*Mais uma vez o presidente da Fundação Hospital do Câncer de Rondônia (FHCR) José Ferrari,
vem a público afirmar, de maneira apelativa, que a culpa pelo não funcionamento do
Hospital do Câncer é da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau). O que o médico, não diz,
é que a unidade está parada por problemas documentais e por falta de autorização do
Ministério da Saúde (MS).
*O médico, em sua reclamação, relata de forma bucólica, que os técnicos do MS vistoriaram
o hospital e consideraram a obra “sem dúvida, um primor”. E segue a romântica avaliação
“sem qualquer dúvida entre os melhores hospitais do Estado”. Tudo muito belo se não fosse
triste. Os técnicos elogiaram, mas não autorizaram o funcionamento, pois a obra foi
totalmente reprovada para ser um hospital do câncer. O médico, mesmo tentando não mostrar
a realidade, a faz transparecer quando afirma, “fizeram uma ressalva e, na opinião dos
técnicos do MS o prédio precisa ser ampliado, assim como o número de leitos, para que o
mesmo tenha auto sustentabilidade”.
*De fato, a ressalva dos técnicos do MS está correta, mas o que o presidente da fundação,
não quis informar, é que ele nunca deu ouvidos aos que sabiam que, para uma unidade de
tratamento de câncer funcionar, ela necessitava de toda estrutura de um hospital geral. A
ressalva, indica justamente esse ponto. O MS em 1998 criou a portaria nº 3535, que
atribui funções e só habilita uma unidade de saúde se ela estiver adequada às normas
relativas às suas funções. O doutor Ferrari iniciou as obras do hospital, somente em 2001.
*As regras do ministério entendem, que o hospital que cuida da enfermidade, não deve
ficar restrita somente a um tipo de atendimento. Como exemplo, um paciente oncológico,
além do tratamento tradicional com rádio e quimioterapia, ele também necessita de
atendimentos complementares que podem envolver serviços como os de ortopedia,
gastrologia, pediatria, ginecologia, dermatologia, odontologia e assistência social.
Resumindo, “auto sustentabilidade”. É por esse motivo, que Ferrari infelizmente não quer
reconhecer, que o HB realiza os atendimentos de pacientes com câncer e que o hospital da
fundação não conseguiu a autorização de funcionamento.
*Os recursos estimados pelo MS para adequação do hospital, ficaram em cerca de R$
4.500.000,00, sendo R$ 2.400.000,00 destinados à adequação estrutural, R$ 2.100.000,00 na
compra de equipamentos. Para manutenção, R$ 1.000.000,00 em gastos mensais, sendo R$
700.000,00 viabilizados pelo Governo do Estado
*A propósito do local onde está construído o prédio da fundação, o médico mais uma vez
apela para um discurso com palavras fortes, que consideramos corretas, para defender a
tese de que, não há problema algum, de o hospital estar em terreno da União. “O terreno
pertence ao povo e foi emprestado para que ali fosse construído um hospital para servir o
próprio povo, legitimo proprietário do terreno”. Mais uma vez seria bonito se não fosse
triste. Para se poder realizar qualquer convênio com o poder público, as leis exigem que
as partes estejam totalmente regularizadas. Infelizmente as leis, muitas vezes não
agradam nossas convicções. O registro correto do terreno é fundamental para o processo de
validação legal. O que não acontece com a fundação pois, além da questão do terreno da
União, o doutor Ferrari precisa regularizar a situação da obra perante a construtora.
*A empresa L&A Engenharia, empresa que construiu o hospital, entrou com uma ação na
justiça contra a fundação, que “sub-judice”, paralisou as obras da unidade. A construtora
alega que a associação, comandada pelo doutor Ferrari, não efetuou corretamente o
pagamento da obra. Segundo informações enviadas a Sesau, em 19 de abril de 2006, pela
empresa, a fundação tem uma dívida de R$ 70.345,18, acrescido de correção monetária e
juros de 1% ao mês, contados desde outubro de 2004. Ainda conforme a sentença, se uma
outra empresa assumir a obra, será cobrada uma multa diária de R$ 5.800,00.
*No segundo semestre de 2004, foi iniciado o processo de pactuação entre a fundação, Sesau
e MS, iniciando uma série de reuniões, avaliações e visitas ao local. As partes
envolvidas fizeram o levantamento das ordens das ações visando resolver as
irregularidades.
*Para efetivação do convênio é necessário que, a União ceda através de doação, a área para
a fundação, formalizando o contrato de comodato. A partir daí, a fundação cederia o
imóvel para a responsabilidade do hospital para o Estado. A liberação para o
funcionamento do hospital, somente será feita, depois de formalizado o contrato de
comodato. O processo ainda está em andamento, sendo aguardada a análise em Brasília pelo
Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.
Mas para isso acontecer e de fato o hospital funcionar, o doutor Ferrari precisa
reavaliar seu ponto de vista, e entender que em vez de polemizar, o momento é de união,
pois não estamos preocupados com vaidade pessoal, muito menos autopromoção, mas sim, com
a saúde da população. Por esse motivo é que, aconselhamos o doutor Ferrari, a gastar suas
energias na regularização de sua obra. Queremos ainda lembrar o doutor Ferrari que
infelizmente e contra a nossa vontade, todo esse processo é burocrático e demanda tempo,
então quanto mais rápido o doutor trabalhar, mais rápido será o inicio do funcionamento
do hospital. Então, nessa hora, poderemos dizer juntos, as belas e fortes palavras usadas
pelo doutor Ferrari “o terreno pertence ao povo e foi emprestado para que ali fosse
construído um hospital para servir o próprio povo, legitimo proprietário do terreno”.
*
Veja também: *
NOTA DE ESCLARECENTO ? Hospital do Câncer de Rondônia