*A Secretaria Municipal de Esportes de Porto Velho realizou no inicio do mês de maio (8 a 13), os 2º Jogos Paradesportivos da capital. Segundo a Semes, o evento foi um sucesso de público e participantes.
*Mais de 300 atletas deficientes teriam disputado sete modalidades – Natação, Atletismo, Basquete, Futsal, Halterofilismo, Tênis de Mesa e Bocha.
*Um grande projeto foi montado pela Secretaria, que há menos de oito meses já tinha realizado o 1º Paraporto. A equipe do município não esperou completar um ano, que é de práxis nos eventos quando não realizados em forma de campeonato com várias etapas.
*O 2º Paraporto foi realizado paralelamente ao campeonato da regional Norte de Basquete em Cadeira de Roda. Para este evento, coordenado pela Abradecar – Associação Brasileira de Desporto em Cadeiras de Rodas –, vieram atletas do Amapá e Pará.
*Para a realização do Brasileiro de Basquete para cadeirantes, fontes consultadas pela reportagem garantem que houve patrocínio da Eletronorte, Boticário e Grupo Milla.
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Contradição nos números apresentados
*As entidades convidadas para participar do Paraporto foram: APAE de Porto Velho, Sociedade Pestalozzi de Porto Velho, CENE - Centro de Ensino Especial Prof. Abinael Machado, RCP – Rondônia Clube Paraolímpico, FEDER – Federação dos Portadores de Deficiência, AMA – Associação Amigos de Altista e a ASDEVI – Associação dos Deficientes Visuais, além das academias Vida Ativa e Escola de Natação Dentro Dágua.
*A APAE inscreveu 40 atletas, mas apenas 30 participaram efetivamente. Segundo a professora Mara, alguns alunos desistiram na hora, por estarem doentes ou ainda por motivos particulares.
*Na FEDER, nenhum atleta ligado a entidade participou. De acordo com o presidente Mário, a entidade não participou por divergências com os realizadores. A Federação possui mais de 200 filiados.
*Na sociedade Pestallozzi, a professora Suzy Reis disse para a reportagem que a entidade participou com aproximadamente 40 atletas nas modalidades de natação, bocha e atletismo. Segundo a professora, um ônibus que era para buscar os alunos sempre atrasava sendo que a maioria dos alunos foi levada por seus pais, sendo que os da natação, a própria professora levou no seu carro.
*Os 56 atletas do Centro de Ensino Especial Profº. Abimael Machado de Lima - CENE, que participaram da competição não ficaram satisfeitos com a organização do evento.
*Segundo os contatos que a redação do
rondoniaovivo.com teve com a coordenação de apoio ao esporte do Centro, a organização do Paraporto não foi como eles esperavam. Um exemplo foi no lanche, sendo que a falta de higiene foi completa, como os pães que eram pra colocar o molho de cachorro quente e que estavam acondicionados dentro de um saco preto, típico para transportar lixo caseiro. Os participantes não comeram as refeições.
*Um outro fato narrado foi que os atletas tiveram que competir com membros da mesma instituição, pelo motivo de não haver participante suficientes para realização de confrontos.
*A reportagem apurou que outra entidade citada como participante, o RCP – Rondônia Clube Paraolímpico possui 90 filiados/atletas e nenhum participou do Paraporto. A entidade teria boicotado em represália a uma possível “cópia” do projeto.
*De acordo com um atleta Paradesportivo, que prefere não se identificar, havia mais árbitros do que atletas. “Não temos 322 atletas em Porto Velho” afirmou o indignado atleta.
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Porto Velho não tem 322 atletas paradesportivos
*A Semes divulgou que participaram 320 atletas, que na verdade foi um número projetado. Aproveitando a quantidade, fontes garantem que refeições, lanches, transporte, premiação seguiram a mesma quantidade. Números levantados pelo
Rondoniaovivo chegam a 126 atletas, faltando ser ouvido uma academia e uma escola de natação que teriam apenas 6 atletas. Aí teria sido o “ralo” onde escoou o dinheiro público.
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Custos do Paraporto
*De acordo com projeto inicial da Semes, foram servidos 1.760 lanches, ao custo de R$ 2,00 a unidade, custando aos cofres municipais
R$ 3.520,00. Um lanche de maior qualidade, custa no centro de Porto Velho, R$1,50.
*O projeto inicial previu o consumo além dos cachorros quentes, 850 refeições, 320 cafés da manhã, 200 litros de refrigerante e apenas 120 garrafas de 500 ml de água mineral. As despesas com alimentação seriam de mais de
quinze mil reais.
*O aluguel do ônibus, que quase não trabalhou, ficou por
cinco mil reais para os cinco dias de competição.
*Na arbitragem o projeto inicial previu
R$ 6.810,00 com o pagamento de árbitros. Seriam 4 de natação, 20 de atletismo, 16 de basquete, 10 de futsal, 1 de halterofilismo, 3 de tênis de mesa e 4 para bocha, num total de 58 profissionais.
*Com a decoração, sonorização e apoio, mais R$
6.000,00 foram previstos para o Paraporto.
*Na premiação 320 medalhas foram confeccionadas. Também foram adquiridos 20 troféus de 45 cm de altura. Mais
R$ 1.800,00 teriam sido gastos com os prêmios.
*No quesito de divulgação e marketing as previsões chegaram a
R$ 18.880,00. Neste ponto, a Semes conseguiu o apoio do BASA – Banco da Amazônia para a confecção de 400 Kits de camisa e boné (
valor de R$ 21,50 – preço acima do praticado no mercado), e outros itens que chegaram ao valor de
R$ 10.900,00. Segundo Leila Andrade, do setor administrativo do banco, o convênio já foi pago.
*Segundo denúncias, as camisetas foram entregues com a etiqueta cortada, numa clara afronta à lei 8.666 que exige a marca do produto.
*Todos os participantes de Porto Velho ouvidos pela reportagem garantem que não almoçaram com os recursos da Semes. Já os participantes que vieram do Amapá e Pará comeram da refeição servida pela Secretaria. Além de ser servida sempre atrasada, a comida vinha fria e com mau cheiro. Atletas do Pará recusaram a alimentação e comeram em restaurante particular.
*Denúncia afirma que o diretor de esportes adaptados, Luis Silva Pinto e sua amiga, Rossilena Marcolino de Souza, antigos administradores da Asdefron (
que faliu por desvio de recursos) foram intermediários das negociações.
*Cabe agora o secretário de esportes de Porto Velho, o comunista Manoel Ezidio, vir a público e explicar a diferença de números de atletas e os valores empenhados. Se não foram 322 atletas participantes, como foram consumidos tantas refeições, lanches e medalhas? Onde foi parar a diferença financeira do projeto?
*Se não houve desvio, com certeza houve mal-gerenciamento e superdimensionamento com prejuízos para o erário do município. Com a palavra as autoridades responsáveis.
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Saiba mais sobre irregularidades da SEMES:
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Semes - Troféus eram "sobra" do ano passado
*Semes não está cumprindo lei Federal 8.666 que rege licitações públicas