EMANCIPAÇÃO: A DOR DO PARTO
Autor: Francisco Marquelino Santana.
O grito heróico nasce destemido
A bolsa estoura rumo á liberdade
A mãe carece da sua imortalidade
O filho sofre torturado, agredido
O seu peito sangra, está ferido
O sangue brilha sob o corte da navalha
O povo grita: fora migalhas de pão!
A mãe precisa de sua emancipação
A mãe não pode ser vencida na batalha.
Quantos tombaram á revelia da Nação
Castigados no mais cruel abandono
O rei Menés não quer perder o seu trono
Pois seu fisco quer mais arrecadação
Que saudades de uma constituição
Que autorize o parto acontecer
A mãe grita: - a quem posso recorrer?
Quem poderia te ajudar não te ajudou
Quem poderia te amar não te amou
Foi outra mãe que não quis te socorrer.
Cumplicidade, morosidade e negligência
Covarde tríade que fere a cidadania
Mulher, nós só queremos autonomia
Porque queres nosso povo á penitência?
Que essa dor não maltrate a consciência
Nem te cause no peito amargura
Democracia com sabor de ditadura
Fez outra mãe agonizar triste no quarto
A mãe agora padece na dor do parto
Lamentando mais cruel assinatura.