O projeto de sondagem da poluição sonora em Porto Velho, que está sendo realizado em parceria entre Faculdade São Lucas (Curso de Fonoaudiologia) e Prefeitura (Secretaria do Meio Ambiente), foi um dos destaques do Seminário Ruído Urbano, Saúde Pública e Meio Ambiente, no auditório do Campus Universitário da Faculdade São Lucas. Segundo a professora Isabel Cristiane Kuniyoshi, coordenadora da Clínica de Fonoaudiologia da Faculdade São Lucas, o projeto tem como objetivos verificar o nível de pressão sonora produzido pelo ruído urbano nas cinco zonas da cidade de Porto Velho; subsidiar informações para a melhoria da qualidade ambiental e de vida na Capital, além de indicadores para a elaboração do relatório de qualidade do meio ambiente de Porto Velho; subsidiar parâmetros para os programas de benfeitorias da Prefeitura, além de programas educacionais voltados à causa; e propiciar um instrumento que sirva como base para estudos vindouros relacionados aos efeitos dos níveis sonoros obtidos, assim como para o monitoramento destes níveis.
Com esse propósito, no período de 20 de julho a 13 de agosto, foram feitas medições no entorno de escolas, hospitais, tráfego, comércio, postos de combustível e casas noturnas, em cada uma das zonas definidas, totalizando 18.000 leituras. De acordo com Isabel Kuniyoshi, os dados prévios apresentados durante o Seminário Ruído Urbano, Saúde Pública e Meio Ambiente são alarmantes porque todos os níveis de ruído excederam o que as normas de conforto acústico e sossego público recomendam. Os níveis do ruído de trânsito, por exemplo, chegaram a 80dBA que é o limite de risco para a audição da população exposta. “Entretanto, níveis abaixo disto já podem acarretar dificuldade de sono, irritabilidade, estresse, dor de cabeça e dificuldade de concentração, dentre outros fatores. Há que se pensar em medidas coletivas de controle do ruído, bem como programas educativos com a população”, acentuou a professora. Os resultados foram discutidos pela Sema (Secretaria Municipal do Meio Ambiente), Sedam (Secretaria Estadual de Desenvolvimento Ambiental), BPA (Batalhão de Policiamento Ambiental) e MPE (Ministério Público Estadual) durante o seminário.
Para a professora Isabel Kuniyoshi, as questões abordadas durante o seminário foram decisivas para que sejam formuladas propostas para o enfrentamento dos problemas decorrentes da poluição sonora no município. “Alcançamos o primeiro objetivo que é debater sobre o ruído urbano e os efeitos da poluição sonora na saúde da população. É preciso definir o que fazer para minimizar o problema”, disse a docente, demonstrando grande preocupação quanto aos riscos de surdem em crianças e adolescentes. “Os pais costumam vigiar o que seus filhos assistem, mas esquecem os riscos do ruído em escala que pode causar a surdez”, acentuou.
O Doutor Stephan Paul, engenheiro acústico e coordenador nacional da campanha do dia internacional de conscientização sobre o ruído, observou que o ruído urbano é mais frequentemente causado por caminhões e ônibus urbanos. “O ruído é um caso de saúde pública e faz-se necessário um alerta à saúde auditiva. Precisamos estar atentos quanto à responsabilidade de cada um de nós para o controle do ruído”, disse. Segundo Stephan Paul, a reeducação ambiental pode contribuir para resolver a questão da poluição sonora. Ele acrescentou que as normas deficientes da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) quanto à acústica contribuem para o agravamento do problema em todo o país. O seminário contou com a presença do secretário adjunto de Meio Ambiente do município, Flávio Moraes, que esteve acompanhado de técnicos da área ambiental da Sema. O seminário foi prestigiado pelo Professor Doutor José Dettoni, Diretor Acadêmico da Faculdade São Lucas.