CASO BRUNO - As minúcias da barbárie – Por Marco Anconi

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Foto: Divulgação

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Nesta nossa coluna ultrapasso todos os objetivos aqui propostos, subverto o tema e exponho minha discordância quanto ao “mundo” que estamos criando e alimentando. Peço desculpas a você que lê e também aos que são, assim como eu, atingidos pelo desregro energético produzido pela imprudência e ganância de alguns pseudos profissionais da notícia.
 
Mesmo sem querer e até compulsoriamente, acompanho os acontecimentos relacionados com o desaparecimento da pessoa que mantinha relacionamento amoroso com o goleiro de um grande time de futebol. Poucas são as vezes em que paro diante da televisão, principalmente durante os noticiários, porque sei que serei bombardeado com as mais espúrias “matérias jornalísticas” do momento.
 
Numa dessas desastradas vezes, sento desatento fitando o grande “olho” retangular da televisão que nada vê, mas que tudo mostra, e sou surpreendido com o apresentador vociferando a plenos pulmões os detalhes sórdidos do um possível crime da pessoa desaparecida que cito acima. Em dado momento, deixando as suposições de lado –criveis ou não- eis que passam a narrar a integra de um documento policial, que deveria correr em sigilo, mas que em um “furo de reportagem”, dois jornalistas “conseguiram”.
 
Passam então à cronologia de um depoimento feito por um menor de idade, o que por si só nem poderia ser considerado, em que ele narra um suposto seqüestro e subseqüente morte da pessoa em questão. Até aí nada demais, principalmente porque neste país tudo pode.
 
Quase ao final da narrativa da “jornalista investigativa”, nova variante de policial sem mandato de policial, outro descalabro da democracia desassistida, em tom bastante grave a voz alerta que “desse ponto em diante as informações são chocantes” e, pasmem, narra o suposto assassinato incluindo todos os detalhes e finalizam dizendo que os restos da vítima foram dados a comer a quatro cães de grande porte e que seus ossos foram sepultados sob grossa camada de concreto.
 
Diante de tamanha falta de ética e decoro social me pergunto: para que gastar alguns trocados para assistir a filmes de terror nos cinemas, se podemos ter supostos “fatos ensangüentados” narrados e televisados no conforto dos nossos lares a custo zero (desconsidero aqui o preço que pagamos assistindo aos comerciais que pulular nos “horários nobres” das emissoras de televisão).
 
Somos seres cognitivos e, portanto, temos a capacidade de construir imagens a partir de uma simples narrativa que, por sua vez, podem e desencadeiam uma avalanche de sensações e sentimentos tais que podem e desestabilizam nossa psique. Foi exatamente o que ocorreu comigo e com as demais pessoas que estavam assistindo indefesos à citada narrativa. Ficamos completamente transtornados.
 
A questão a se avaliar é: Até onde se pode ir no exercício da profissão? Até onde é facultado o direito de, a título crédito pessoal e mesmo profissional, interferir no equilíbrio emocional de outras pessoas? Até onde o bom senso e a ética podem ser colocados de lado por um “furo de reportagem”? As conseqüências de tais atos podem ser sentidas em todas as esferas energéticas e mesmo o nosso grosseiro dia-a-dia da terceira dimensão.
 
Faço aqui um apelo veemente para que se pare definitivamente com as narrativas de barbáries. Peço que deixem os assuntos policiais com a polícia. Nada justifica a difusão de notícias desastrosas e danosas à sanidade dos espectadores. Nada justifica a continuada e implacável alimentação do “circo dos horrores” que se tornaram os noticiários e noticiosos.
 
Faço, enfim, um chamado à espiritualidade imanente em cada um de nós e rogo que todos se encontrem a si e respeitem o buscador que existe nos irmãos de evolução.
Seja feliz e encontre-se.
Ame-se e evolua.
Marco Anconi
mac.annconi@gmail.com
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