Darwin no Brasil - O cientista da Teoria da Evolução foi impiedoso e sarcástico com o País que conheceu em 1832

Darwin no Brasil - O cientista da Teoria da Evolução foi impiedoso e sarcástico com o País que conheceu em 1832

Darwin no Brasil - O cientista da Teoria da Evolução foi impiedoso e sarcástico com o País que conheceu em 1832

Foto: Divulgação

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Em 27 de dezembro de 1831, perto da hora do almoço, o H.M.S. Beagle zarpou de Plymouth, Inglaterra, com um objetivo portentoso: navegar pelas regiões costeiras de todo o Hemisfério Sul, para abastecer a Marinha Real Inglesa, então senhora dos Sete Mares, com informações precisas sobre as peculiaridades geográficas e geológicas das suas costas marítimas. O Beagle parecia modesto para aquela empreitada: 27 metros de comprimento por 7,5 de largura, levava 73 tripulantes, entre os quais um passageiro/convidado ilustre: Charles Darwin, então com 22 anos e sem nenhuma ideia, ainda, para a obra que o tornaria famoso: Sobre a Origem das Espécies.

Darwin pagara a própria passagem, mas teria a bordo uma tarefa delicada: jantar todos os dias com o capitão Robert Fitzroy, proibido, pelos severos códigos da Marinha Real, de conviver com a marujada sob seu comando. Seriam cinco longos anos de jantares, nem sempre agradáveis, pois o capitão, de apenas 26 anos, era pessoa irritadiça, de ideias preconceituosas – por exemplo, defendia a escravidão, que o jovem conviva abominava. Darwin estava interessado em conhecer aquela parte do globo, sua vegetação e seus animais, insetos sobretudo, que eram a paixão de sua vida, e por isso lançou-se ao mar, corajosamente, apesar do estômago fraco e inclinação para enjoos.

“Cruzamos o Equador”, ele anotou em seu diário no dia 17 de fevereiro de 1832, “e passei pelo desagradável ritual de ter meus cabelos e minhas barbas raspados.” Era o castigo de Netuno aos noviços em navegação. No dia seguinte, já seguramente dentro do Hemisfério Sul, devaneou: “Em agosto, calmamente passeando por Gales; em fevereiro, em um hemisfério diferente: nada mais nesta vida me há de surpreender”. Engano quase tão grande quanto a viagem apenas iniciada. Os próximos cinco anos seriam uma sucessão de surpresas e espantos, quase que diários. No dia 20, quando o Beagle ancorou em Fernando de Noronha, ele teve uma primeira visão da floresta tropical, com “grandes magnólias e louros e árvores cobertas de delicadas flores”. Precavido, observou: “Tenho certeza de que toda a grandiosidade dos trópicos ainda não foi vista por mim”.

No dia 28, cerca das 9 horas, avistou-se a costa do Brasil, na Bahia. Era, enfim, toda a grandiosidade dos trópicos que surgia aos seus olhos e foi o primeiro deslumbramento: “Seria difícil de imaginar, antes de ver o panorama, algo tão magnífico”. E já no desembarque, olhando mais de perto para a costa, não se conteve. “O deleite que se experimenta em momentos como esse confunde a mente: se o olho tenta seguir o voo de uma colorida borboleta, ele é detido por uma árvore ou um fruto estranhos; se observando um inseto, pode-se esquecê-lo na estranha flor sobre a qual caminha; se estiver se voltando para admirar o esplendor do cenário, o caráter individual do primeiro plano toma a atenção”, anotou.

O dia seguinte, em terra, passou “deleitosamente”. Logo veio a ressalva: “Deleite é, no entanto, um termo fraco para tais transportes de prazer (...) Tenho caminhado sozinho pela floresta brasileira; entre a multidão é difícil de dizer que conjunto de objetos é mais impressionante: a exuberância da vegetação inclui a vitória, a elegância das gramíneas, a novidade das plantas parasitas, a beleza das flores (...) O barulho dos insetos é tão alto que à noite pode-se fazer ouvir mesmo em uma embarcação ancorada a centenas de jardas da praia”. 

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