*Após o “grande futebol amador”, o estado de Rondônia já estava passando da hora de se profissionalizar. E na gestão do então presidente da FFER, Heitor Costa, que está no cargo principal do futebol da unidade federativa até o momento, o que estava escrito acabou acontecendo.
*Segundo os presidentes dos clubes amadores, a própria FFER acabou finalizando o contato deles com o futebol, simplesmente por não preparar as equipes para o que vinha para acontecer. “Simplesmente acordamos num dia e já estávamos profissionalizados”, afirmou Horácio Guedes. “Não houve uma preparação por parte da federação para com os clubes da época”, afirma o presidente do Flamengo.
*Em 1991, houve o primeiro campeonato profissional do Estado. Em seu primeiro ano, oito equipes participaram da competição, sendo eles: Ferroviário, Flamengo, Ji-Paraná, Operário, Pimentense, Rio Branco, União Cacoalense e Villhenense. No ano de estréia, o novato Ji-Paraná FC sagrou-se campeão, ao bater o Ferroviário na decisão daquele ano, em Porto Velho.
*Naquele ano, o Ferroviário entrou em campo para averiguar o quanto seria gasto a cada temporada, porém o custo era muito alto para a realidade do clube, que após 1991, afastou-se definitivamente do futebol rondoniense. “Jamais colocarei um dos maiores patrimônios do estado em risco”, afirma Horácio Guedes.
*Segundo o Horácio, existe o interesse de retornar ao futebol do estado, mas sem parceiros e/ou patrocinadores simplesmente torna-se inviável o retorno do clube ao profissional, já que os custos são muito altos.
*Já outra equipe da era amadora que chegou a disputar o futebol profissional foi o Flamengo, que tentou durante três edições permanecerem na competição, porém acabou se afastando do campeonato devido a falta de parceiros e também inexistência de uma verdadeira promoção do campeonato.
*Ao longo tempo até os dias atuais, o futebol rondoniense vem se fragilizando. Muitos clubes surgiram, em apenas 15 anos de profissionalismo, sendo até o momento trinta e duas equipes que já participaram do Estadual, sendo elas: Ajax, Ariquemes, Ariquemes A.C., Cacoal, Cerejeiras, CFA, Cruzeiro, Esportiva, Ferroviário, Flamengo, Genus, Grêmio, Guajará, Industrial, Jaru, Jaruense, Ji-Paraná, Operário, Ouro Preto, Palmares, Pimentense, Pinheiros, Porto Velho, Rio Branco, Rolim de Moura, Santos, Shallon, Ulbra, União Cacoalense, VEC, Vila Nova e Vilhenense.
*Ao longo do tempo várias equipes que então não tinham grande tradição no esporte acabaram surgindo, demonstrando uma nova realidade no futebol rondoniense, que estava acostumada aos tradicionais como: Ferroviário, Flamengo, Moto Clube e Ypiranga.
*Entrando no futebol profissional vamos ao município de Cacoal. A União Cacoalense inicialmente era considerada uma das mais frágeis do estado. O clube sofria goleadas em todo canto que ia, realidade que irritava o torcedor cacoalense.
*A partir de 2000, quando o presidente da União Cacoalense, Luiz Contec assumiu a presidência da equipe, o clube começou a mudar seu jeito de fazer futebol. A Raposa da BR simplesmente passou a ser a grande sensação do estado, culminando em dois títulos estaduais em 2003 e 2004 além de dois vices em 2001 e 2002.
*Segundo Contec, o clube possui uma grande credibilidade com a classe empresarial local além da prefeitura da cidade que ajuda muito a equipe. “Mostramos ao torcedor uma nova maneira de se fazer futebol, o que acabou tornando o torcedor exigente. Não chegamos a final neste ano e o torcedor reclamou, mas não tivemos sorte”, afirma Contec.
*Contec afirma que a União Cacoalense sempre promove bingos e eventos para angariar fundos para o Estadual, procurando desta forma sempre manter “a casa em ordem”. “Seria bom fazer um bingo ou qualquer evento e abrir para todos os municípios, com certeza os clubes iriam gerar mais receita para melhorar ainda mais seus elencos”, afirma Luiz Contec.
*Contec afirma que a falta de união simplesmente prejudica o campeonato e que a falta de uma premiação ao campeão estadual faz com que o clube pense duas vezes antes de gastar. “Não podemos gastar 11 se temos apenas dez”, finaliza o presidente da União Cacoalense.
*Dentre um dos maiores destaques do futebol rondoniense está o Ji-Paraná, clube oito vezes campeão estadual. Porém o presidente do Galo da BR acredita que ao futebol do estado resta uma união entre os clubes. “Existem muitas idéias, mas sempre existem alguns dirigentes que querem arrecadar mais que os outros”, afirma o dirigente.
