O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Rondônia, o Crea-RO, aderiu ao manifesto pró-preservação, revitalização e manutenção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, um dos maiores patrimônios do Estado de Rondônia. “A campanha é realizada pelo Consócio da Faixa de Fronteira Brasil/Bolívia e conta com total apoio do Conselho”, disse o presidente do Crea-RO, engenheiro civil Nélio Alencar.
Durante a 70ª Semana Oficial de Engenharia e Agronomia, que aconteceu em Gramado, no Rio Grande do Sul, o Conselho reuniu mais de 600 assinaturas a favor do manifesto. “Aproveitamos o maior encontro da nossa área para levar esse manifesto aos participantes do evento, pois, sem dúvidas, a EFMM não é somente um patrimônio histórico-cultural do nosso Estado, mas sim, do nosso país. Rondônia cresceu com grande influência da engenharia e agronomia, atraindo milhares de trabalhadores de todo o mundo. A Estrada de Ferro Madeira Mamoré é um grande exemplo de desenvolvimento com a aplicação das técnicas das áreas ligadas ao Sistema Confea-Crea” disse Nélio Alencar.
EFMM
A EFMM foi a 15ª ferrovia a ser construída no país, tendo as suas obras sido executadas entre 1907 e 1912. Estende-se por 366 quilômetros na Amazônia, ligando Porto Velho a Guajará-Mirim, cidades fundadas pela EFMM. Após duas tentativas fracassadas para a sua construção no século XIX, espalhou-se o mito de que, mesmo com todo o dinheiro do mundo e metade de sua população trabalhando nas suas obras, seria impossível construí-la. O empreendedor estadunidense Percival Farquhar aceitou o desafio e teria afirmado "(...) vai ser o meu cartão de visitas". Ela foi ainda a primeira grande obra de engenharia civil estadunidense fora dos EUA após o início das obras então ainda em progresso no Canal do Panamá. Com base naquela experiência, para amenizar as doenças tropicais que atingiram parte dos mais de 20 mil trabalhadores de 50 diferentes nacionalidades, Farquhar contratou o sanitarista brasileiro Oswaldo Cruz, que visitou o canteiro de obras e saneou a região. A EFMM garantiu para o Brasil a posse da fronteira com a Bolívia e permitiu a colonização de vastas extensões do território amazônico, a partir da cidade de Porto Velho, fundada em 4 de julho de 1907.
“Precisamos resgatar nossa história e a EFMM faz parte dela”, conclui Nélio Alencar, que demonstrou muita satisfação com o número expressivo de assinaturas.