Samuca à flor da pele - Por: Edneide Arruda

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Foto: Divulgação

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*Corria o ano de 1929, do século XX. Uma crise cambial abalava o mundo, com a queda da Bolsa de Nova Iorque, nos EUA, principal potência econômica do planeta. Exatos nove meses antes, nascia em Atlanta, na Geórgia, aquele que se tornaria conhecido no mundo, pela célebre frase “I have a dream” (“Eu tenho um sonho”). *Em seu discurso histórico, proferido em 1963, Martin Luther King (1929-1968), líder negro pacifista e pastor norte-americano, que liderou 381 dias de boicote à discriminação racial, celebrizou-se ao dizer: “...Eu tenho um sonho que um dia minhas quatro crianças viverão em uma nação onde não serão julgadas pela cor da pele, mas sim, pelo conteúdo de seu caráter”. *Pela força deste sonho Luther King protestou, lutou, liderou marchas, resistiu, foi preso e reagiu com mais manifestações; todas pacíficas. Em 1960, ele conseguiu liberar aos negros acessos aos lugares públicos. Em 1964, a aprovação da Lei dos Direitos Civis de todos os cidadãos dos EUA, e, em 1965, a aprovação da Lei dos Direitos de Voto (abolindo o uso de exames que visavam impedir a população negra de votar). *Um branco violento tirou a vida de Luther King em 1968, e hoje resta ao mundo fazer-lhe uma homenagem sempre na terceira segunda-feira de cada mês de janeiro. Não resta, porém, a milhões comemorar o fim das discriminações de raça. *O calendário dos acontecimentos faz pensarmos sempre que as semelhanças são meras coincidências. Não são. São fatos históricos e escolhas. No início da década de 80 do mesmo século, no coração da Amazônia, nascia um caboclo sonhador: Samuel Pessoa da Silva, o primeiro coordenador municipal da juventude, de Porto Velho. *Como Luther King, Samuel também tem um sonho: “Eu sonho em ver um dia o empoderamento da juventude, para que ela possa ter seu espaço e as condições de protagonizar a transformação necessária ao bem coletivo”, afirma. *Esse sonho vem de tudo que o jovem presenciou na periferia onde vive. Em meio ao calor escorregadio das manhãs, tardes e noites de Rondônia, Samuca, assim chamado por poucos, passou a circular pelas ruas escuras e esburacadas da velha Porto, e viu a precariedade a que sempre esteve relegada a maioria da população – em geral, migrante e pobre. *Na seqüência da vida, ele viu amigos irem presos por roubar galinhas, mães chorarem a perda de um filho assassinado, meninas se prostituírem em nome da sobrevivência da família, e muita falta de comida e alegria. “Além da violência, que é exibida cotidianamente nos telejornais, vi a violência da miséria em que se encontram milhares de seres humanos, sem condições de sobrevivência”, diz ele. *Olhar amplo, politizado, Samuca, que é também coordenador estadual do Movimento de Meninos e Meninas de Rua, diz ter enxergado o abandono de crianças por pais, que saem para se divertir, deixando seus filhos à deriva da sorte de que nada de mau lhes aconteça. “Isso também é uma violência”, revolta-se. *As semelhanças de que fala o texto são sinônimos de opção por uma filosofia de vida. Samuel, que cedo começou a perceber o mundo que o cercava, logo iniciou sua militância nos movimentos sociais, lutando pelos direitos das crianças, jovens e adolescentes e dos índios, caboclos e negros. *Com seu sonho e com muita luta, ele foi aos poucos, pondo sua marca por onde passava: no movimento social, na música da Banda Quilomboclada e na ação política. *Percebe-se que ele já ganhou o primeiro round: de ilustre desconhecido dos palácios e cortes, galgou a oportunidade de dar visibilidade às suas preocupações com a juventude, por meio da administração pública. *Sensibilidade à flor da pele, Samuca se emocionou e fez chorar, no dia de sua posse à frente da Coordenadoria Municipal da Juventude, quando viu nas mãos esta oportunidade de perseguir seu sonho de ver invertida a lógica social e político-administrativa sobre os jovens. *Humilde, soube reconhecer apoios. Cuidadoso, falou direto aos que nele confiam, sobre sua consciência da árdua missão que assumiu. Mas convidou todos a ajudá-lo a formular políticas e programas que incluam, enfim, os 40% da população portovelhense - que é jovem. *Fiquemos na torcida para que Samuel, que já conta com o apoio do Prefeito Roberto Sobrinho, tenha, agora, o auxílio da sociedade de Porto Velho, e consiga realizar seu sonho de ver uma legião de deserdados, protagonizando seus feitos e expondo seus potenciais na conquista de sua cidadania. *Edneide Arruda é jornalista * Leia também: *-Comunidade constrói projeto agroecológico *-“Fica Comigo Essa Noite” estréia nesta sexta no Teatro Um, na capital *-No blog do Cláudio Humberto: candidato do PSOl utiliza e-mail da UNIR em benefício eleitoral * Veja o vídeo: *-Enduro Capitão Poester agita o domingo na capital
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