Existirá um futuro sustentável? - Por Fabricio Cruz

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Existirá um futuro sustentável? -  Por Fabricio Cruz

Foto: Divulgação

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Quando olhamos para a história, seja nos livros, filmes, documentários, ou relatos ouvidos dos mais antigos, vislumbramos um ato inverso ao de pensar o futuro. Muitas vezes pensar o passado só é possível por possuirmos o presente, ou seja, a base necessária como parâmetro para trilhar os fatores que concluíram tal situação. Entretanto a partir desses dois parâmetros — O passado e o presente — podemos antever acontecimentos futuros que, teoricamente, não poderiam ser creditados na certeza da história, ou melhor dizendo, da ciência. A partir desta reflexão o que podemos dizer da nossa civilização futura? A pergunta vêem pelo modo como pensamos nossa estrutura social atual. Nossas construções sociais seriam mais parecidas com um futuro cibernético previsto pelo cinema e pela literatura científica? Ou seriam mais parecidas com um Estado caótico, característico das civilizações degradadas e em conflito, costumeiramente idealizados pelos cientistas mais apocalípticos? Enfim, seja lá quais forem esses cenários futuros alguns parâmetros, que já podem ser vistos nos noticiários e no cotidiano em si, já clareiam uma certa tendência global que discutiremos a seguir. As mudanças que anunciam novos tempos Ultimamente o dia-a-dia nos permite assistir a fenômenos que caracterizam as principais conseqüências de nossas ultimas ações sobre o planeta Terra. Segundo Dr. José Argüelles, ativista do movimento para a paz e a transformação da consciência planetária ˝o mundo entrou em uma grave crise espiritual. A guerra do terror, aquecimento global, descontentamento social, os sinais estão em toda parte˝. Mediante isso o mundo foi impulsionado a pensar em novas formas de habitar o planeta e de se co-relacionar entre si, adquirindo alternativas de usufruir dos recursos naturais de forma que eles não se esgotem no futuro e deixem de atender as necessidades das diversas espécies que habitam este planeta. Presencialmente fazemos parte de um evento histórico e decisivo para os rumos da trajetória humana. Um momento em que as gerações futuras haverão de se utilizar das conclusões que tecemos nos dias de hoje para reconstruir uma nova civilização, uma nova consciência, que integre todos os conhecimentos adquiridos até hoje e, preferencialmente, se baseie no respeito à diversidade cultural, na justiça socioambiental, na tolerância mútua e na preservação dos ciclos naturais e de todos os micros sistemas da Terra. ˝O processo de reconstrução da nossa civilização vai nos tomar todo o século. Na segunda metade do século já estaremos com a energia solar. Leva muito tempo por que é preciso criar uma tecnologia completamente nova para isso. Em outras palavras, temos de nos reinventar como civilização, e o aquecimento global é apenas uma das razões para isso˝, é o que diz o professor Hans Joachim Schellinhuber. Físico, matemático e diretor-fundador do Instituto de Potsdam para pesquisas em mudanças climáticas (PIK). Uma afirmação como esta nos faz acreditar que muitos de nós — senão todos nós — não chegaremos a ver esta nova civilização que está por vir. Contudo seremos nada menos que os precursores desses primeiros passos que a atual civilização começa a dar. Há quem creia que o universo se movimenta para uma nova espiral de consciência, em que as energias da dualidade (do antagonismo) e as de separatividade serão removidas de nossa esfera planetária, dando espaço para uma energia integradora e sincrônica, o tão famoso caminho do meio. Contudo, infelizmente essa visão holística ainda está longe de ser compreendida pelos setores econômicos e governamentais, pois o aumento do preço do petróleo fez pelo aquecimento global o que os ambientalistas não haviam conseguido fazer nos últimos 30 anos, foi o que chegou a afirmar o ecossocioeconomista francês