MAPBIOMAS: Estudo indica 201 pistas de pouso ilegais em terras indígenas na Amazônia

Locais usados para aviação são próximos de garimpos clandestinos

MAPBIOMAS: Estudo indica 201 pistas de pouso ilegais em terras indígenas na Amazônia

Foto: Bruno Kelly/Amazônia Real

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Um estudo conduzido pelo MapBiomas revelou a existência de 201 pistas de aterrissagem clandestinas localizadas dentro de Terras Indígenas na região amazônica. A análise, baseada em imagens de satélite, revelou que a maioria dessas pistas está em áreas próximas a locais de mineração ilegal.

 

A Terra Indígena que registrou o maior número de pistas foi a TI Yanomami (em Roraima), com 75, seguida pela Raposa Serra do Sol, com 58, a Kayapó, com 26, e Munduruku e Parque do Xingu, ambas com 21 pistas cada.

 

Em Rondônia, os números não foram divulgados. Mas a fundadora da Associação Etnoambiental Kanindé, Ivaneide Bandeira, a Neidinha, fala que em Rondônia há várias ocorrências dessas pistas de pousos em territórios indígenas.

 

“Tem muita pista sendo utilizada para tráfico de drogas, para garimpo ilegal. Tem garimpo ilegal que está crescendo ali no Suruí [região de Cacoal e Espigão d’Oeste] e daqui uns dias estará igual do Yanomami [em Roraima]. Se não fizerem alguma coisa para parar aquele garimpo, tanto no Suruí quanto no Zoró, quanto em outras regiões, vai explodir igual Roraima”, alertou Neidinha.

 

Ela completa: “As terras que são na região de fronteira, o tráfico comanda. Não basta estourar as pistas, tem que ter uma vigilância constante”.

 

Mais números

 

Um dado preocupante é que, na TI Munduruku, 80% das pistas (17 de um total de 21) estão a menos de cinco quilômetros de distância de alguma atividade de garimpo. Na TI Kayapó, esse número é de 34% (9 de 26 pistas), e na TI Yanomami, 33% das pistas estão próximas de áreas de mineração.

 

Além disso, das cinco terras indígenas com mais pistas de pouso, três são também as mais afetadas pela mineração: Kayapó (13,79 mil hectares), Munduruku (5,46 mil hectares) e Yanomami (3,27 mil hectares), conforme aponta o estudo.

 

Contaminação da água

 

A exploração de ouro, em especial, está intrinsecamente ligada aos rios, o que representa um sério risco ambiental. A maioria das áreas garimpadas na floresta tropical, 77% do total (equivalente a 186 mil hectares), está a menos de meio quilômetro de algum curso d'água, como rios, lagos e igarapés, de acordo com o MapBiomas.

 

“Essa proximidade entre o garimpo e os corpos d'água é considerada uma característica fundamental da atividade de mineração na Amazônia. Isso porque a movimentação de terra próxima às margens dos rios e igarapés, bem como a contaminação da água por substâncias como mercúrio e cianeto, têm impactos ambientais que se estendem para áreas muito além das zonas diretamente afetadas pelo desmatamento”,explica Cesar Diniz, da Solved e coordenador técnico do mapeamento de mineração no MapBiomas.

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