Campanha da Fraternidade inicia trazendo combate à corrupção entre temas a trabalhar – Por Paulo Queiroz

Campanha da Fraternidade inicia trazendo combate à corrupção entre temas a trabalhar – Por Paulo Queiroz

Campanha da Fraternidade inicia trazendo combate à corrupção entre temas a trabalhar – Por Paulo Queiroz

Foto: Divulgação

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Política em Três Tempos
 
1 – A “BIOCORRUPÇÃO”
 
Era só o que faltava! Na hipótese de que a especulação tenha fundamento, os brasileiros estão mesmo enrascados. Os da Amazônia mais do que os do resto da nação e os africanos muito mais do que nós e de todos os do resto do mundo. De acordo com um grupo de cientistas ingleses das Universidades de Kent e de Cambridge, “quanto maior a biodiversidade de um país, maior o índice de corrupção em seu governo”. Um artigo publicado pela prestigiosa revista “Nature” dá conta de que os pesquisadores compararam o nível de corrupção do governo de 133 países com a sua biodiversidade, medida por três parâmetros: cobertura florestal, número de elefantes e número de rinocerontes negros (os dois últimos apenas em países africanos).
 
Esses dados foram cruzados com a nota de cada país no Índice de Percepção de Corrupção (CPI, na sigla em inglês) elaborado pela ONG Transparência Internacional. “Os resultados indicaram que a variação das taxas de corrupção de países africanos teve influência bem maior sobre a população de elefantes e rinocerontes negros do que a mudança no nível de pobreza ou o aumento da densidade populacional”. Além disso, o estudo concluiu que países com grande biodiversidade e áreas de prioridade máxima para conservação que receberam grandes doações de dinheiro para a preservação ambiental tendem a ter governos mais corruptos que outros.
 
O Brasil se enquadra no perfil de país com fauna e flora ricas, mas também com alto índice de corrupção governamental. Num dos últimos CPI, o Brasil ficou na 54a posição com nota 3,9, atrás de países como Lituânia e Namíbia. Em relação à biodiversidade, o Brasil ficou em 17º lugar entre 83 países de uma lista elaborada pelos próprios pesquisadores em função do número de espécies de mamíferos e aves. Embora apontem essa relação direta entre biodiversidade e corrupção, os pesquisadores não sabem exatamente por que isso acontece. Eles indicam a necessidade de novos estudos para determinar a causa específica dessa relação.
 
2 – OUTRA PESQUISA
 
Menos mal. Seja como for, enquanto os cientistas ingleses suam a camisa para estabelecer uma proporcionalidade direta entre a corrupção e a biodiversidade, por aqui, a pedido da Comissão de Ética Pública da Presidência da República, pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) caíram na capoeira para tentar explicar o que identificaram como a “falta de compromisso com o coletivo”, disseminada entre a população e, mais acentuadamente, entre os servidores públicos. “Falta de compromisso com o coletivo”, leitor, é um eufemismo para, digamos, referir uma tendência à corrupção, uma forma branda de dizer que determinadas pessoas estão pouco se lixando com as conseqüências dos seus erros, se tais erros resultam em benefício próprio e, sobretudo, se puderem errar sem que ninguém perceba.
 
Para dar conta da empreitada, a equipe da UnB consultou 1.767 pessoas de todo o país e 1.027 servidores públicos do Distrito Federal e de seis Estados: Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo. Em entrevistas realizadas por telefone e presencialmente, 78,4% da sociedade civil e 22,5% dos servidores públicos admitiram que já deixaram de cumprir a lei; 52,4% e 50,4%, respectivamente, declararam que contratariam parentes ao ocupar cargos públicos; e 31% e 18% disseram não entender a diferença entre ambiente público e privado.
 
Na raiz do problema aparecem o desconhecimento das leis, sua complexidade e a discordância com o que elas determinam. Agrava esta situação o fato de 60% da sociedade civil e 46,1% dos servidores considerarem que seus direitos de cidadão não são respeitados pelo Estado. O professor Ricardo Caldas, que conduziu o estudo, diz que a pesquisa não é conclusiva quanto ao aumento da corrupção no país. “Há dois anos colhemos dados muito parecidos, mas apenas no Distrito Federal. Queremos repetir a pesquisa nacional para compararmos”, explica. “O que está comprovado por estudos é que a confiança na classe política tem diminuído nos últimos anos”.
 
3 – CNBB ATENTA
 
Pelo sim, pelo não, ou seja, enquanto não se conclui nada por mais diversificadas que sejam as pesquisas, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tratou de incluir o combate à corrupção na Campanha da Fraternidade, lançada nesta quarta-feira (25) em todo país. Em Rondônia, com direito a coletiva de imprensa no Auditório do Centro Arquidiocesano de Pastoral, no Centro da Capital, trabalho conduzido pelo arcebispo Moacyr Grechi com a presença de especialistas de órgãos públicos que atuam na segurança, justiça, trânsito e presídios.
 
Trazendo como tema “A Segurança Pública” a campanha apresenta o lema “A paz é fruto da justiça” e, com isto, quer debater com a sociedade a injustiça e a crescente violência presente no país. “A corrupção também é um crime violento, mas as pessoas não se sensibilizam tanto. Se você tem um crime de chacina, as pessoas se sensibilizam mais. Elas não pensam que a corrupção esgota a capacidade de investimento do estado em políticas públicas que combatam a violência", alerta o secretário-executivo da campanha, padre Alberto Vanzella, para quem a população costuma se sensibilizar mais com crimes do que com o assalto aos cofres públicos praticado por representantes idem.
 
O texto-base da campanha, porém, fala do objetivo de "denunciar a gravidade dos crimes contra a ética, a economia e as gestões públicas, assim como a injustiça presente nos institutos da prisão especial, do foro privilegiado e da imunidade parlamentar para os crimes comuns. Os crimes de corrupção e do 'colarinho branco' não são violentos em si, mas geram outras formas de violência', conforme aponta o texto-base.

Com a campanha, a igreja convoca a população para participar do combate às práticas de violência e corrupção. A CNBB também coordena um grupo de entidades que busca obter 1,5 milhão de assinaturas para apresentar um projeto de lei ao Congresso contra a participação dos "ficha-suja" nas eleições. Cerca de 700 mil pessoas já assinaram a proposta de lei.
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