Ignacy Sachs. No entanto, é possível enxergar exemplos em outras vertentes, pois com as ações dos diversos segmentos da sociedade civil organizada — que constituíram um grande efetivo de pessoas comprometidas sócio e ambientalmente com a construção de políticas e ações no intuito de desenvolver integral e sustentavelmente as comunidades terráqueas — pouco a pouco a sociedade desperta para uma nova consciência global. ˝Ilusões se desfazem. Mas, se não houver desilusão da massa, não pode haver um despertar genuíno da massa. E essa é a única solução para a Crise Global˝, alerta Argüelles. Baseado neste despertar pode-se considerar que o Professor Schellinhuber complementa a afirmação de Argüelles dizendo que ˝A geração futura não vai entender por que essa loucura durou tanto tempo”. Hans enaltece uma visão mais positivista ainda ao afirmar que no futuro as cidades “serão cidades-jardins, mais como Curitiba. Cidades bem compactas, onde as distâncias para locomoção são curtas. No futuro teremos um estilo de vida mais sustentável, sem perder qualidade”, deduz o professor. Recentemente no Brasil a utilização de Planos Diretores tem direcionado esta nova forma de pensar a civilização urbana, e a sociedade civil organizada tem estado cada vez mais presente nesses processos de “solucionamento” coletivo, o que mostra que, se as coisas permanecerem neste andar, em 100 anos poderemos efetivamente presenciar governos mais fieis a democracia na sua concepção inicial, embasado pela concepção de Democracia Participativa. Mas se as coisas não acontecerem assim? É claro que isso só será possível se a civilização resgatar seus valores e não sucumbir à ganância provocada pela supervalorização do capital, resultante do atual sistema socioeconômico. Neste caso ainda temos muito a fazer no presente, e atualmente a questão energética, além da alimentícia e habitacional, será um dos principais fatores que contribuíram para essa modificação social, pois, como ensinam os físicos, a energia é uma matéria capaz de transformar matérias, sendo, portanto uma garantia da capacidade de realizar trabalho. Sem o trabalho nossa civilização para! Deste modo ˝o que está em curso não é somente uma nova matriz energética ou uma ‘transição energética’, mas sim um rearranjo nas relações sociais e de poder por meio da tecnologia”, diz Sachs. Como sabemos muitas coisas estão em jogo quando se trata de poder, e quando falamos em transição energética falamos de duas realidades distintas que poderão decidir o destino da humanidade: Uma é a possível ampliação das alternativas de tecnologia de baixo custo — a exemplo da energia solar — facilitando o acesso energético para a população em geral, principalmente às menos assistidas pelos governos e a economia global; E a outra, que pesa a favor das adequações tecnológicas e ideológicas dos que já dominam o mercado — pois o discurso atualmente tem adotado tonalidades verdes — beneficiando uma estrutura hierárquica social indivisível dos que já dominam o poder e pretendem continuar a mantê-lo. Sobre esse segundo cenário Sachs acredita que “o que presenciamos hoje é o deslocamento do planejamento estratégico, antes feito pelo Estado, para os novos gestores ligados aos grandes complexos empresariais, agora organizados em rede”. Um grande exemplo disso é a IIRSA (Iniciativa para a Integração da Infra-estrutura Regional Sul-americana) que pretende conectar fisicamente os países da América do Sul, numa tentativa de potencializar a economia local. Outro exemplo são as multinacionais que, anteriormente investiam no mercado do petróleo, e agora investem muitos recursos em pesquisas com energias renováveis devido a grande demanda, e poucas alternativas, provocada pela efervescência da economia global. Essas Mega organizações configuram “o novo complexo de poder que se estrutura em torno de uma nova matriz energética, onde se incluem os grandes complexos empresariais que hoje comandam a economia global, que, assim, buscam se perpetuar no poder”, conclui