É fácil criticar as instituições, quando não se faz o dever de casa

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Metidos até o pescoço em uma crise econômica, social, politica e administrativa, substituímos a capacidade de rapidamente sair dela pela atribuição de apontar o dedo na direção de outrem. Essa tem sido a prática de administradores e políticos. Não é preciso ser especialista em nada para saber que várias são as causas do momento difícil pelo qual atravessamos, dentre elas, dirigentes públicos e políticos - com as devidas exceções - que não revelam interesse pelo bem comum da mesma forma e com a mesma intensidade com que defendem seus próprios e mesquinhos interesses.

 

Dos dois segmentos acima é verdadeiro afirmar que não compreendem com exatidão o papel que lhes incumbe, como mandatários da vontade popular. Por conta disso, tendem a buscar podes expiatórios fora do circuito de atuação, criando, assim, um círculo vicioso, que a ninguém aproveita. Quando a incompetência não os deixa fazer o dever de casa e, consequentemente, são enquadrados pelos órgãos de fiscalização, logo saem com a desculpa de que estão sendo perseguidos, aprofundando ainda mais a crise contra a qual se debate a sociedade.

 

Exemplo disso foi o que aconteceu semana passada. Incomodado com a atuação proficiente do Ministério Público de Contas do Estado de Rondônia, uma autoridade municipal saiu em tropelia contra o MPC-RO, durante entrevista a um programa de rádio. Pouco adianta apontar o dedo contra os órgãos de fiscalização, se a administração não consegue, por motivos óbvios, avançar um milímetro na resolução dos problemas que afligem à população.

 

Quer dizer, o cidadão não consegue finalizar um edital para a concessão de serviço de transporte coletivo urbano, mas consegue ver “motivação política” quando o Ministério Público de Contas, movido pela grita social, resolve colocar o dedo na ferida.  Outro, do time dos “primeiros ou meus”, enche a folha de pagamento do Poder Legislativo com a contratação de parentes, aderentes, amigos e amigos de amigos. Depois, quando o Ministério Público de Rondônia ameaça enquadrá-lo por improbidade administrativa, diz-se injustiçado.

 

As instituições têm defeitos e pecados. Afinal, são constituídas de gente. E gente erra. É da natureza humana. Aliás, é na possibilidade do erro que está o traço distintivo e fundamental entre o humano e o Divino, porém, enquanto aos organismos de fiscalização, como Ministério Público Federal, Ministério Público do Estado de Rondônia, Polícias Federal e Civil, Tribunal de Contas do Estado de Rondônia, para ficar apenas nesses exemplos, têm sido deferido o respeito e a confiança de parcela significativa da sociedade pelo trabalho que realizam em defesa dos sagrados interesses da população, percebe-se o descrédito crescente perante a opinião de gestores e políticos, que, investidos de um mandato popular, fingem esquecer sua condição de representantes do povo.

 

Assim é mais fácil vestir o manto esfarrapado do injustiçado e perseguido - condição essa, aliás, que só convence os néscios - do que corrigir rumos, quando acossado por denúncias e acusações, ao invés de debruçar-se sobre os problemas e buscar solucioná-los.  

 

 

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