*Segundo Maritaca existe também o problema da FFER, onde não existe uma verdadeira promoção (divulgação) do campeonato. “O campeonato é bom, porém poderia ser muito melhor caso a federação trabalhasse esse outro lado”, afirma Maritaca.
*A mesma realidade também é discutida pelo presidente do Genus, Evaldo Silva, onde muitas vezes o torcedor não sabe sequer que tem jogo na cidade de Porto Velho ou mesmo quando inicia ou termina o Estadual.
*O presidente do Genus acredita que existindo uma verdadeira divulgação do Estadual com certeza o torcedor aos poucos irá retornar aos estádios. Já o presidente do Ferroviário, Horácio Guedes, afirma que quem freqüenta ainda os campos de Porto Velho são os torcedores da época amadora, que ainda não conseguiram uma identidade com uma das equipes da capital.
*Porém enquanto a capital chora pela falta de público em seu único estádio, Aluízio Ferreira. O interior vibra com uma intensa rivalidade entre as equipes além de manter sempre um bom público em seus palcos demonstrando a proximidade entre clube/torcedor.
*Porém não é apenas nas arquibancadas que o interior da um verdadeiro show na capital. Em número de títulos, clubes como: Ji-Paraná (8), União Cacoalense (2), Ariquemes (2), Guajará (1) e VEC (1) somam ao todo, catorze títulos, enquanto que apenas um ao longo do tempo ficou nas mãos da capital, ou seja, do CFA, em 2002.
*Porém atualmente o único time da capital que conseguiu conquistar um título para a capital está afastado. Segundo seu presidente Luís Augusto Monteiro, o popular Lulu, o clube se afastou devido a falta de profissionalismo de algumas equipes. Em três anos de disputas, o CFA demonstrou ser sempre um forte candidato a títulos, como em 2001 com o vice-campeonato da Copa Rondônia; em 2002 conquistando o título do Estadual; em 2003 sendo vice-campeão Estadual e campeão da Copa Integração da Amazônia.
*O clube demonstrou sempre uma equipe competitiva e valorizando sempre os jogadores da terra, mas o clube ainda pensa em voltar para a disputa. “Se o campeonato estiver bem profissionalmente, o clube volta tranqüilamente, nem que seja na segunda divisão”, afirma Lulu.
*Porém a capital supera o interior na teimosia de fazer futebol, como é o caso do presidente do Shallon, Eliel Silva, que acredita num futuro melhor para a cidade de Porto Velho.
*Eliel luta para que possa manter seu clube na ativa, porém lamenta a falta de apoio do empresário local para poder torná-lo parceiro da equipe na disputa de uma competição estadual. “Para o empresário local, tudo é difícil para o futebol profissional do estado”, afirma o presidente do Shallon.
*Eliel Silva já chegou a se desfazer de uma casa para pagar salários a jogadores de sua equipe, pois quando o mesmo assume um compromisso o dirigente busca manter até o fim. “Minha esposa já pediu inúmeras vezes para deixar o futebol, mas realmente gosto do que faço”, afirma o presidente.
*Outro batalhador é o presidente do Cruzeiro, Domingos Pinheiro, o popular Loló, que luta ano a ano para manter seu clube na disputa do campeonato estadual. Dentre as equipes amadoras, o Moleque Travesso é o único a permanecer na competição. O clube entrou para a história do futebol local neste ano, como o primeiro time rebaixado para a Segunda Divisão do Campeonato Rondoniense.
*A realidade se sobrepõe a esses verdadeiros guerreiros da bola, que lutam em busca de apenas um ideal, o reconhecimento e a glória de um título para coroar seu trabalho a frente das equipes dirigidas pelos mesmos. Fato que ocorreu este ano com o VEC. Depois de tanto persistir em busca da taça, o Lobo do Cerrado conquistou seu título inédito, levando a cidade de Vilhena a geografia da bola na região norte do país.
*Nunca uma cidade comemorou tanto estar numa final. A tarde de domingo, dia 26 de junho, dificilmente será esquecido pelo torcedor vilhenense, que sempre sonhava em chegar a final do estadual. E com o trabalho empreendido pelo presidente Modestino Bastista e seu supervisor José Natal Jacob, o VEC acabou batendo o grande campeão do estado, o Ji-Paraná, levando o torcedor a loucura.
*Impressionante era ao final de jogo, o ex-presidente e atual supervisor do VEC, José Natal, ir aos prantos ao final da partida, demonstrando o amor que o dirigente tem por este clube que hoje é o atual campeão rondoniense.
*O futebol consegue mover multidões e a romper barreiras, procurando sempre a glória maior de uma conquista.