O desmatamento na floresta amazônica pode possibilitar o surgimento de um novo vírus mais potente que o da covid-19? A resposta para essa pergunta, no universo das possibilidades, infelizmente, é sim. Nós não temos um censo completo sobre os vírus que circulam nas espécies da Amazônia.
Isso foi o que disse o biólogo e pesquisador da Fiocruz-RO, Leonardo Calderón. A afirmação acendeu um alerta em relação ao desmatamento desenfreado que vem ocorrendo em Rondônia e em outras partes da região.
“Os virologistas sempre alertam que há a possibilidade de surgimento de novos vírus. Existem muitos vírus zoonóticos que circulam em outras espécies. Então, por exemplo, existem vírus que circulam em populações de animais que estão adaptadas a ele, podento até garantir que outra população não adaptada não tome o espaço dela”, analisa Leonardo.
Vírus da covid-19 chegou com uma alerta para evitar o surgimento de novas cepas | Foto: Divulgação
Não necessariamente ocorre dessa forma, mas o pesquisador da Fiocruz explica que o desmatamento é um dos principais caminhos para o alastramento de “novos” vírus. Como relatado acima, existem vírus em outras espécies e a aproximação de humanos à essas espécies é um dos problemas.
“Quando uma população semelhante que nunca teve contato com um vírus invade a área de outra para competir por alimento e espaço, esta se infecta com esse vírus e sofre várias consequências da ausência de imunidade. Então, isso é uma dinâmica que faz parte da biota, por isso, toda vez que a humanidade pressiona as áreas naturais, eliminando o espaço onde esses vírus estão circulando naturalmente, e passamos a ocupar estas áreas, estamos aumentando a probabilidade de que um destes [vírus] infecte o humano. Está aí a Covid-19 para ensinar isso”, explica o pesquisador.
Leonardo Calderón, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz de Rondônia | Foto: Arquivo pessoal
Leonardo Calderón fala que este é um dos motivos de que a China é um dos países mais conhecidos pela propagação de novo vírus.
“O ideal é a humanidade preservar espaços de mata e evitar sua ocupação sem necessidade. O que acontece na China é isso. Você tem uma devastação enorme, onde a população humana acessa, desmata as áreas preservadas e tem contato físico (consumo alimentar) com espécies silvestres que convivem com diferentes vírus. Este hábito proporciona um risco enorme para a humanidade como espécie”, afirmou.
Doenças de RO
O Rondoniaovivo procurou a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Ambiental (Sedam), para explicar sobre essa declaração do pesquisador da Fiocruz.
A pasta afirma que não é possível oficializar a fala de Leonardo Calderón, mas exemplifica doenças oriundas da Amazônia, especificamente em Rondônia, que já registrou casos semelhantes ao que ele disse.
“Não podemos afirmar, porém ao fazer um paralelo na história do Estado de Rondônia com os casos de febre amarela e malária, na época da construção da Ferrovia Madeira-Mamoré, que em função da ocupação e o desmatamento ocasionou não só o surgimento de vírus, mas novas doenças tropicais ou o aumento de novos casos de malária e Leishmaniose”, diz um trecho da resposta da Sedam.
Floresta derrubada
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), fez uma estimativa de taxa de desmatamento na Amazônia Legal Brasileira (ALB), que é composta por nove estados, sendo eles: Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.
A presunção do INPE foi de 13.235 km² de corte raso entre 1º de agosto de 2020 e 31 de julho de 2021. Esse dado representa um aumento de 21,97% em relação à taxa de desmatamento oficializada pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento da Amazônia Legal Por Satélite (PRODES), que em 2020 constatou 10.851 km².
Em uma tabela, o INPE aponta a taxa de desmatamento por estados da ALB em 2021. O Pará, Amazonas, Mato Grosso e Rondônia são os que correspondem a 87,25% do desmatamento estimado pelo instituto.
Para se ter uma noção melhor desses dados, a figura abaixo mostra o mapa das ocorrências de desmatamento estimadas para 2021.
O instituto preparou também uma outra tabela que explica a variação da taxa de desmatamento de cada estado, entre 2020 e 2021. Fica explícito na imagem abaixo que o desmatamento cresceu em todas as unidades federativas. Em Rondônia, o aumento foi de 32,05%.
Vale destacar que os dados apresentados são estimativas do INPE para o PRODES 2021. Isso porque o instituto analisou 106 cenas prioritárias, onde o desmatamento foi maior em 2020. Os valores consolidados serão apresentados nos primeiros seis meses de 2022, quando for analisado todas as 229 cenas que recobrem a ALB.
O que o Governo tem feito?
De acordo com a Sedam, o Governo do Estado atua para acabar com o desmatamento através de operações integradas da Coordenadoria de Proteção Ambiental da Sedam (Copam) e a Verde Brasil.
A secretaria garantiu também que o trabalho de fiscalização acontece com apoio de outros órgãos, como Batalhão da Polícia Ambiental (BPA), Polícia Civil, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), entre outros.
Ainda segundo o Governo de Rondônia, cerca de 2.785 autos de infração foram aplicados somente em 2021. Essas sanções geram quase R$ 600 milhões em multas, segundo a Sedam. Foi informado também, que o Estado realizou ainda cinco operações, que também tiveram resultados positivos.
“Foram desenvolvidas até o momento, 05 operações denominadas Hiléias. A Sedam em conjunto com o BPA, com vista a combater as queimadas e desmatamentos ilegais, onde obtivemos os resultados de 522 infratores autuados, 77.460,5096 hectares de áreas embargadas e aplicação de R$ 409.053.064,25 em multas”.
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