Causou alvoroço no meio policial a notícia da decretação da prisão de dois coronéis da Polícia Militar dos sete denunciados por desvios de mais de R$ 1,4 milhão do SAS/PM (Serviço de Assistência Social), ontem à tarde. O coronel Raimundo Maia Filho se apresentou espontaneamente por volta das 16 horas com um advogado, em seu carro particular, no Comando-Geral da Corporação, na avenida Ene Garcez.
O outro coronel, Pedro Paulo Kokay, que é chefe adjunto da Casa Militar do Governo do Estado, foi procurado pela polícia por toda à tarde, mas não foi encontrado. A primeira informação era de que estaria viajando para o sul do Estado. Mas, por volta das 22h30, ele se apresentou espontaneamente. Os dois foram levados na mesma noite para exame de corpo delito no Instituto Médico Legal (IML), mas foram retirados pelo portão de trás para não serem fotografados ou filmados.
A prisão dos dois foi decretada ontem e deve ser publicada hoje no DPJ (Diário do Poder Judiciário). Os mandados foram assinados pela juíza Lana Leitão, titular da Justiça Militar, após apreciar os pedidos feitos pelo Ministério Público Estadual, que ofereceu denúncia contra os sete coronéis pedindo as prisões de todos. A magistrada disse que só fala sobre o assunto hoje.
Apenas Maia Filho e Paulo Kokay tiveram as prisões decretadas. A juíza não quis comentar ontem sobre sua decisão. Foram denunciados também os coronéis Arnóbio Lima Bessa, José Wilson da Silva, Ben-Hur Gonçalves, Waney Filho e Amaro da Silva Júnior. Informação extra-oficial é que três deles teriam entrado com pedido de habeas corpus preventivo para evitar suas prisões.
PRISÃO – A Folha tentou contato com o coronel Maia Filho no Comando-Geral, onde se entregou, mas não conseguiu. No prédio antigo do QCG, para onde são mandados os militares presos, a notícia era de que ele não estava no local.
Às 19 horas veio a informação de que a chegada do coronel no local já teria sido acertada pela entrada dos fundos do prédio, onde, por ironia, funciona o SAS, alvo da denúncia que gerou a prisão dele, para evitar que a imprensa registrasse. Maia Filho ficaria recolhido a uma sala improvisada no CPI (Comando de Policiamento do Interior), que estava sendo preparada para recebê-lo.
Uma fonte informou que o soldado Evanilso Alves da Silva, outro envolvido nos desvios do SAS, condenado a 11 anos de prisão no dia 09, foi transferido da cela em que estava no antigo QCG para o novo prédio do Comando para evitar qualquer represália. Ele teria sido colocado em uma pequena sala improvisada como cela.
ACOMPANHANDO – O comandante da PM, coronel Márcio Santiago, foi informado da decisão judicial e estava acompanhando o cumprimento dos mandados. A Folha tentou contato com ele para saber qual o procedimento adotado, mas não conseguiu.
CASO – Sete coronéis foram acusados dos crimes de peculato e desvio de dinheiro do SAS, no período de 1999 a 2004. Depois da condenação do soldado Evanilso, o Ministério Público solicitou a prisão dos oficiais. Eles são acusados de desviar R$ 1,43 milhão.