Política em Três Tempos - Por Paulo Queiroz

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Foto: Divulgação

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1 – PODER E PONTARIA Não raro, até porque entre seus atuais inquilinos há mais similaridades do que se desconfia, os mesmos fenômenos que medram pelos corredores do Palácio do Planalto são observados reproduzindo-se nas coxias do Palácio Presidente Vargas. No mais recente destes está até ficando difícil mensurar onde o prodígio é mais intenso e copioso – se nas cercanias do gabinete do presidente Lula da Silva (PT) ou se em volta do trono do imperador, digo, governador Ivo Cassol (PPS). Fala-se, leitor, do adesismo, que se já era grande pelo simples fato de ambos ocuparem o topo do poder mais fascinante do sistema republicano, anda ficando incontrolável agora que a dupla foi coroada com a mística da reeleição. “Quem ainda não passou para o lado de Cassol está aderindo” - é o papo que rola nas rodas do pedaço. Não obstante a redundância, reitere-se que o comentário vale integralmente para o petista instalado na Presidência, porquanto o próprio Cassol está não apenas passando para o lado de Lula, mas levando consigo uma pá de mandatos – de parlamentares federais e estaduais, além de prefeitos e vereadores. Corte para as fronhas da serra de Taperoá, no sertão paraibano, onde vivia um exímio caçador e muito bom contador de histórias, dado a ilustrá-las com detalhes algo espantosos e pouco verossímeis – comum entre gentes do mesmo ofício -, notadamente em se tratando de relatos auto-referenciáveis. Chamava-se José Preá e dizia que jamais desperdiçara um só caroço de chumbo. “Nunquinha mesmo, sêo Zé Preá? Nem unzinho pra remédio?” – provocava um preparando-se para ouvir mais uma das boas. Caviloso, o caçador concedia. Uma vez, sim. Mas não completamente. Sucedera de carregar a espingarda com 18 caroços de chumbo, mas ao conferir a caça recolhera apenas 17 rolinhas. Voltava para casa matutando sobre o mistério quando ouviu algo farfalhando fora do embornal. Pois não era a 18ª rolinha? “Vim me entregar, sêo Zé Preá, pois já vi que do chumbo do senhor ninguém escapa mesmo não!”, rogava a avezinha aflita ante a iminência de ser atingida pelo grão de munição de Zé Preá que ainda a perseguia. Pois bem, leitor. Acerca de uma reunião ocorrida nesta segunda-feira (15), no gabinete principal do Presidente Vargas, a exemplo da rendida rolinha ante a implacável pontaria de Zé Preá, diz-se que, confrontado com a irresistível atração política de que Cassol tornou-se detentor, o PT foi se entregar. 2 – POLOS DESTROÇADOS Não incondicionalmente. Digamos que se a legenda, momentaneamente, está abdicando da condição de pólo da política na estrutura de poder local, a robusta estatura que construiu indica que exigirá algo em troca do alinhamento palaciano, a depender do que tem para oferecer e do interesse de Cassol nessa mercadoria. E nem o PT por inteiro, como se verá na coluna que imediatamente a esta se seguirá. Mas a presença dos titulares dos dois cargos mais encorpados e de maior significado simbólico na hierarquia da agremiação – o presidente e o secretário geral da Executiva Regional Tácito Pereira e Edson Silveira, respectivamente – não deixa margem para muitas dúvidas acerca da natureza e da amplitude da embaixada, integrada ainda pelos deputados Eduardo Valverde (federal), Professor Dantas e Ribamar Araújo (estaduais). Antes de prosseguir, atente o leitor para o detalhe de como o quadro partidário estava organizado no momento em que o atual inquilino se instala no Presidente Vargas e, com a sua reeleição, como a política está se organizando no Estado objetivando as disputas que virão. Antes de Cassol, percebia-se claramente uma multipolaridade entre as forças partidárias em disputa pelo poder, enxergando-se mais claramente, como pólos mais ativados desse processo, o PFL e legendas agregadas (que disputou o governo tentando reeleger o então governador José de Abreu Bianco), o PT (que apesar de não ter disputado o governo – apoiou o candidato do PDT Acir Gurgacz -, elegeu uma senadora, dois deputados federais e quatro estaduais), o PMDB (que também não disputou o governo – apoiou o candidato do PTB Natanael Silva -, mas elegeu um senador, dois deputados federais e quatro estaduais), o PSDB (a bordo do qual o próprio Cassol chegou lá), o PDT e o PTB (já referenciados). Pois bem. Cassol acabou com tudo isso. Ou quase. Como? Conquanto uns tantos outros fatores tenham contribuído, fundamentalmente, no entanto, por asfixia. Primeiro, repare o leitor, que nenhum partido político – rigorosamente nenhum - se fortaleceu à sombra da administração estadual depois de Cassol. 3 – NOVO FIGURINO E não se fale em locupletação, mas em legítima ocupação de espaços na estrutura estadual pelos partidos que conquistaram o poder com vistas à ampliação da influência, ao fortalecimento institucional, à cooptação de quadros e ao alargamento das possibilidades de alianças. Com Cassol, aos partidos foi permitido ocupar não mais do que uns poucos cargos, de resto, todos periféricos. Nem a legenda pela qual se elegeu foi dado administrar uma só Secretaria de Estado, confirmando a regra apenas o então 1º suplente de deputado federal Hamilton Casara (Meio Ambiente) no começo do governo. Mesmo assim, ao tentar acabar com o governador expulsando-o, o PSDB foi quem terminou trucidado por Cassol, reduzindo-se às atuais e imprecisas dimensões. De modo que os poucos partidos pólo de Rondônia que resistiram ao primeiro mandato de Cassol chegaram arquejando, no limite das forças, por assim dizer, nas disputas de outubro. Apenas o PT (com a senadora Fátima Cleide), o PMDB (com o senador Amir Lando) e o conglomerado PDT-PTB (apoiando a candidatura do PSB com Carlinhos Camurça) apresentaram-se para tentar uma mudança de rumos. Deu no que deu. Com exceção do PMDB e do PT, o resto foi esfarinhado pelo avassalador desempenho eleitoral com que Cassol se manteve no poder. E aqui se dá um fenômeno que está virando pelo avesso a natureza e a estrutura da organização das forças políticas do Estado. Ivo Cassol, que jamais deu a mínima para os partidos – correrá poucos riscos quem apostar que ele jamais leu o estatuto de um -, chegou superlativamente fortalecido ao 2º mandato. Pode-se dizer que, afora o coronel Jorge Teixeira dos primeiros anos do Estado, jamais Rondônia teve um governador tão poderoso. E como fez isso surfando por cima o por fora dos partidos – emprestando deles apenas a habilitação junto a Justiça Eleitoral -, relegou todos à irrelevância. Hoje, a política rondoniense tende a se organizar, por um lado, em torno do próprio Cassol e, por outro, gravitando ao redor do senador Valdir Raupp (PMDB). Havia o PT. Mas no caminho do PT há uma pedra (continua).
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