Sachs. O cientista acredita que se enredarmos por esse caminho, onde o poder continua com os de sempre, chegaria “a ser ingenuidade acreditar que com esse bloco de poder estaríamos caminhando em direção a uma sociedade mais justa e ecologicamente equilibrada”. Sachs não deixa de ter razão. Já na sabedoria popular se ensinava que “O preguiçoso trabalha duas vezes”. Se insistirmos no erro da velha forma neoliberal de conduzirmos nossas vidas, acabaremos por destruir o planeta e tendo de reconstruí-lo do zero novamente, a partir de nós mesmos. Gandhi já dizia que “a única revolução possível é a interior” e, atualmente, a discussão acerca do assunto, e o debate nos ciclos de conversação comum, têm repercutido muito nos atos das pessoas mais bem informadas e no cotidiano das pessoas de modo geral. Tirando o fato de que “virou moda” falar de meio ambiente, as verdadeiras ações nesse sentido podem ser vistas hoje no dia-a-dia de pessoas que não aparecem nas propagandas dos Bancos na TV. Atores que baseiam o positivismo Desde aqui falaremos sobre os ativistas e educadores socioambientais, pois ,assim como os complexos empresariais, os movimentos socioambientais também têm se utilizado da estratégia de organização em Rede para compartilhar essa preocupação com a massa, o que tem contribuído muito para o enraizamento da discussão dentro da sociedade. Schellinhuber, numa clara demonstração a favor do pensamento em Rede, diz que “na era da internet deveríamos criar mais estruturas virtuais, onde poderíamos juntar comunidades acadêmicas globais também para compartilhar com a massa os desafios do mundo”. A tecnologia, nesse caso, seria aliada da construção do conhecimento, pois colocaria numa via de mão dupla tanto os conhecimentos populares quanto os conhecimentos científicos a disposição de todos. Talvez tenha sido essa a visão de Aldeia Global traçada por McLuhan. Mas infelizmente, frente a esse processo de degradação humana que dura mais de 500 anos, essas ações ainda são bem recentes, pois se originam por volta dos anos 70, onde a discussão sobre assunto se acendeu com a Conferência de Estocolmo, realizada em 1972, tornando-se um marco com a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). “Não há muita gente no planeta terra que realmente entenda o que estamos vivendo. E, uma vez que o problema é tão urgente, um número desses indica uma situação precária. Por isso criar algo como uma consciência global do problema é absolutamente necessário”. Aconselha Schellinhuber. O modo de vida sustentável passa a ser um agir na vida de forma presente e consciente. A ciência de que os próprios atos refletem no todo maior torna-se a grande evolução de nossa época. Parece que, cientes disto, a coisa fica tão obvia que chega a ser inadmissível crer que passamos tanto tempo para nos darmos conta disso. Os mais místicos já crêem que a divisão matéria/espírito passará a inexistir quando nos dermos conta desta conexão vital. A impressão é que chegamos à beira do abismo e agora nos perguntamos — Devemos pular ou construir uma ponte? Nietzsche disse que “o homem é uma corda atada entre o animal e o além-do-homem — Uma corda sobre um abismo”. Intrigantemente parece se tornar claro que este abismo que habita nosso ser é justamente o “elo perdido” da nossa conexão com o meio natural, com a vida inicial. Deste modo há de se pensar que as cidades do futuro serão antes construídas em nosso próprio ser. O que tem sido o papel dos Educadores Ambientais deste novo século. Aparentemente parece ser uma profissão de pouco valor, mas que guarda em si uma responsabilidade infinita em virtudes e ideologias. “Vários vácuos existenciais começaram a ser preenchidos, substituindo aqueles ideais de luta pelo socialismo, pela igualdade, etc, com coisas que se achavam mais factíveis, como essa de defender o meio ambiente”, diz Gildo Magalhães, professor de ideologia das ciências na USP, sobre o surgimento do ecologismo por volta dos anos 60, época dos movimentos Hippies caracterizados