“Melhor a mãe deles chorar, do que a minha” - Por Vinucius Canova

“Melhor a mãe deles chorar, do que a minha”

“Melhor a mãe deles chorar, do que a minha” - Por Vinucius Canova

Foto: Divulgação

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A frase que dá título ao meu artigo é na verdade, uma espécie de lema dos homicidas. Na reportagem especial da revista Veja desta semana, com o título “Cabeça de assassino” (Edição 2191, 17 nov. 2010 Pags 94 a 107), dois dos criminosos entrevistados, usaram a frase. Não há como dizer que ela não seja explicativa e explícita. Seria na verdade, uma excelente frase, composta por pessoas inteligentes e até sensíveis, não tivesse que alguém morrer para dar significado a ela, certo?
Como justificar um crime como o assassinato? Instinto de sobrevivência, ação em legítima defesa, ou esquecimento total das percepções humanas que nos tornam pessoas passíveis de amar uns aos outros, trazendo à tona o ser mais atroz e primitivo dentro de cada um de nós?
Cada um deles, dentro de suas respectivas desculpas, não se exime de deixar claro que o arrependimento existe. Mas, para a surpresa dos benévolos que acreditam piamente na reforma do ser humano, uma minoria ínfima, diria até imperceptível, liga o arrependimento à morte das vítimas que matou.
A grande maioria deixa claro que se os olhos estão cabisbaixos e que hesitaria em cometer novamente tais atrocidades, é simplesmente pelo fato de se sentirem frustrados em decorrência de sua captura. O banditismo é profissão, e quando o profissional falha ao exercer sua função, a atmosfera pesa contra ele, e é visível o seu estado depressivo.
Duas coisas ficam constatadas ao ler todos os depoimentos dados pelos criminosos à revista Veja. A primeira delas é que, em praticamente todos os casos de latrocínio, a vítima que esboçou reação, levou a pior. Ou seja, morreu. Os psiquiatras avaliam que a concepção que os criminosos têm da palavra “reagir” pode não ser parecido ao conceito literal da palavra.
A segunda delas é que, pela forma fria em que são expostos os relatos, os criminosos deixam claro que a impunidade é quase uma regra. Eles têm absoluta certeza de que não importa o que disserem, nada irá mudar, e dão a entender que se saírem, irão fazer tudo de novo, afinal de contas, não há remorso ou arrependimento no que parece uma eterna brincadeira infantil de Polícia e Ladrão.
Por isso, é importante que as pessoas joguem de acordo com as regras estipuladas na situação. Uma das próprias albergadas alerta:
“ – Deixe que levem os seus bens. Tudo o que lhe foi tirado, pode ser recuperado, com exceção da vida”.
 Pior que ela tem razão.
Em qualquer ocasião em que você esteja sendo vítima de assalto à mão armada, o melhor a fazer, é entregar tudo, e não fazer qualquer tipo de movimento sejam eles bruscos, ou não. Fazendo isso, existe a possibilidade de você sair vivo, e o ladrão, mais tarde, ser preso. Aprendam com eles: antes a mãe deles chorar, do que a minha.
Direito ao esquecimento

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