A decisão do governo dos Estados Unidos anunciada pelo presidente Donald Trump de aplicar tarifa de 50% sobre produtos brasileiros deixou o agronegócio rondoniense apreensivo com o futuro do mercado. O presidente da Federação de Agricultura de Rondônia (Faperon), Hélio Dias, disse que o setor “está muito preocupado com a taxação elevada” que deve impactar fortemente as exportações de produtos rondonienses, principalmente o café e a carne bovina. Isso afetaria ainda postos de trabalhos em industrias exportadoras.
Dias também se preocupa com o custo de produção, pois o Brasil não é autossuficiente de insumos, e com a elevação do dólar, os preços desses produtos devem aumentar. Para o presidente da Faperon, o melhor caminho é o diálogo para reverter o tarifaço e em último caso aplicar a Lei da Reciprocidade. Ele entende a importância dos Estados Unidos para as exportações brasileiras, principalmente para Rondônia, que tem considerável parte de sua produção vendida no exterior.
Em entrevista ao Rondoniaovivo, Hélio Dias considerou a atitude do governo americano como “desleal, pois havia uma taxação anterior de 10% em certos produtos e agora mais 50% é exorbitante”, declarou. Para ele, o agro de Rondônia sentirá muito o impacto da alta tarifa e da elevação do dólar, considerado a distância até os portos de saídas das exportações. “Essa logística encarece nossos produtos e tornam menos competitivos. Com o aumento do custo de produção pode inviabilizar as nossas exportações”, alertou.
Empregos em indústrias
Municípios rondonienses que tem nos frigoríficos sua maior oferta de empregos devem sofrer o impacto. É o caso de Vilhena que tem dois grandes frigoríficos exportadores e, por lá, já se fala em possíveis perdas de vagas de trabalho, caso o tarifaço seja mantido. Lideranças ouvidas pela reportagem disseram que o momento é preocupante e torcem para que o governo brasileiro consiga reverter essa medida.
O efeito pode gerar menor volume de vendas e, consequentemente, abalar postos de trabalho. Com a redução das exportações, frigoríficos podem demitir trabalhadores e impactar economias de cidades onde estão as maiores empresas do setor, como: Rolim de Moura e Ji-Paraná, Porto Velho, Ariquemes, Cacoal, Espigão D’Oeste, e Mirante da Serra. As grandes empresas instaladas nesses municípios têm importância na economia local.
Apesar da urgência de se resolver esse fator político depende também de cautela. Hélio Dias entende que o governo brasileiro deve ser habilidoso em negociar para evitar impactos maiores e duradouros.
Exportações brasileiras
A medida de taxar em 50% os produtos brasileiros causa impacto profundo no agro brasileiro. Entre os segmentos mais afetados estão o café, as carnes e o suco de laranja. São Paulo é o estado com maior prejuízo.
O Brasil responde por 32% do mercado de café nos Estados Unidos e vinha ampliando sua presença no setor de carnes, com crescimento de 113% nas exportações para o país. Especialistas em comércio exterior calculam uma elevação considerável. Uma tonelada de carne brasileira que hoje é vendida por cerca de US$ 5.700 pode passar a custar US$ 8.600. nesse patamar é praticamente inviável continuar exportando.
Impacto no PIB
O tarifaço vai afetar muito mais as economias locais e regionais do que a economia nacional. Avaliação feita por especialistas, as exportações para o mercado americano são menos de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Quanto ao impacto no PIB de 2026, a medida deve tirar algo em torno de 0,1%.