De fato, não houve campanha até agora para a realização do tal Plebiscito. Uma eleição sem nenhuma informação para o eleitor. O TRE de Rondônia se limitou a dizer apenas o óbvio...
Foto: Divulgação
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Existe uma crença generalizada e não comprovada de que no Brasil mais de 80% do eleitorado vota, mas não sabe votar. Os 20% restantes são, dessa forma, reféns da maioria burra, estúpida, semi-alfabetizada, ignorante e alienada. Particularmente sempre achei que esses números estão errados: na nossa realidade devem existir muito mais eleitores que não sabem o real valor do voto dentro de uma sociedade democrática. Acreditando-se nestes números fictícios, seriam mais de 104 milhões de “cabeças-ocas” a decidirem os destinos da nação. Como vivemos numa democracia, os 26 milhões de eleitores restantes aceitam as regras do jogo democrático a que estamos submetidos.
Porto Velho tem um pouco mais do que 253 mil eleitores. E todos sem exceção devem no próximo domingo, dia 28 de fevereiro, comparecer às urnas para votar. Como se já não bastasse o tédio e o incômodo de uma eleição a cada dois anos, todos os eleitores porto-velhenses somos obrigados a participar de duas eleições num ano só. E o pior é que a sensação que se tem é a da realização de apenas uma eleição e meia. Em outubro, uma eleição de verdade quando vamos eleger o Presidente da República, alguns Senadores, Deputados Federais, Deputados Estaduais e Governadores dos estados. Domingo, uma eleição que parece de mentirinha para “alforriar” uma vila que Porto Velho e seu prefeito Roberto Sobrinho não souberam administrar e por isso querem se livrar daquela gente.
A eleição para a emancipação da Vila de Extrema e de toda a Ponta do Abunã, se não é um engodo, uma farsa é uma piada de mau gosto, uma brincadeira com o eleitor daqui. De fato, não houve campanha até agora para a realização do tal Plebiscito. Uma eleição sem nenhuma informação para o eleitor. O TRE de Rondônia se limitou a dizer apenas o óbvio, o que todo mundo já sabia: todo eleitor inscrito
Pelo que se vê e comenta, a campanha pelo ‘SIM’ é a que tomou mais corpo. Hoje conta com apoio de praticamente todos os partidos e de lideranças políticas, como o governador Ivo Cassol, o prefeito Roberto Sobrinho, o senador Valdir Raupp, o deputado estadual Valter Araújo (PTB), e até mesmo dos pré-candidatos ao Governo, Confúcio Moura (PMDB) e Expedito Junior (PSDB), que já declararam apoio à criação do novo município, além de deputados federais, estaduais e vereadores. Ou seja, “se toda unanimidade é burra” como afirmou Nelson Rodrigues, têm-se razões de sobra para desconfiar deste apoio unânime e das intenções dessa gente. Governador e Prefeito defendendo os mesmos interesses? Estranho. Será que há algo por trás disso tudo e nós eleitores nada sabemos?
O povo da Ponta do Abunã merece todo o respeito e consideração das autoridades de Porto Velho e de Rondônia. Merece ser atendido nas suas justas reivindicações, mas essa secessão é um absurdo, uma estupidez, uma excrescência. Quem diz que ama Rondônia deveria votar pelo NÃO. Alguém acha justo perder futuramente para o Acre toda aquela rica região só porque não tivemos competência para administrá-la? Sem nenhuma informação, sem saber o porquê de votar em qualquer uma das propostas, sem debater nada, os mais de 253 mil eleitores de Porto Velho podemos nos transformar em “eleitores-otários” e concordar “às escuras” com a classe política local, a mesma que “devolve o dinheiro do povo”. Vamos agora, para alegria dos políticos, depois dessa, pertencer aos 80% do eleitorado, aqueles mais burros.
*O professor Nazareno leciona na Escola João Bento da Costa
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!