Política em Três Tempos - Por Paulo Queiroz

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Foto: Divulgação

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1 – PRODÍGIOS ACREANOS São um prodígio esses Viana (Jorge, Tião) e a corriola (Sibá Machado, Marina Silva & caterva). Dia virá em que um arqueólogo do futuro mais atilado perguntar-se-á por que, no que diz respeito aos protocolos ambientais, determinadas palavras e situações são uma coisa até a Ponta do Abunã e outra completamente diferente daí em diante, Acre adentro. E como já se disse que o arqueólogo do futuro é perspicaz, descobrirá que tudo foi obra dos Viana e corriola. Façanha, aliás, só comparável ao empenho intelectual de um outro Jorge, certo Orwell, que ao compor o sinistro “1984” teve de construir uma nova língua, exatamente como esse nome, “novilíngua”, para demonstrar como o governo do romance fazia para persuadir o povo a comprar gato certo de que era lebre. Ou, no limite, dizer que água é vinho, pau é pedra, fogo é gelo etc. e coisa e tal. Pois bem. Desde 2003 os Viana e corriola estão enrolados num arranca-rabo com a revista “Veja” para tentar provar que o avanço do desmatamento acreano denunciado pelo veículo é uma ilusão de ótica dos satélites que detectam esse tipo de atividade na Amazônia, para não dizer uma infâmia dos redatores. Por menos flor que se cheire que seja “Veja”, porém, qualquer incursão por outras fontes somada a uma ligeira puxada pela memória serão suficientes para mostrar que, nesse caso e na essência, a revista está coberta de razão. Mas, pasme o leitor, nada menos que meia-dúzia de senadores - Arthur Virgílio (AM - líder do PSDB), Fátima Cleide (PT-RO), Papaléo Paes (PSDB-PA), Augusto Botelho (PT – RR), Eduardo Suplicy (PT-SP) e, claro, Sibá Machado (PT-AC) – saíram dos seus cuidados nesta terça-feira (10) para apoiar a peroração do colega Tião Viana em defesa do irmão Jorge - que voltou a ser objeto de críticas na edição de “Veja” que está nas bancas. Na essência, a publicação reitera o que revelara em 2003. Ao contrário do que propalam os Viana e corriola, o Acre não é o santuário ecológico que o “Governo da Floresta” sempre vendeu. 2 – PASTO NA RESEX O que deve ter encantado os aparteadores do discurso de Tião Viana foi, como de hábito, a prestidigitação e a retórica singulares utilizados para demonstrar que o desmatamento acreano é diferente da mesma ocorrência no resto do país. Enquanto no Acre o fenômeno por certo está associado à sustentabilidade, da Ponta do Abunã para baixo lembra devastação, desertificação, ato predatório, enfim, aquecimento global. Vejamos, porém, um trecho do que se pode ler no site “Observatório do Clima”. “A partir do ano 2000 (Jorge Viana governou de 1999 a 2007), o desmatamento no Acre começou a crescer a taxas consideráveis. No biênio 2003/2004, por exemplo, o total de áreas degradadas foi 83% maior do que em 2000/2001. Agora, passadas as queimadas, e a indicação do Deter (Sistema de Detecção em Tempo Real do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais-Inpe) de que o desmatamento cresceu na faixa de 4%, resta saber a que ritmo vão seguir os índices no Estado. ‘Tivemos três anos de crescimento, um ano de queda e outro de estabilidade. Ainda não é possível dizer se a tendência do desmatamento é diminuir’, analisa Irving Foster Brown, pesquisador Centro de Pesquisa Woodshole e professor da UFAC (Universidade Federal do Acre)”. De acordo com “Veja”, até a Reserva Extrativista Chico Mendes está salpicada de pastagens. Os Viana e corriola negam. Ao texto do “Observatório do Clima”, pois. “O rebanho bovino acreano é o que mais cresce na Amazônia. Hoje existem cerca de 2,1 milhões de cabeças de gado no Acre. Segundo o IBGE, nos últimos 34 anos as pastagens do Estado cresceram 2.000% e as cabeças de gado, 2.700%. Hoje, 81% das áreas desmatadas estão ocupadas por pasto”. E por aí vai. O mais impressionante, porém, diz respeito ao modo como os Viana e corriola encaram a questão do asfaltamento das estradas na região amazônica. Antes deles, o pefelista Orleir Camelli tentou asfaltar parte da BR-317, que liga Rio Branco a Assis Brasil. O mundo ambientalista caiu sobre sua cabeça e o impediu. 3 – ASFALTO NA SELVA Não sem razões, diga-se. Vejamos o que rezam os protocolos ambientalistas sobre assunto. “A previsão de asfaltamento de rodovias através da região amazônica (Nepstad et al., 2000) estimulará ainda mais a expansão da fronteira agrícola e da exploração madeireira, podendo acarretar uma colossal conversão de florestas em pastagens e áreas agrícolas, e, conseqüentemente, profunda perda do patrimônio genético de vários ecossistemas da Amazônia – ainda pouco conhecido –, e redução regional das chuvas (Silva Dias et al., 2002), com resultante aumento da flamabilidade de suas paisagens (Nepstad et al., 1999) e extensiva savanização (Nobre et al., 1996)”. Mal se instalou, no entanto, o “Governo da Floresta” começou a meter asfalto na dita cuja, tendo chegado ao final dos seus oito anos até uma ponte entre Assis Brasil e Iñapari (Peru), inaugurada com pompa e circunstância em janeiro do ano passado, com a presença dos presidentes dos dois países e a BR-317 inteiramente pavimentada. O mundo ambiental fez de conta que não viu. Em 2004, no auge das obras, o Acre deveria sediar a III Conferência da Amazônia. Por razões óbvias, o evento terminou em Porto Velho. Nada contra o desenvolvimento do Acre e o conforto dos acreanos. Mas não deixa de ser, no mínimo, curioso o modo como as mesmas ações levadas a termo fora da circunscrição dos Viana e corriola ganham conotação predatória. Vejamos o que publicou a imprensa acreana quando “Veja” revelou os índices desmatamento no Estado em 2003: “A reportagem de ‘Veja’ caiu como prêmio nas mãos do governador Ivo Cassol, de Rondônia, que optou pelo desenvolvimento a qualquer preço, ao arrepio da lei e desconsiderando custos ambientais”. Simples, assim. Deve ser por isso que os órgãos de fiscalização do governo petista sentaram-se em cima dos processos de licença ambiental de projetos locais – o gasoduto e as usinas entre os mais clamorosos – deixando rondonienses frustrados e os políticos que não cansam de anunciá-los com cara de tacho. *VEJA EDIÇÕES ANTERIORES: * Política em Três Tempos - por Paulo Queiroz * Política em Três Tempos - por Paulo Queiroz
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