O governador de Rondônia, Marcos Rocha, anunciou que desistiu de comprar um hospital particular em Porto Velho para transformá-lo em unidade pública, após negociações travarem em valores que ele considera exorbitantes. O impasse começou com uma oferta inicial de 65 milhões de reais pelo hospital, mas a pedida subiu para 80 milhões e, na segunda contraproposta, chegou a 100 milhões – preço que Rocha compara ao custo total do frustrado Hospital de Urgência e Emergência (Heuro), projeto abandonado por irregularidades de um consórcio.
“Prefiro iniciar a construção de um novo hospital para o próximo Governador entregar”, declarou Rocha durante discurso na Assembleia Legislativa, na última segunda-feira, ao ser homenageado. Ele denunciou a “pressão de atravessadores” nas negociações, sugerindo que interesses escusos inflaram o valor do hospital médio, inviabilizando a compra. “Sei que na eleição vão me cobrar, mas prefiro perder a eleição do que deixar gente desonesta lucrar às custas da população”, afirmou, em tom firme.
A decisão, porém, deixa os porto-velhenses sem uma solução imediata para o colapso no atendimento de urgência e emergência. Desde o cancelamento do contrato com o consórcio responsável pelo Heuro, que não avançou na obra prometida para a zona leste, o governo busca alternativas para suprir a demanda por saúde pública. A construção de um novo hospital, agora ventilada por Rocha, pode levar anos, enquanto a população segue dependente de um sistema sobrecarregado.
Linha do Tempo: A Saga do Pronto-Socorro em Porto Velho
2019: Governo anuncia o Heuro, hospital de urgência e emergência na zona leste, mas obra não avança.
2021: Contrato com consórcio responsável pelo Heuro é cancelado por descumprimento e suspeitas de irregularidades.
2023: Marcos Rocha inicia busca por hospital existente para compra, como alternativa ao Heuro.
Início de 2025: Negociações começam com oferta de 65 milhões de reais por hospital particular.
Fevereiro de 2025: Primeira contraproposta sobe para 80 milhões; governo rejeita.
Março de 2025: Segunda contraproposta atinge 100 milhões; Rocha desiste da compra e denuncia atravessadores.
A recusa em pagar o valor pedido reacende o debate sobre a gestão da saúde em Rondônia. Enquanto o governador aposta em um projeto a longo prazo, a população questiona: até quando Porto Velho ficará sem um novo hospital?