As reportagens foram feitas em aldeia indígena, florestas, madeireira e em órgãos que trabalham com a preservação ambiental
Foto: Divulgação
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As declarações de Jair Bolsonaro antes de assumir a presidência do Brasil, em relação ao meio ambiente e as minorias, como grupos indígenas, quilombolas ou ambientalistas deixaram muita gente dentro e fora do país preocupadas. Ele classificou esses povos como um entrave ao desenvolvimento do país, devido à luta destes para preservar o meio ambiente.
Rondônia por fazer parte da Amazônia, região com uma das maiores diversidades em fauna e flora no mundo, está despertando, ainda mais, a atenção da mídia internacional. O nosso estado e o sul do Amazonas são áreas de muitos conflitos e crimes ambientais que colocam em risco a floresta, grupos indígenas, comunidades tradicionais, rios e pequenos agricultores.
Essa situação fez com que a France 24, um canal estatal de tv da França, que tem canais em francês, inglês, espanhol e árabe decidisse fazer um documentário sobre a atual situação de nossa região.
As jornalistas Valeria Saccone e Louise Raulais estiveram em Rondônia e Amazonas fazendo o documentários sobre a região
Para isso, deslocou duas repórteres para fazer o trabalho, a italiana Valeria Saccone e a francesa Louise Raulais. Elas percorreram várias áreas de Rondônia e do Amazonas, onde puderam traçar um quadro do atual cenário nesses estados. As jornalistas contaram que vieram para conhecer a realidade das reservas ambientais ameaçadas por grileiros.
“Mais concretamente a área dos Uru-Eu-Wau-Wau, que foi recentemente invadida. Também gravamos o trabalho de fiscalização do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade(ICMBio), na Floresta Nacional do Bom Futuro, que está ameaçada por grileiros. Conhecemos uma serraria que trabalha com licença no quilômetro 180, em Santo Antônio do Matupi, no Amazonas. Fomos também a Humaitá, no Amazonas, onde em 2017, foram queimadas as sedes do Ibama, ICMBio e Incra. A sede da Funai também foi incendiada em 2013”, disseram.
IMPACTOS NA FLORESTA
As duas afirmaram que as pressões sobre a Amazônia, o discurso de combate ao “ambientalismo xiita” do atual governo; e as afirmações de que os índios vivem em reservas como se fossem em zoológicos; foram as motivações para virem até a região. “Ou seja, viemos avaliar qual pode ser o impacto no meio ambiente na era Bolsonaro sobre a Amazônia”, explicaram.
Valeria e Louise disseram que a impressão que tiveram nessa primeira viagem a região amazônica, é a de que, dificilmente, irá se conseguir reduzir os índices de delitos ambientais. Isso, devido a um conjunto de fatores, que vão desde o tamanho da região ao pequeno número de fiscais nos órgãos responsáveis pela proteção da floresta.
Paralelamente, elas citaram também a falta de alternativa econômica e de vontade política para mudar essa situação, que não é característica apenas do atual governo. Como exemplos, mencionaram as usinas hidrelétricas de Belo Monte, no Pará, e as de Porto Velho(Jirau e Santo Antônio) que foram feitas nos governos Lula e Dilma Rousseff.
Outro motivo que contribui para os problemas ambientais na Amazônia, na opinião delas, é a falta de alternativa econômica para os trabalhadores dessas regiões. “Como pedir a um garimpeiro de Humaitá ,que não possui estudos, que deixe de mergulhar em busca de ouro, numa área deprimida economicamente e que poderia ser um paraíso de turismo sustentável, capaz de gerar empregos? Isso também acontece em Rondônia. Em geral, todos as pessoas com quem conversamos deram o mesmo diagnóstico: a falta da presença do Estado favorece o ilícito”, afirmaram.
Um dos temas abordado no documentário é a luta dos índios Uru-Eu-Wau-Wau, em RO, contra os invasores das terras da tribo
EUROPA
Perguntadas sobre como a Europa vê a Amazônia, elas disseram que os 27 países que compõem o continente europeu são muito diferentes entre si, mas que existe um consenso de que a fauna e a flora amazônicas merecem ser preservadas. “Porém, duvido que o europeu médio saiba da complexidade e problemas dessa região”, declarou.
Apesar de toda situação problemática que testemunharam durante a elaboração da reportagem, Valéria e Louise dizem que a experiência foi excelente, pois, mostrou também que existem pessoas lutando para preservação da floresta e dos povos que nela sobrevivem.
“Conhecemos um pouco a realidade de uma reserva indígena; a vulnerabilidade desses povos e da natureza; a luta de ativistas engajados como Ivaneide Bandeira, da Associação Kanindé; o trabalho do ICMBio e do Ibama e até a realidade do maior polo madeireiro do Amazonas. Não podemos deixar de lembrar também que os peixes amazônicos são deliciosos”, ressaltaram.
As jornalistas do canal francês afirmaram que o trabalho dos órgãos públicos de fiscalização carece de mais servidores pois a área é muito extensa
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