Os moradores da Ponta do Abunã, pertencente a Porto Velho, estão desesperados com as condições das estradas vicinais que cortam a região. Atoleiros, prejuízos e perigos se tornaram uma constante para quem precisa enfrentar as vias, praticamente, todos os dias para fazer o escoamento da produção agrícola ou necessita vir até Porto Velho para resolver questões pessoais.
A região é uma das que mais produzem no município de Porto Velho. Possui o maior rebanho de gado de carne da capital, uma importante bacia leiteira, é também grande produtora de peixes, Castanha do Brasil, açaí entre outra variedade de produtos.
Os distritos que formam a Ponta do Abunã são: Extrema, Nova California, Vista Alegre do Abunã e Fortaleza do Abunã. Juntos, eles representam mais de 30% da arrecadação do município de Porto Velho.
Mas apesar da pujança econômica que vem do agronegócio, os moradores se sentem, literalmente, isolados e, nesse período de inverno amazônico, ainda mais. Isso porque, muitas vias ficam intransitáveis.
Um desses moradores é Leandro Alves que vive em Extrema. Ele contou que a situação das estradas da região está muito difícil e pede que o poder público faça algo pela população que vive nessas localidades.
Os produtores da Ponta da Abunão contam que os gastos aumentam devido ás estradas
Prejuízo
“Os nossos ramais, linhas e estradas não estão tendo manutenção por parte do Governo do Estado ou da Prefeitura. Embora tenham equipes, elas não têm as condições necessárias de pessoas, máquinas, equipamentos ou insumos para fazer o que tem que ser feito. Nós geramos receita para o Estado e município, mas não temos a atenção que esperamos”, declarou.
Ele enviou alguns vídeos que mostram as dificuldades enfrentadas pela população para fazer o escoamento da produção, do gado de corte para abate no frigorífico de Porto Velho. As imagens são de diferentes pontos da região: Linha 2 do Rio Vermelho, Linha Eletrônica e Ramal do Jacaré, em Extrema; e Ramal dos Pioneiros, em Nova Califórnia.
Segundo Leandro Alves, essa situação faz com que os produtores tenham prejuízos. Muitos produtos acabam se perdendo ou caindo a qualidade devido as condições das estradas.
“Um exemplo é gado que, durante o transporte, devido as dificuldades, se estressa e perde peso. O produtor tem ainda que gastar com trator e horas de mão de obra. Prefeitura e governo precisam olhar pela nossa região”, disse.
A região de Ponta de Abunã, fica cerca de 400 km de Porto Velho, o que muitas vezes torna difícil a administração municipal atender de forma razoável a população que vive nessas localidades. Assim, uma antiga luta da comunidade que é a emancipação e a criação de um novo município ganha ainda mais força e urgência.
Outro lado
A reportagem entrou em contato com a Semagric, sobre a situação da estrada dos distritos e nos respondeu com a seguinte nota:
A Secretaria Municipal de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Porto Velho (Semagric), informou que os ramais citados nos vídeos fazem parte dos serviços terceirizados pela prefeitura e que deveriam ter sido iniciados em outubro do ano passado, conforme ordem de serviço expedida e publicada, para início da execução dos trabalhos no distrito de Extrema. Porém, de acordo com a Semagric, a empresa vencedora da licitação negou-se a iniciar os serviços no mês de outubro de 2021.
Assim, na última sexta-feira (21/01/2022), foi publicado no Diário Oficial do município, que a empresa deveria apresentar o restante da documentação necessária para início do cumprimento do contrato, no prazo de 3 dias.
Sendo apresentada tal documentação, será expedida nova ordem de serviço, que novamente englobará o distrito de Extrema e outros na Ponta do Abunã. Segue, para conhecimento, o Despacho Administrativo que narra o imbróglio e o direcionamento da Semagric, que visa a proteção ao erário e a breve execução das obras que atenderão os munícipes, produtores rurais e, especialmente, os alunos que utilizarão o transporte escolar municipal.
'Veja a publicação do Diário Oficial:'