Acre - 5ª maior média brasileira em mortes por acidentes de trabalho

Acre - 5ª maior média brasileira em mortes por acidentes de trabalho

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Foto: Divulgação

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*"Infelizmente, isso é verdade", afirma Francisca Niures de Souza, coordenadora de fiscalização rural e substituta da chefia de segurança da Delegacia Regional do Trabalho (DRT). Segundo ela dados divulgados pelo Anuário Brasileiro de Proteção 2005, os setores mais problemáticos são a Indústria de Alimentos, a Construção Civil e Rural, Indústria da Transformação, Comércio e Veículos. *Nos últimos 13 anos, morreram 29, 4 acreanos para cada grupo de mil acidentes registrados, sendo que a média de óbitos por acidentes de trabalho no Estado desde 1990 é de cinco trabalhadores por ano. *Em São Paulo, que registrou 15.561 trabalhadores mortos entre 1990 e 2003, o índice de mortes em relação ao número de acidentes totais é de 5,3 para cada mil acidentes registrados, ou 53 para cada 10.000. No Acre o índice é 5557% maior do que em São Paulo, divulgou o Anuário. *Isso acontece porque, de acordo com a fiscal, uma das principais causas é a resistência por parte dos empregadores em adotar medidas de segurança dentro do ambiente de trabalho. "Falta consciência por parte deles. Nós também estamos tendo problemas críticos na área de derrubadas (de árvores)", revela Niures, cuja equipe da DRT às vezes passa um dia inteiro para encontrar esses trabalhadores no meio da floresta. "Temos dificuldades porque não conhecemos esse povo. Às vezes andamos 200 quilômetros de estrada, mais 40 de ramal para localizar uma única fazenda, sendo que muitas vezes, quando sabem da nossa ida, os proprietários se escondem. A floresta é um labirinto". *No máximo, a equipe de fiscalização encontra vestígios, pistas de que algo acontece por ali, mas não podem provar nada. Outro grande problema da DRT é quanto à assinatura de carteiras de trabalho, tanto na área urbana quanto, principalmente, na rural, como no setor agropecuário. *Mas os problemas não param por aí. Além de a DRT não ter competência para obrigar a empresa a assinar a carteira - assim garantindo e efetivando os direitos dos funcionários - existem casos em que, devido à falta de esclarecimento, muitos trabalhadores preferem submeter-se ao risco de sofrer acidente e permanecer no ambiente insalubre de trabalho a fim de receber indenização por isso. *"Mas se os empregadores cumprem a lei e mesmo assim o empregado continua correndo risco, ele não tem direito à indenização alguma", alerta Niures. *Comissão Interna de Prevenção de Acidentes *Para combater e reduzir os acidentes e especialmente as mortes no trabalho, a Delegacia trabalha com programas de prevenção de riscos e com as famosas Cipas (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), que são instituições formadas pelos próprios funcionários para fiscalizar o ambiente de trabalho das empresas em que atuam e exigir que os colegas usem proteção. *"A Cipa é obrigatória em empresas com mais de 20 empregados e existe muita resistência em instalá-la por parte dos patrões porque essas instituições dão estabilidade ao funcionário", ressalta a fiscal. *Uma vez fazendo parte da Cipa, o servidor acompanhará a vida dos demais colegas na empresa, ava-liando desde a comida do almoço até o que ocasionou um eventual acidente - com a garantia de pelo menos dois anos sem poder ser demitido. *"Dá para contar nos dedos quantas empresas no Estado cuidam dos funcionários" *São histórias revoltantes com as quais a Delegacia do Trabalho lida diariamente. "Dá para contar nos dedos quantas empresas daqui seguem as regras. É cada história horrível que a gente acompanha", relata a fiscal. *Devido ao monitoramento da trajetória de um trabalhador que procura a DRT em busca dos seus direitos, Francisca Niures chega a se envolver emocionalmente com as histórias dessas pessoas. "A gente se revolta. Chega a levar para o lado pessoal mesmo", admite. *Houve trabalhador que precisou se aposentar por conta de vale-transporte. Como a maioria das empresas não dá vale-transporte aos seus funcionários, muitos precisam se locomover de bicicleta no trajeto trabalho-casa. Como o trânsito de Rio Branco é caótico, já dá para imaginar o destino de muitas dessas pessoas. *"Por conta do trânsito daqui, não é difícil ocorrer acidentes e a pessoa vir a morrer. Atendi um trabalhador que sofreu um acidente na bicicleta e passou um bom tempo em coma. Quando acordou, estava com problema na fala e completamente inutilizado para o resto da vida", recorda Niures. *É por casos como esse, entre vários outros, que o Acre está entre os primeiros do ranking de mortes por acidentes no trabalho (incluindo aí o trajeto de ida e de volta). Em vez de seguir exemplo de empresas como a de biscoitos Mabel (citada pela própria fiscal), que se preocupa com a satisfação, saúde e prevenção de acidentes de seus funcionários porque dessa maneira eles produzem mais e melhor, empresários locais preferem manter a mentalidade de que investir em seus servidores é jogar dinheiro fora. *"É incrível como muitos empresários daqui ainda pensam que cuidar da saúde de seus funcionários custa caro. Mas quanto vale a vida de uma pessoa?", questiona a fiscal. A pergunta fica no ar.
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