De todas as capitais brasileiras, com certeza Porto Velho é a mais feia, a mais abandonada pelos poderes públicos, por conseguinte a que se apresenta como a mais decadente. Nem a caçula Palmas se compara em termos de infraestrutura com a nossa sofrida cidade. Porto Velho fede. Os esgotos à céu aberto é prova cabal do desleixo e do abandono que ficou relegada pelos governos municipais.
Nas esquinas, onde já é tradição, o portovelhence saborear um bom churrasquinho, batendo papo com amigos, ele se vê obrigado a suportar o odor fétido que vem dos esgotos, se misturando ao tempero do espetinho na brasa, causando um certo desconforto. Essa situação poderia ser evitada, com a implantação de saneamento básico.
As calçadas desta cidade é uma vergonha, quando não estão quebradas, estão tomadas pelo mato, quando nenhuma dessas possibilidades acontecem, são invadidas por vendedores ambulantes ou por estacionamento de carros, dificultando a passagem dos transeuntes, ou o que é mais grave, impossibilitando o deslocamento dos portadores de deficiências especiais.
As ruas de Porto velho não têm sinalização. Nas suas esquinas não nos encontramos, nos perdemos...
O trânsito em nossa capital é um dos mais violentos do mundo, as estatísticas com ocorrências fatais, são estarrecedoras. Corroboram para esse quadro, a indisciplina dos motoristas, a má conservação das ruas, a falta de policiamento, a ausência de um planejamento que envolva engenharia de trânsito, a falta de uma campanha educativa arrojada, principalmente nas escolas, orientando as crianças e os jovens, maiores vítimas desse processo, a se portarem defensivamente nesse nosso trânsito louco, por fim a impunidade que deixa à solta os infratores negligentes, sobretudo os usuários de bebida alcóolicas que dirigem embriagados e colocam em risco a vida dos pedestres.
Porto Velho é esse amalgama de problemas, que a cada dia se avoluma, pelo descaso e negligência dos seus gestores públicos municipais.
A cidade historicamente foi crescendo sem receber dos seus governantes a atenção devida, para que ao tempo e ao cabo, fossem dirimindo suas disfunções, suas tenções. Ao contrário, dada a falta de compromisso, a inexistência de espírito público, os problemas só tenderam a agravar-se.
Tome-se como exemplo a sua ordem de expansão. É um amontoado de agrupamentos esquisitos, sem nenhum ordenamento que atenda minimamente um padrão urbanístico razoável.
A cidade não é respeitada no que tange ao seu código de postura. Cada um à revelia e gosto, engendra os seus arremedos comerciais, e organizam, ou (de)sorganizam seus negócios e vivendas ao largo dos procedimentos aceitáveis de uma convivência harmônica, público/comércio/governo municipal...
A situação não para por aí. O lixo se avoluma pelos bairros abandonados e mal cuidados. O mato campeia pelos terrenos baldios, servindo de esconderijo para a marginalia, colocando em risco a integridade física e moral do cidadão de bem.
Falta iluminação, asfalto, água potável e espaço para o lazer tão necessários ao munícipe mais destituído de recursos.
Proliferam-se os espaços na periferia da cidade que mais parecem favelas dado o grau de ausência de equipamentos públicos. Em fim, poderíamos continuar enumerando as questões desestruturantes de Porto Velho e, ainda assim, não daríamos conta de cotejá-las todas.
Decerto que algumas questões colocadas, não dizem respeito tão somente ao poder municipal, mas requer uma ação mais planejada em consonância com os demais poderes. É uma questão de se estabelecer competências e iniciativas no fazer acontecer a coisa publica. Até lá a conta sobra para quem está no limite mais periférico da cidade, os munícipes mais desprovidos da segurança, do transporte público, da saúde, da educação e da habitação tão caros à sua condição humana.
Como dirão os crédulos: “...E QUE DEUS TENHA PIEDADE DE TODOS NÓS...”
*Edilson Lobo do Nascimento (Professor do Departamento de Economia da UNIR)