A partir do sumiço da dona de um salão de beleza no DF foram encontradas seis pessoas carbonizadas em dois carros
Foto: Montagem/Correio Braziliense
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O desaparecimento misterioso de oito pessoas da mesma família fez as polícias civis do Distrito Federal, de Goiás e de Minas Gerais montarem uma força-tarefa.
As equipes se empenham em colher elementos para solucionar o sumiço da cabeleireira Elizamar da Silva, 39 anos; dos filhos — os gêmeos Rafael e Rafaela da Silva, 6 — e Gabriel da Silva, 7; do marido, Thiago Gabriel Belchior, 30; dos pais dele, Renata Juliene Belchior, 52, e Marcos Antônio Lopes de Oliveira, 54; e da irmã dele, Gabriela Belchior, 25.
Após os registros de desaparecimento, seis corpos foram encontrados totalmente carbonizados. Os cadáveres estavam em dois veículos, de propriedade de Elizamar e do sogro dela.
Na tarde de sexta-feira (13), a polícia recebeu um chamado para uma ocorrência de um veículo encontrado carbonizado no meio da pista, na GO-436, rodovia de Cristalina (GO) e distante cerca de 130km de Brasília.
O carro, um Clio preto, foi destruído pelas chamas e, no interior, os investigadores encontraram quatro ossadas, sendo de um adulto e três crianças. O automóvel está em nome de Elizamar, mas ainda não é possível confirmar que os corpos são dela e dos filhos, porque a polícia aguarda o resultado do laudo do Instituto de Medicina Legal (IML).
“Pedimos prioridade e acreditamos que, nesta semana, teremos uma resposta”, afirmou, ao Correio, o delegado da Delegacia dos Grupos de Repressão a Crimes Patrimoniais e a Narcóticos de Cristalina (Gepatri/Genarc), Cassius Zamo.
Os investigadores tentam traçar o passo a passo que o condutor do veículo fez para chegar até a cidade goiana. Ontem, policiais civis saíram em busca de câmeras de segurança das rodovias, que podem ser peças-chave na apuração. De acordo com o delegado, o primeiro passo é aguardar o resultado dos laudos e, depois, rastrear o itinerário do automóvel.
Sumiço
No dia em que desapareceu, na quinta-feira da semana passada, Elizamar saiu de casa, no Condomínio Porto Rico, por volta de 12h40, para trabalhar no salão onde é proprietária, na 307 Norte. Antes de perder o sinal, a localização do celular da empresária indicou que ela esteve no estabelecimento entre 13h30 e 21h20.
Depois, chegou ao Condomínio Residencial Novo Horizonte, no Itapoã, por volta de 23h e permaneceu por 20 minutos. À polícia, uma funcionária do salão contou que Elizamar lhe ofereceu uma carona até o ponto de ônibus ao final do expediente.
Por volta das 22h, a amiga avisou à cabeleireira que tinha desembarcado do coletivo e, em resposta, Elizamar disse que estava chegando ao condomínio da sogra. Cerca de 40 minutos depois, a funcionária enviou uma nova mensagem, mas sem sucesso.
O filho mais velho de Elizamar, de 23 anos, disse em depoimento que a mãe combinou de buscar o marido na casa da sogra, no Itapoã, após o término do expediente. Thiago ajudava o pai em uma mudança e, em telefonema com o enteado, disse que teve um desentendimento com a mulher e ela foi embora com as três crianças no carro.
Ao sair do condomínio, o histórico de localização do celular da cabeleireira indicou “não há modo trajeto”. Por volta de 00h30, o rastreio do celular mostra que o carro passa por um posto de gasolina e, por último, pela BR-260.
Preocupada, a família registrou um boletim de ocorrência por desaparecimento na 33ª Delegacia de Polícia (Santa Maria), região onde Elizamar mora com os filhos e o marido. A ocorrência, no entanto, passou para a 6ª DP (Paranoá), uma vez que a empresária desapareceu ao sair da região de carro.
Ao Correio, a filha de Elizamar, que prefere não se identificar, contou que fez o teste de DNA e aguarda o resultado. “Se forem eles, eu não acredito que minha mãe tenha cometido suicídio e nem nada disso. Antes de qualquer coisa, ela colocava os filhos em primeiro lugar. Não sabemos o que está por trás disso, mas está tudo muito estranho”, desabafou.
Doze horas depois, na manhã de sábado, um segundo carro foi encontrado queimado. Dessa vez, o veículo, um Siena, estava em uma rodovia de Unaí (MG) e, dentro, dois corpos carbonizados. As investigações revelaram que o automóvel pertence a Marcos Antônio Lopes, pai de Thiago e sogro de Elizamar.
A identidade das vítimas só será possível ser confirmada mediante o resultado dos laudos de DNA. Pelo estado em que os corpos foram encontrados, os exames tendem a ser complexos e demandam mais tempo, segundo afirmou o delegado Cassius.
Força-tarefa
Nesta segunda-feira (16/1), o governador do Estado de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), determinou uma força-tarefa policial para elucidar o caso. A ação consistirá no reforço de policiais lotados na Delegacia de Cristalina e de outras regionais do estado. A ideia é que as investigações avancem o mais rápido possível.
Além dos policiais civis, trabalham agentes do DF e de Minas Gerais. Apesar da cooperação entre a unidade da federação e os dois estados, os policiais do DF estão encarregados pela investigação do desaparecimento.
Já os de Goiás, concentram os esforços em saber o que motivou o incêndio no Clio preto, se foi ou não criminoso. Os policiais de Minas trabalham para apurar as causas do segundo veículo incendiado, o Siena.
Crucial para as investigações, o depoimento de uma testemunha pode auxiliar os policiais a entenderem o que aconteceu. O Correio apurou que um funcionário de uma empresa viu de longe o momento em que uma pessoa ainda não identificada teria jogado uma espécie de líquido sobre o Clio preto.
De acordo com o relato, a pessoa segurava algo semelhante a um galão e ouviu um estampido em seguida.
As informações estão sendo filtradas e analisadas pelos investigadores. A polícia pede para que, caso alguém tenha notícias dos paradeiros dos desaparecidos, ligue para o número 197, da Polícia Civil.
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