Documentário sobre lendas do forró terá novas filmagens em Rondônia
Foto: Divulgação
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A equipe do longa-metragem que conta a história de Marivalda Kariri -a cantora mais querida na região Norte durante os anos 80s- retornará para gravar cenas nos garimpos e na capital rondoniense.
Para os garimpeiros das beiras dos rios amazônicos, no meio do trabalho duro e sem um horizonte claro, uma das poucas alegrias era escutar a música de Marivalda Kariri: uma cearense que tinha desembarcado na região para levar alegria musical para um povo trabalhador. Marivalda; uma cantora e compositora que pintou sorrisos nos cansados rostos dos mineiros e garimpeiros do Brasil; volta mais uma vez a Rondônia para dar continuidade ao filme que a retratará junto com os outros “reis” do autêntico forró: Messias Holanda, o cantor que trepou no pé de coco, o sanfoneiro Zé de Manu e o poeta e repentista Pedro Bandeira.
Nascida como Maria Valníria Pinheiro e oriunda do sertão cearense (município de Milhã), Marivalda começou a cantar ainda criança, crescendo num orfanato de Recife. Em 1957 o cantor e compositor Jackson do Pandeiro, ao vê-la cantar na festa de coroação de nossa senhora da capital pernambucana, a convidou para lhe acompanhar. Como ela sabia todas as músicas do seu ídolo paraibano, eles cantaram juntos “O canto da ema” e “Moxotó”. No final, Jackson falou para ela: “você nasceu artista, vá brigar pelo seu espaço. Você perdeu a sua mãe, mas ela está na sua voz”.
A cearense entesoura mais de meio século de carreira, com disco e shows em todas as regiões do país, além de parcerias com nome de peso, dentre eles o próprio Luiz Gonzaga. Ela conheceu Gonzagão durante uma turnê pela Amazônia, em 1976 e foi o próprio Rei quem recomendou a ela ficar trabalhando na região Norte, povoada por filhos de nordestinos. Hoje, com 65 anos de carreira, Marivalda Kariri continua sendo uma das grandes vozes do Ceará e uma das poucas representantes femininas do forró-pé-de-serra no Brasil.
Há mais de 20 anos, Marivalda se apresenta acompanhada pelo Grupo Kariri, uma formação de autêntica música regional, dirigida pelo seu companheiro de música e vida, o músico gaúcho Zeca Costa. O “Kariri” é um trio típico de forró autêntico, que acompanha a cantora no seu esforço por manter viva a chama do verdadeiro som tradicional do Nordeste.
Sendo a primeira artista em misturar música nordestina com humor, Marivalda Kariri destacou-se como compositora e letrista através de canções que convidavam a dançar, mas também a refletir sobre a contraditória realidade das terras ricas, com homens pobres. “Toco cru”, “Mulher de garimpeiro” e “A dança do jumento” são músicas salvas na memória do povo brasileiro, especialmente no de Rondônia, onde Marivalda morou e trabalhou por mais de 15 anos. A cantora afirma estar felicíssima porque, graças à produção de um filme sobre sua vida, ela irá se reencontrar novamente com seu querido povo nortenho.
O FILME DAS LENDAS POPULARES, VIVAS.
Desde 2012 está sendo gravado o documentário “A Rainha e seus Reis de Barro”, um longa-metragem sobre a história de vida e carreira da compositora, junto com a de outros lendários artistas nordestinos que fizeram parte da “época dourada” do forró de raiz e que ainda hoje se encontram em atividade. O engraçado Messias Holanda, o fino repentista Pedro Bandeira, o grande sanfoneiro Zé de Manú e outros notáveis músicos que aparecem ao longo das cenas compõem este documentário que inclusive exporá aqueles shows populares nos garimpos e nas florestas da região Norte.
Com direção da própria Marivalda, esta produção já percorreu quatro Estados brasileiros e continuará suas gravações em Rondônia, rememorando os tempos dos shows nos garimpos, seringais, e na capital Porto Velho. As novas filmagens em Rondônia ocorrerão entre os dias 18 e 26 de Julho; e o longa-metragem prevê sua estreia para os últimos meses de 2014.
“Agradecendo o amor que o povo de Rondônia sempre me demonstrou e sabendo que boa parte das famílias de lá têm raízes nordestinas, parte da intenção do filme é trazer esse povo de volta para o Nordeste, mesmo através das telonas”, afirma Marivalda, idealizadora do projeto.
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