O Reino Encantado dos Antas – Por Professor Nazareno
Foto: Divulgação
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Antópolis é um lugar ermo, muito distante mesmo. Longe de tudo e de todos, lá a vida é atrasada e totalmente fora de moda. É também conhecida nos meios diplomáticos como Ladrolândia ou Roubônia. Tem aproximadamente um milhão e meio de habitantes conhecidos por vários nomes diferentes: os pacas, os asnos, os antas, os toupeiras, os bestas e os hienas. Cordiais, aceitam qualquer um desses nomes para denominar o país inteiro. Povo muito trabalhador, hospitaleiro e feliz que se especializou em doar todos os seus recursos para quem vem de fora. A etnia dos antas é majoritária no país e estranhamente um dos pratos típicos do lugar é paca cozida ao leite da castanha. Esta democrática nação é como outro país qualquer quando o assunto é política, já que lá existem os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Um paraíso.
Trezentos mil habitantes do lugar, ou seja, 20 por cento de toda a população é muito pobre, miserável mesmo e sobrevive bem abaixo da linha da pobreza. Pobre, mas muito feliz em produzir riquezas para dar “de mão beijada” aos enganadores. O Poder Legislativo do país é uma piada e cuja nova sede está sendo construída onde antes funcionava um circo. Entre uma legislatura e outra, vários deputados se especializaram em roubar descaradamente as muitas verbas que seriam destinadas aos hospitais públicos e ao precário sistema de saúde. Alguns destes larápios são ligados a algumas Igrejas, já que o povo de Antópolis é muito religioso e ama os seus líderes. A capital do país é uma carniça só, mas o povo adora a cidade e diz que não viveria um único dia longe do odor de fezes, bichos mortos e esgoto podre. Quase tudo é sujo e fedorento.
Os antas são um povo excessivamente pacífico e não reclamam de nada. Muitos dos seus jovens em vez de protestar pela terrível situação em que vivem, passam o dia inteiro como imbecis nas redes sociais postando asneiras e futilidades. Toda vez que são explorados fazem muita festa. O “Campo de Extermínio de Pobres” deles, que mais se parece com um hospital de pronto-socorro, vive lotado de pacientes, quase todos pobres, claro, implorando atendimento que nunca recebem. Embora esparramados pelo chão, afirmam: “Somos felizes porque o nosso dinheiro serve para encher os bolsos dos nossos representantes”, orgulham-se muitos dos doentes à beira da morte. “Não fossem nossas amadas autoridades, como seríamos notados no mundo lá fora?” indagam outros, já amarelados, alguns dentes podres, cheios de perebas e frieiras na boca.
A corrupção é endêmica na terra dos antas. A única universidade pública está em greve há quase três meses por melhores condições de trabalho, já que a sujeira é constante por lá. Sujeira no campus e na burocracia também. Há denúncias de desvios de muitos milhões para a felicidade geral. Já na Câmara de Vereadores da capital de Antópolis, por exemplo, tem até aulas práticas para as crianças aprenderem o mesmo trabalho dos políticos. Uma das vereadoras daquela casa se esmera em ensinar o ofício para cada “antinha” que quer mudar de vida. Os edis da capital vivem em paz com o Prefeito do lugar. Os “antas” esperam ansiosos pelo dia em que vai dar uma chuva de bosta, conforme fora prometido por alguns políticos mais experientes. Será o êxtase, a redenção total. Nesta data, muitos gostariam de estar vestidos com a melhor roupa.
Antópolis já teve muitos mandatários, todos de fora. E quase todos eles sempre prometem fazer jorrar mel e leite das fedorentas ruas do lugar. Claro que todo mundo acredita. Todo tipo de doença já extinta no resto do mundo existe neste incrível país para a alegria da população. É um dos únicos países do mundo cuja mídia tem cor: é marrom e sobrevive quase sempre de subsídios oficiais. Os muitos escândalos quase sempre são divulgados pela imprensa de fora e ninguém sabe o porquê. As propagandas veiculadas são lindas e induzem o povo a exigir respeito. Dizem também que não será mais exibida pornografia para as famílias antenses. Sim, porque nada é imoral em Antópolis. A Assembléia Legislativa dos antas é como uma igreja, um lugar santo, a “casa do povo” e repleta de coroinhas. Por não existirem intelectuais nem cultura, nunca se saberá por que é tão fácil desviar dinheiro público neste país. No Reino dos Antas estão construindo viadutos, passarelas, pontes, estradas, hospitais, hidrelétricas e toda a infra-estrutura para o país progredir, só não boas escolas e universidades, mas nada é superfaturado. Não é incrível? Quem não é feliz em morar num lugar paradisíaco deste?
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