sintero suporta, e tem coragem suficiente para autorizar uma auditoria independente na sua prestação de contas?