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O setor público – com as devidas exceções – tornou-se, de tempos a este, um manancial fértil à proliferação de falcatruas. Concorreriam para o aniquilamento e a crescente desmoralização da máquina oficial, dentre outras coisas, a presença de pessoas alheias ao serviço público.
Esse negócio de introduzir sangue novo na administração pública é conversa fiada para boi dormir, argumento falso, usado por dirigentes incompetentes, que, no momento de preencher os cargos de direção, chefia e assessoramento, geralmente privilegiam apaniguados políticos e cabos eleitorais, em detrimento de funcionários experientes e conhecedores do manuseio da máquina.
Enquanto isso, o servidor de carreira, que aprendeu no convívio de anos e décadas não apenas os meandros da administração, mas também como identificar as causas dos problemas, é marginalizado, colocado para escanteio, quando não atingido pela má fama que cerca os patrocinadores de inconfessáveis maracutaias. Há casos em que o servidor efetivo é obrigado a executar as tarefas próprias do chefe incompetente, sem, contudo, receber nenhum acréscimo em seu contracheque por isso.
O apadrinhamento político serve como fundamento da preterição de uns pela preferência de outros. O resultado disso, portanto, é o que se tem observado, vergonhosamente, na mídia. Mal o cidadão esquenta a cadeira e dana-se a meter os pés pelas mãos, fazendo e desfazendo, pagando processos suspeitos e outros tantos eivados de irregularidades, que não resistiriam à análise, ainda que superficial, dos órgãos de fiscalização.
Não quero com isso, contudo, dizer que não existem servidores efetivos incompetentes e corruptos no serviço público. Os exemplos estão ai. Negá-los, porém, seria o mesmo que tentar esconder o sol com uma peneira. A maioria deles é composta de pessoas sérias, profissionais competentes, portadores de uma extensa folha de serviços prestados à burocracia oficial, assim também como existem comissionados que honraram e honram com suas presenças os postos de mandos que ocuparam e ainda ocupam.
Não sem motivo é que a administração pública, nos mais diferentes níveis de poder, vai-se aproximando, cada vez mais, do fundo do poço, transformada em condomínio de um pequeno grupo político.
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!