Uma chama de esperança pode estar surgindo para reverter a situação de abandono e esvaziamento em que se encontra a avenida Sete de Setembro, em Porto Velho. Ela já foi a principal rua do Estado de Rondônia e, literalmente, a cidade começou a se desenvolver partir dela
O professor e vereador Aleks Palitot se uniu a arquiteta Cristina Barreiros e elaboraram um projeto de revitalização da avenida Sete de Setembro e da região central de Porto Velho. Ele explicou que nasceu na capital e ficou incomodado com a perda de importância da avenida no decorrer dos últimos anos.
Professor e vereador, Aleks Palitot, acredita que é possível tornar a av. Sete de Setembro e o entorno dela viável economicamente
“A primeira iniciativa foi procurar o Poder Executivo, para que me desse o aval para iniciarmos um projeto de lei e o prefeito me autorizou. Então, fizemos uma reunião em outubro do ano passado com o secretário municipal de Fazenda, João Altair; com o secretário municipal de Meio Ambiente, Robson Damasceno; a secretária municipal de Indústria, Comércio, Turismo e Trabalho (Semdestur), Gleici Bezerra; e o presidente da Fundação Cultural de Porto Velho(Funcultural), Godofredo Neto”, relatou.
Aleks disse que se fez necessária essa reunião com os vários setores da administração municipal, porque esse é um projeto robusto. Explicou também que para iniciar o debate em torno desse projeto foram buscar inspiração em outras cidades brasileiras.
Exemplos
“Pegamos as experiências positivas do Rio de Janeiro, de Belém, de Manaus, de Curitiba e Olinda. São casos de sucesso! Essas áreas históricas passam por um esvaziamento pela mudança da ótica de desenvolvimento econômico da cidade. Quando o comércio saí, vem a prostituição, drogas e é o que não queremos ver no nosso centro da nossa cidade”, contou.
Esquinas das avenidas 7 de Setembro e Pres. Dutra, no século passado (Foto: Rondônia Minha Querida Rondônia)
Feita a reunião, disse Palitot, começou-se a estudar o que poderia ser feito em termos de isenção fiscal; tributos; anuidade durante dois anos no IPTU, posteriormente, dois anos com 70% de IPTU. Além de estenderem esses e outros tributos para diferentes setores da economia e não apenas aos comércios que já existem nessa parte central e histórica da capital.
“Com isso, há a possibilidade de instalação de cafeterias, barbearias, livrarias, salão de beleza, consultório, escritórios. Fizemos um levantamento e percebemos que apenas no trecho da Sete de Setembro até a avenida Nações Unidas, são 36 espaços físicos(lojas) esvaziados e no entorno dela, cerca de 40. Todos para alugar ou vender. Assim esse projeto seria para a área central da capital. Ele tem o nome provisório de ‘Mais Sete’. Seria entre as ruas Dom Pedro II e Almirante Barroso; a rua Marechal Deodoro e a avenida Farquar”, afirmou.
Com essas definições, uma outra reunião ocorreu, envolvendo a Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Rondônia (Facer), Federação do Comércio do Estado de Rondônia (Fecomércio); Sindicato dos Lojistas do Estado de Rondônia (Sindilojas), e Clube dos Dirigentes Lojistas (CDL).
Centro Histórico de Curitiba, no Paraná, é um dos exemplos de sucessos de revitalização de áreas antigas no Brasil / foto: ateondeeupuderir.com
Nesse encontro foi apresentado o projeto de revitalização e proposto uma contrapartida dos empresários, explicou o vereador. No caso, a proposta era de que os comerciantes para que tenham acesso à essas isenções tributárias, deixem as fachadas dos prédios, em especial, as das décadas de 20,30 e 40 que é uma mistura de estilos arquitetônicos à mostra.
“Ou seja, que retirem o que encobre as fachadas atuais e retornem com as antigas em cores vibrantes. Já os prédios das décadas de 50,60,70,80,90 e século 21 que não tem essas características tão antigas teriam duas opções para terem direito aos descontos. Uma seria fazer um vintage com fachadas antigas ou pintar com cores regionais vibrantes”, pontuou.
O projeto apresentado traz de volta as fachadas originais e os diferentes estilos arquitetônicos
Sobre os corredores de ônibus, ficou estabelecido com a prefeitura, que este não iria funcionar nos finais de semana, nesse primeiro momento. Outro detalhe ressaltado por Palitot e sobre o sentido da avenida Sete de Setembro.
“Estão sendo estudos de impacto de projetos por parte da prefeitura, sobre se é viável e importante mudar a mão da avenida. Seria inverter ela da avenida Nações Unidas, descendo até à avenida Farquar, de frente para a estrada de ferro. Outra possibilidade que os lojistas acham mais viável, mas precisaria de mais estudos, é colocar a Sete de Setembro, como mão dupla. A questão do estacionamento rotativo, que também tem a simpatia dos comerciantes, está em discussão na prefeitura”, declarou.
Pelo projeto seriam criadas ilhas de estacionamento na avenida Sete de Setembro
Participação
Para a arquiteta Cristina Barreiros que está à frente, juntamente com o vereador Palitot, do projeto de revitalização da avenida Sete de Setembro e entorno, os centros históricos enquanto objeto de estudo são um instrumento privilegiado para se entender a dinâmica de uma cidade como um todo. Ela defende a necessidade de se revitalizar os centros históricos em prol do próprio município diversificando as atividades econômicas nesses espaços.
Arquiteta Cristina Barreiros afirmou que o movimento de revitalização de áreas centrais tem sido difundido como agente promotor de desenvolvimento urbano em escala mundial
“A tendência para as áreas centrais é de redefinição funcional tornando-se foco de atividades mais diversificadas, incluindo além do comércio, lazer, cultura e habitação. O movimento de revitalização de áreas centrais tem sido difundido como agente promotor de desenvolvimento urbano em escala mundial. Elas se tornam fundamentais para os moradores e para a cidade. E estando abandonadas, deterioradas, afetam não só o setor financeiro e imobiliário, mas vários outros fatores como a segurança e a preservação das obras históricas presentes no local”, afirmou.
Cristina contou que o projeto que elaborou e foi apresentado ao vereador foi feito também com a participação da arquiteta Roseli Oliveira. As duas então elaboraram a proposta inicial usando uma das quadras da avenida Sete de Setembro e que, a partir dele, poderia ser replicada para os outros quarteirões e entornos da região, de acordo com as especificidades de cada um.
“A ideia ainda muito em caráter inicial prevê uma padronização de pintura e elementos de identificação das lojas além de inserção de paisagismo, equipamentos e mobiliário urbano. A proposta prevê uma classificação dos prédios com suas fachadas, buscando pontuar e diferenciar as características históricas de cada um deles. O trabalho ainda embrionário deve ser desenvolvido com a participação dos lojistas, usuários, gestores e moradores da cidade”, enfatizou.