É de esperar-se que o presidente em exercício da Assembléia Legislativa de Rondônia, deputado José Hermínio Coelho (PSD), esteja certo na decisão que tomou em relação às demissões de servidores comissionados, contratados na gestão de seu antecessor, mas ela pode vir a se revelar precipitada. Afinal, quando a cabeça não pensa, o corpo padece.
Evidentemente que se não pretende aqui defender o inchaço, quase teratológico, da folha de pagamento da ALE, nem de qualquer dos poderes, mas é preciso que as coisas sejam feitas de maneira criteriosa e com responsabilidade, para não se correr o risco de colocar no mesmo saco de gatos bons e maus.
Antes de botar no olho na rua dezenas de pais e mães de família, o presidente deveria ter mandado proceder a um criterioso levantamento para conhecer o dia-a-dia dessas pessoas e cobrar delas o desempenho de suas atribuições. Demitir só por demitir não vai ajudar a resolver os problemas crônicos daquela casa. Ou será que Hermínio não estaria apenas abrindo espaços para agasalhar o seu pessoal?
A progressiva perda de credibilidade da ALE e de muitos dos que lá têm assento é um dado forte que deveria compor o mosaico das preocupações do presidente José Hermínio e de seus colegas de parlamento.
Não é à toa que a ALE é vista, hoje, por parcela expressiva da população, como um poder desnecessário e de alto custo na vida dos rondonienses. E não precisa fazer nenhuma pesquisa de opinião para comprovar essa assertiva. A paciência da sociedade chegou ao limite com políticos espertalhões.
Isso, evidentemente, é um péssimo negócio, principalmente para o nosso combalido regime democrático. O resgate da credibilidade desde há muito perdida pela ALE não pode baseia-se tão-somente na exoneração sumária de servidores.
Cabe aos deputados reconhecerem que há um problema grave e que, para enfrentá-lo, é preciso cortar na própria carne, mudar posturas e pensar mais nos interesses sociais e menos nos seus próprios.
A irresponsabilidade na ação parlamentar tem prevalecido sobre a vontade de legisladores em cumprir com as tarefas para as quais foram eleitos.
Essa conduta irresponsável e um profundo desapreço à ética produziram o atual abismo de desconfiança no qual a ALE está irremediavelmente imersa.