1 – PMDB IMPLACÁVEL
Não tem “mas” nem meio “mas”. Os políticos que nestas eleições subirem em palanques de adversários em cidades onde haja candidatura de seu partido, tanto com a chamada chapa puro sangue ou mesmo no caso de o seu partido participar de coligação, poderão incorrer em infidelidade partidária e, como tal, estarão sujeitos às penalidades previstas na regra da Justiça Eleitoral e no respectivo estatuto do partido. Eis que a infidelidade partidária não está restrita apenas aos políticos que trocaram de partido após o dia 27 de março deste ano, fato que está gerando a decretação da perda de mandato por parte dos tribunais eleitorais e que vem tirando o sono de muita gente. É extensiva também aos “vira-casacas” eleitorais.
Significa que, no caso de simples filiados, de burocratas (gente que ocupa cargos nas estruturas das agremiações) ou de postulantes aos atuais cargos em disputa que se julgam espertos o bastante para buscar votos em palanques que não os da sua legenda, o partido pode punir todos - mas principalmente os candidatos - com advertência, suspensão, multa ou até mesmo a expulsão. Candidato ou não, caso o infiel seja detentor de um mandato, instalar-se-á o processo de expulsão e o seu cargo vai ser pleiteado na Justiça.
Não bastasse ser essa a interpretação das autoridades do Ministério Público eleitoral, no caso caripuna, pelo menos no que diz respeito ao PMDB rondoniense, desde o começo do ano a direção do partido decidiu que, salvo nos casos em que as peculiaridades locais determinaram uma momentânea e estratégica superação das diferenças partidárias, a fiscalização será implacável. De acordo com o presidente regional do PMDB, senador Valdir Raupp, é aquilo mesmo que se escreveu na abertura da coluna – não haverá contemporizações: escreveu, não leu, o pau comeu. "Basta uma gravação dessas de celular e duas ou três testemunhas comprovando o ato de infidelidade para que o setor jurídico acione a justiça e, com amparo na lei, busque o mandato do infiel".
2 – O CASO TIZIU
Assim, não foram apenas os filiados mais aguerridos, mas principalmente os dirigentes da agremiação do mais alto coturno que ficaram de queixo caído com a divulgação, no começo da semana passada, da notícia cujo texto é o que se segue: “Após várias idas e vindas enfim, o PMDB, resolveu expulsar de seus quadros um dos mais polêmicos filiados: o deputado estadual Tiziu Jidalias, atual líder do governo Ivo Cassol, a quem os peemedebistas se dizem oposição. A decisão de afastamento foi comunicada a Justiça Eleitoral no dia 14 último, pelo presidente do diretório do PMDB em Ariquemes, Custódio Moisés dos Santos. No ofício, o presidente não explica os motivos que o levaram a desligar o deputado do partido.”
”Mas sabe-se que Tiziu é ‘persona non grata’ entre os caciques do partido, dado ao seu desempenho ambíguo no seio do PMDB. Na campanha passada, na qual se elegeu deputado, Tiziu era visto por dupla atuação: teria apoiado abertamente a candidatura do deputado Moreira Mendes (PPS). Eleito se aproximou do governo Cassol, chegou a migrar para outra sigla, mas recuou para não perder o mandato por conta da resolução de fidelidade partidária. O deputado afastado só era mantido no PMDB graças à liderança do prefeito de Ariquemes, Confúcio Moura. Procurado para se manifestar, Tiziu, que está em recesso parlamentar, não foi localizado por nossa reportagem.”
Não por acaso. Na verdade, Tiziu não queria mesmo ser localizado, principalmente depois que um magote de sites começou a divulgar outro texto dando conta de que “a expulsão do deputado Jidalias dos Anjos Pinto, o Tiziu da Rondomotos, pode não passar de uma armação. Rumores em Ariquemes dão conta de que advogados ligados a Tiziu teriam aproveitado para induzir o presidente do partido, Custódio dos Santos, a assinar um documento onde Tiziu estaria sendo expulso. Líderes do PMDB de Ariquemes preparam uma ‘Nota’ que será distribuída à imprensa para esclarecer o que para eles, não passaria de uma armação.” Dito e feito.
3 – NOTA SARCÁSTICA
A armação de que se fala aí, leitor, consistiu na tentativa do deputado Tiziu no sentido de restar-se liberado para, em companhia do governador Ivo Cassol (sem partido), escalar os palanques patrocinados pelo Palácio Presidente Vargas pelo Estado adentro, sem o risco de ser alcançado pela disposição da direção peemedebista de punir os infiéis. Armou, pois, a sua própria expulsão do partido. Aliás, tentou armar, porquanto deu xabu. A nota de que se falou, eivada do mais cortante sarcasmo, fala por si nos trechos que se seguem:
“A bem da verdade o nobre deputado (Tiziu) jamais foi expulso deste partido e sequer foi deliberado pelo Diretório, Comissão de Ética ou Comissão Executiva o desligamento compulsório. Unilateralmente, o presidente da Comissão Executiva Municipal assinou documento, pelo que se sabe elaborado a pedido do deputado Tiziu, do qual ele (o dirigente Custódio Moisés) não compreendeu o significado, incorrendo em grave erro. É bom salientar que, como presidente, ele não tem poderes estatutários para ‘expulsar’ nem pedir o desligamento compulsório de ninguém, muito menos sem oportunidade de ampla defesa do filiado.”
“O PMDB está adotando as providências pertinentes para apurar o ocorrido e já anulou internamente a referida decisão ilegal, mas deve ficar claro que os filiados e dirigentes do partido de uma forma geral apreciam o trabalho do parlamentar e querem que ele continue como nosso companheiro fiel e querido que sempre foi.” (Ah, a política! Entenda-se exatamente o contrário).
Assim, não obstante líder do governo na Assembléia Legislativa, o único palanque governista em que o Tiziu vai poder empoleirar-se sem arranjar sarnas para se coçar é o do companheiro de ALE, Alex Testoni (PTN), que está concorrendo à Prefeitura de Ouro Preto na companhia da ex-deputada Joselita Araújo (PMDB). Lá ou em uma ou outra localidade onde eventualmente o PMDB não esteja disputando com candidatura própria ou presente numa coligação contra grupos palacianos.