por jovens que, desiludidos com a civilização industrial, pregava um retorno a natureza e aos valores iniciais. Argüelles chega a afirmar que os escolhidos para facilitar a reconexão do ser humano com a Terra serão os que conduziram a civilização para um plano cósmico. “A regeneração da Terra por intermédio do aquecimento global estará em marcha acelerada. O caminho será preparado para o advento da Civilização Cósmica. O significado real dos tempos é que estamos agora numa jornada espiritual. (...) Quando aprofundarmos a nossa compreensão espiritual encarando honestamente a nós mesmos e aos nossos tempos, poderemos mudar completamente o nosso estilo de vida, e estar prontos para a chegada da Civilização Cósmica”, afirma. Imparcialmente, nem a ideologia hippie nem o misticismo maia poderão afirmar como serão essas novas estruturas sociais. As respostas estão nas crianças e na forma como as criamos hoje em dia. As novas gerações, empossadas desses novos valores, se encarregaram de efetivar a nova consciência que hoje é pouco mais que teoria. Pedro Aranha, especialista em políticas públicas e meio ambiente da REBEA (Rede Brasileira de Educação Ambiental), crê que as pessoas até que estão abertas às novas idéias e mudanças de comportamento em prol do meio ambiente, exceto quando essas mudanças envolvem hábitos e atitudes. “Aí mexemos em questões de desejo, que são mais complexas. Por isso tem sido uma prática da educação ambiental trabalhar com as crianças, em prioridade”, acrescenta. Então, como será o Futuro? Em verdade não podemos afirmar que nossa civilização futura será de um ou outro modo, isso tudo depende muito do que NÓS seremos até lá. Mas o que impressiona nisso é o fato de como seres minúsculos, como nós, seremos dotados de decidir o futuro de um planeta inteiro. Com certeza a maioria das pessoas ainda nem tem ciência disto, e o que deixa o enredo da vida ainda mais interessante é a expectativa de qual será a reação do homem verdadeiramente global quando este sair de sua “caverna planetária” e olhar quão primitivo ainda somos. Infelizmente, embora ainda bilhões, estamos muito presos à órbita do nosso próprio umbigo para supor. Ninguém disse que evoluir seria fácil. Despertar para o “deserto do real” ainda é extremamente insuportável para a maioria de nós, ainda mais quando nossos defeitos se assemelham aos grãos de areia que o dão forma. Felizmente, enquanto ainda surgirem pessoas como Chico Mendes, Luiz Lutzenberger, e Dorothy Stang, saberemos que ainda haverá uma possibilidade de sermos mais inteiros e plenos como raça global. É tudo uma questão de enxergar através do espelho e nos darmos conta de que o único tempo que existe é o agora. Referencias - Artigo Cidades do Futuro. Entrevista com Hans Joachim Schellinhuber. Meyre Anne Brito. Revista Caros Amigos - Edição especial Aquecimento Global. Ano XI nº 34 Setembro de 2007. - Artigo Outra Verdade Inconveniente – A Nova Geografia. Carlos Walter Porto-Gonçalves. Revista Caros Amigos - Edição especial Aquecimento Global. Ano XI nº 34 Setembro de 2007. - Artigo Educação Ambiental não é Blábláblá. Ana Luiza Moulatlet. Revista Caros Amigos - Edição especial Aquecimento Global. Ano XI nº 34 Setembro de 2007. - Artigo O Portal 11:11 e o Cinturão de Fótons, Projeto Sigma 21, Junho de 2007. visitado em 9 de novembro de 2007. Encontrado em http://sigma21.wordpress.com/2007/06/11/o-portal-1111-e-o-cinturao-de-fotons/ - Artigo Meditação para parar a mente, Calendário da Paz, visitado em 9 de novembro de 2007. Encontrado em http://calendariodapaz.com.br/homeAnoMagoLunarBranco/MeditacaoPararMente.php - Primeira Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano. Encontrado em Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Primeira_Confer%C3%AAncia_das_Na%C3%A7%C3%B5es_Unidas_para_o_Desenvolvimento_Humano *Autor:Fabrício Cruz (Black) Colaborador do CJS/RO, Instituto INDIA Amazônia, RAJMA, Centro de Mídia Independente (CMI) e CIEA-RO.
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