O maior registro áreas queimadas no Brasil no período foi na Amazônia, que totalizaram 5,59 milhões de hectares. O segundo bioma mais afetado pelo fogo foi o Cerrado, com 9,6 milhões de hectares - 85% dos quais (ou 8,2 milhões de hectares) em áreas de vegetação nativa. Esse número representa um aumento de 47% em relação à média dos últimos 5 anos. Houve aumento também no Pantanal, onde a área queimada de janeiro a novembro foi de 1,9 milhão de hectares e representou um crescimento de 68% em relação à média dos últimos 5 anos.
A área queimada nos demais biomas entre janeiro e novembro deste ano foi: 1 milhão hectares na Mata Atlântica, sendo que 71% da área afetada estava em áreas agropecuárias; 3,3 mil hectares no Pampa; e 297 mil hectares na Caatinga - uma diminuição de 49% em relação ao mesmo período de 2023, com 82% das queimadas concentradas em formações savânicas. Eduardo Velez, da equipe do Pampa do MapBiomas, explica que a área queimada no Pampa é a menor dos últimos três anos para esse período. "Trata-se de uma consequência da maior umidade observada na região, com chuvas acima da média para o período", detalha.
O estado que mais queimou nos 11 primeiros meses deste ano foi o Pará, com 6,97 milhões de hectares. Esse total equivale a 23% de toda a área queimada no Brasil e a 41% do que foi queimado na Amazônia entre janeiro e novembro. Mato Grosso e Tocantins ficaram em segundo e terceiro lugares, com 6,8 milhões e 2,7 milhões de hectares, respectivamente. Juntos, esses três estados totalizaram 56% da área queimada no período no país. Os municípios de São Félix do Xingu (PA) e Corumbá (MS) registraram as maiores áreas queimadas entre janeiro e novembro de 2024, com 1,47 milhão de hectares e 837 mil hectares queimados, respectivamente
Em todo o país, o fogo atingiu prioritariamente áreas de vegetação nativa, que representam 73% do total. Um quarto (25%) da área queimada no Brasil foi em florestas. Entre as áreas de uso agropecuário, as pastagens se destacaram, com 6,4 milhões de hectares queimados entre janeiro e novembro de 2024, ou 21% do total nacional.
"Os números de 2024 são alarmantes, especialmente considerando que 2023 já havia registrado uma tendência de alta, comprometendo não apenas os biomas mais afetados, como Amazônia e Cerrado, mas também o equilíbrio climático", alerta Vera Arruda, pesquisadora no IPAM e coordenadora técnica do Monitor do Fogo do MapBiomas. "O recorde de área queimada também em florestas afeta sua capacidade de regeneração e a resiliência ecossistêmica", ressalta.
Área queimada em novembro concentra-se na Amazônia e no Pará
Os números de novembro refletem o arrefecimento da estação do fogo no Brasil, porém em patamares mais altos que em 2023. Embora represente uma queda em relação aos 5,2 milhões de hectares queimados em outubro, a área afetada pelo fogo em novembro foi 70% maior em relação à média para esse mês nos últimos seis anos. Os 2,2 milhões de hectares queimados em novembro – área equivalente ao estado de Sergipe - correspondem a 7,4% de toda a área queimada no Brasil de janeiro a novembro de 2024.
Quase dois terços (64%) da área queimada em novembro de 2024 foi de vegetação nativa – a maioria em florestas (40% da área queimada no mês). Novamente as pastagens se destacam entre as áreas de uso agropecuário, com 32,7% da área queimada em novembro de 2024.
A Amazônia representa 81% do total queimado no mês. Os 1,8 milhão de hectares representam o dobro em relação à média para o mês nos últimos seis anos. O tipo de vegetação nativa que mais queimou foram as florestas, com 37% da área queimada em novembro de 2024 (662 mil hectares). A classe de uso da terra mais afetada foi pastagem, com 38% da área total queimada na Amazônia em novembro de 2024 (680 mil hectares).
"Esse crescimento da área queimada na Amazônia reflete não apenas a intensificação das atividades humanas, mas também a continuidade de condições climáticas adversas, com a seca que já marcava 2023 e se prolongando por 2024. Este aumento considerável evidencia a crescente vulnerabilidade das florestas diante da seca prolongada e da pressão do desmatamento", explica Felipe Martenexen, pesquisador do IPAM e da equipe do Monitor do Fogo do MapBiomas. "Em 2024, observou-se uma mudança preocupante no padrão das áreas atingidas pelo fogo, enquanto nos últimos seis anos as queimadas afetaram predominantemente áreas de pastagem, neste ano as florestas passaram a ser as mais impactadas", destaca.
Dentro da Amazônia, quase metade (48%) da área queimada em novembro fica no Pará, onde 870 mil hectares foram afetados pelo fogo. Maranhão (477 mil hectares) e Mato Grosso (180 mil hectares) são o segundo e o terceiro estados com maior área queimada em novembro.
Os três municípios que mais queimaram no Brasil em novembro ficam no Pará: Oriximiná (81 mil hectares), Moju (54 mil hectares) e Nova Esperança do Piriá (50 mil hectares). Em Santarém, foram queimados 10,7 mil hectares em novembro - mais de 277% em relação a outubro deste ano, quando foram queimados 2,8 mil hectares no município. Apesar desse grande crescimento de um mês para o outro, a área queimada em novembro de 2024 está abaixo do mesmo período no ano passado, quando 54,7 mil hectares foram atingidos pelo fogo em Santarém.
"O estado do Pará, que liderou o ranking de queimadas no Brasil no mês de novembro, enfrenta graves consequências ambientais e de saúde pública", adverte Felipe Martenexen." Entre as regiões mais afetadas está Santarém, no oeste do estado, onde a qualidade do ar tem se deteriorado rapidamente. Os moradores convivem com uma atmosfera carregada de partículas tóxicas, que afetam a visibilidade e aumentam os riscos de doenças respiratórias", explica.
No Cerrado, o fogo atingiu 237 mil hectares em novembro. Áreas de vegetação nativa representaram 74% desse total (175 mil hectares), principalmente formações savânicas (96 mil hectares) e formações florestais (63 mil hectares). No Pantanal, a área atingida pelo fogo em novembro foi de 98 mil hectares, 87% em áreas de formação campestre. Na Mata Atlântica, 12,5 mil hectares foram queimados em novembro, principalmente em áreas de várzea (35% ou 4,4 mil hectares).
Sobre o Monitor do Fogo: O Monitor do Fogo é o mapeamento mensal de cicatrizes de fogo para o Brasil, abrangendo o período a partir de 2019, e atualizados mensalmente. Baseado em mosaicos mensais de imagens multiespectrais do Sentinel 2 com resolução espacial de 10 metros e temporal de 5 dias. O Monitor de Fogo do MapBiomas revela em tempo quase real a localização e extensão das áreas queimadas, facilitando assim a contabilidade das áreas afetadas pelo fogo. Acesse o Monitor do Fogo e os Boletins Mensais.
Sobre MapBiomas: iniciativa multi-institucional, que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia, focada em monitorar as transformações na cobertura e no uso da terra no Brasil, para buscar a conservação e o manejo sustentável dos recursos naturais, como forma de combate às mudanças climáticas. Esta plataforma é hoje a mais completa, atualizada e detalhada base de dados espaciais de uso da terra em um país disponível no mundo. Todos os dados, mapas, métodos e códigos do MapBiomas são disponibilizados de forma pública e gratuita no site da iniciativa: mapbiomas.org.